sexta-feira, 30 de abril de 2010

A decisão do STF sobre anistia

OAB, ONGs e até a ONU condenam decisão do STF sobre anistia



O grupo de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional condenou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Lei da Anistia, que perdoa crimes cometidos tanto por agentes do Estado durante o regime militar assim como por opositores do regime punidos pela legislação da época. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também condenou a decisão do STF. Para a OAB, o STF adotou o “discurso do medo” para tomar sua decisão. Até a ONU criticou a decisão e pediu o fim da impunidade no Brasil.

“A decisão coloca um selo judicial de aprovação aos perdões estendidos àqueles no governo militar que cometeram crimes contra a humanidade”, afirmou o pesquisador da Anistia Internacional para o Brasil, Tim Cahill, em comunicado.

“Isto é uma afronta à memória dos milhares que foram mortos, torturados e estuprados pelo Estado que deveria protegê-los. Às vítimas e a seus familiares foi novamente negado o acesso à verdade, à justiça e à reparação.”

Em seu comunicado, a Anistia Internacional também criticou o Brasil por não seguir o exemplo de países vizinhos como Argentina, Chile, Bolívia e Uruguai que, de acordo com o grupo, levaram à Justiça acusados de crimes contra os direitos humanos durante os regimes militares nessas nações.

Na avaliação da Anistia Internacional, a decisão do STF, tomada na quinta-feira, deixa o Brasil em desacordo com leis internacionais que não permitem exceções para crimes de tortura e execuções extrajudiciais.

O Supremo decidiu, por 7 votos a 2, rejeitar uma ação impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil que pedia uma revisão da lei de 1979.

Na ação, a OAB questionou se a Lei da Anistia se aplicava aos torturadores, pois considera que o crime de tortura não se inscreve entre os “crimes políticos e conexos” previstos naquele texto e, por conseqüência, não poderia ficar impune.

O entendimento do relator do caso no STF, ministro Eros Grau, foi de que não cabia ao STF legislar sobre uma revisão da Lei da Anistia, tarefa que, segundo ele, caberia ao Legislativo.

Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Victória Grabois classificou de “lamentável” o voto do relator pelo arquivamento do processo, que foi seguido pela maioria dos integrantes da Corte. “Tínhamos esperança. Eros Grau foi preso na ditadura”, disse Victória.


Para OAB, STF perdeu o bonde da história

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, afirmou em nota que o STF “perdeu o bonde da história’’ ao não revisar a legislação para que torturadores fossem punidos. “Lamentavelmente, o STF entendeu que a Lei de Anistia (6.683/79) anistiou os torturadores, o que, ao nosso ver, é um retrocesso em relação aos preceitos fundamentais da Constituição e às Convenções Internacionais, que indicam, de forma muito clara, que tortura não é crime político, mas crime comum e de lesa-humanidade, sendo portanto imprescritível”, disse o presidente nacional da OAB, criticando duramente a decisão.

Ele reconheceu, contudo, que não houve surpresa na decisão, já que pessoas ligadas ao Judiciário já teriam adiantado a derrota. “Isso demonstra o conservadorismo do Supremo. Isso demonstra o conservadorismo da sociedade”, disse Cavalcante.

Ophir entende que a “OAB fez a sua parte, ao exercer a cidadania na sua plenitude, interpretando o sentimento da sociedade, que queria que essa questão, fosse debatida”. E acrescentou: “A decisão do Supremo reproduz o discurso daquela época sombria em que se vivia sob o medo e sem liberdade. Caberá a história julgar a decisão do Supremo”.


ONU pede fim da impunidade

A principal autoridade das Nações Unidas para direitos humanos, a sul-africana Navi Pillay, também criticou nesta sexta-feira (30) a decisão do Supremo e pediu o fim da impunidade no Brasil. “Essa decisão é muito ruim. Não queremos impunidade e sempre lutaremos contra leis que proibem investigações e punições”, disse a alta comissária da ONU para Direitos Humanos.

No ano passado, durante sua primeira visita ao Brasil, Pillay já havia alertado que o País precisava “lidar com seu passado”. Há dois meses, em um encontro com o ministro de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, voltou a falar do assunto em Genebra, dando apoio a iniciativas que levassem a um fortalecimento da idéia de interpretar a Lei de Anistia à luz das leis internacionais de direitos humanos.

Pillay, que foi também quem julgou os casos de crime de guerra no Tribunal da ONU para Ruanda, confirmou que havia sido informada da decisão do Supremo e não disfarçava que a decisão não havia sido bem recebida na ONU. “Fiquei sabendo sobre isso hoje pela manhã”, disse, em tom de desagrado.

Ela se diz surpresa com o fato de o Brasil estar seguindo uma direção diferente ao que ocorre na Argentina e outros países latino-americanos em termos de investigações contra os responsáveis por torturas durante os regimes militares.

No Comitê contra a Tortura da ONU, os peritos independentes também não pouparam críticas à decisão do Supremo Tribunal Federal. O Comitê é formado por juristas de reconhecimento internacional, vindos de todo o mundo.

“Isso é incrível e uma afronta. Leis de anistia foram tradicionalmente formuladas por aqueles que cometeram crimes, seja qual for o lado. É um auto-perdão que o século XXI não pode mais aceitar”, afirmou o jurista espanhol do Comitê da ONU, Fernando Mariño Menendez. “O Brasil está ficando isolado. Parece que, como na Espanha, as forças que rejeitam olhar para o passado estão prevalescendo”, disse, insinuando uma crítica também à situação em seu país onde o juiz Baltazar Garzon pode perder seu posto diante da tentativa de abrir os arquivos da Guerra Civil, há mais de 70 anos.

“Há um consenso entre os órgãos da ONU de que não se deve apoiar ou mesmo proteger leis de anistia. Com a decisão tomada pelo Supremo brasileiro, o País está indo na direção contrária à tendência latino-americana de julgar seus torturadores e o consenso na ONU de lutar contra a impunidade”, afirmou o perito contra a tortura da ONU, o equatoriano Luis Gallegos Chiriboga.

Ele lembra ainda que não há prescrição para os crimes de tortura. “Sociedades que decidem manter essas leis de anistia, seja o Brasil ou a Espanha, estão deixando torturadores imunes à Justiça que tanto se necessidade para superar traumas passados”, disse.

Outro perito do Comitê contra a Tortura, o senegales Abdoulaye Gaye, também mostrou ontem sua indignação. “Não há justificativa para manter uma lei de anistia. Se uma Justiça decide mante-la, isso é um sinal de que não quer lidar com o problema da impunidade”, afirmou.

Na ONU, cresce a pressão para que leis de anistia sejam abolidas em todo o mundo. Há poucos meses, a entidade recomendou à Espanha que julgasse finalmente os crimes cometidos na Guerra Civil. Sobre o Brasil, o tema da anistia está na agenda da ONU há uma década. Em 2001, um comitê da ONU sugeriu pela primeira vez ao governo brasileiro que reavaliasse sua lei de anistia. Os peritos já deixaram claro que o Brasil não conseguiria esclarecer seus problemas em relação à tortura e superar a impunidade se não lidasse com seu passado.

Da redação,
com agências



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O Papel do Itamaraty no mundo 2 - O artigo completo

“O mundo gosta dos brasileiros e do que eles representam”

Um Ministério do Sol
Tradução da leitora Marina Veiga

Uma rede de embaixadas crescendo rapidamente e um uso inteligente de sua cultura significam que o Brasil está fazendo amigos em todo o mundo. É só uma forma de conseguir um  assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas ou uma nação emergente tentando mudar a ordem mundial?

Repórter
AndrewTuck, de Brasília
Fotógrafo
André Vieira


Em março, o presidente do Brasil, Luiz Inacio “Lula” da Silva e Celso Amorim, seu ministro de Relações Exteriores há seis anos, embarcaram em um vôo em Brasília destinado a Israel, territórios palestinos e Jordânia. Era a primeira vez que um líder brasileiro visitava a região desde que o imperador do país, Dom Pedro II, viajara até lá em 1876. Em maio, a dupla somará mais milhagens ao visitar o presidente Mahmoud Ahmadinejad do Irã.

Enquanto isso, em Brasília, eles tem demonstrado hospitalidade diante de uma porta giratória de agentes globais como a Secretária de Estado americana Hillary Clinton que, em uma visita de março, falhou na sua tentativa de conseguir o apoio do Brasil para novas sanções contra o Irã e seu programa nuclear. E Ahmadinejad também esteve aqui – sua visita foi vista pela mídia iraniana como “uma derrota séria para os sionistas”.

Está claro que o Brasil se tornou um intrigante agente no palco diplomático mundial, flexionando seus jovens músculos e usando seus cotovelos para gentilmente abrir espaço entre as velhas potências, especialmente os Estados Unidos, quando nescessário. E essa nova confiança é amparada em um boom de novas embaixadas e na expansão do corpo diplomático. Mas o que o Brasil quer de tudo isso?

Para alguns comentaristas ocidentais (e a classe média brasileira), o país está se colocando um pouco perto demais do Irã, Venezuela e China e negligenciando parceiros comerciais importantes (leia-se Estados Unidos e Israel) para, por razões políticas, tenta rearranjar seus canais diplomáticos com as capitais de nações emergentes. Outros pensam que o Brasil está simplesmente buscando o respeito que esta Nação florescente e rica em recursos merece e a promoção de novas alianças como contrapeso ao poder americano. Do que todos estão certos é que o Brasil quer ser ouvido e sua ambição-chave é conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Um diplomata europeu em Brasília disse à Monocle que tudo o que o Brasil faz deve ser visto a partir dessa ótica.

O pessoal que mapeia os novos caminhos diplomáticos tem sua base no Ministério das Relações Exteriores ou Palácio do Itamaraty, como é chamado – ele leva esse nome por causa da sua antiga sede no Rio de Janeiro, quando a cidade ainda era a capital. Desenhado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, agora com 102 anos de idade,  o “novo” palácio é maior que qualquer dos ministérios vizinhos em Brasília, assim como seu poder — todos os outros se curvam aos seus desejos. Os ministérios das Minas e Energia e do Comércio muitas vezes fazem  sua política apenas em nível nacional; assim, quando o Brasil mandou sua comitiva à Conferência sobre Mudanças Climáticas, ela respondeu ao Itamaraty.

O Ministério também tem certa liberdade em relação à máquina política, seus empregados são diplomatas civis de carreira, inclusive Amorim (no entanto, todos acreditam que, por sua proximidade de Lula, Amorim vai embora quando terminar o mandato do presidente em janeiro).

O jovial embaixador Gilberto Fonseca Guimarães de Moura (um embaixador continua com o título mesmo quando retorna à base em Brasília) é o diretor de Mecanismos Interregionais, o que o coloca na liderança das relações em tudo, de Ciência a Assuntos Sociais, com uma longa lista de siglas e abreviaturas. Talvez as mais importantes sejam as ligações entre o Brasil e a parte RIC dos BRICs (Rússia, Índia e China), IBAS (Índia, Brasil, África do Sul) e ASPA (países Sulamericanos e Árabes).

Em seu organizado escritório no ministério, ele fala com orgulho de seu trabalho e dos numerosos eventos, conferências e grupos de trabalho em que está envolvido. “É um novo mundo e estamos construindo uma coisa nova. Não estamos mudando relações bilaterais importantes, mas criando uma nova  diplomacia interregional”, diz Moura.
 
Seu departamento também está envolvido em promover a herança árabe brasileira – o país conta com 12 milhões de pessoas com raízes árabes: 10 milhões do Libano, 2 milhões da Síria. (Gilberto também diz que o país tem 150 mil judeus e que os dois grupos se dão bem). O departamento ajudou a montar recentemente a comemoração pelos 130 anos da chegada dos árabes ao Brasil. “Os portugueses e espanhóis não poderiam ter chegado aqui sem a tecnologia árabe de navegação”, ele me diz.

Essa atitude deve agradar aos amigos do Brasil no Oriente Médio (no seu tour por lá, Lula falou que era hora de conversar com o Hamas, que o programa de assentamentos de Israel estava apagando “a chama da esperança” e que procuraria um tratado de livre comércio com a Autoridade Nacional Palestina). Mas Moura parece mais entusiasmado com assuntos mais práticos, de projetos ambientais a maneiras de conseguir usinas de dessalinização. “Nos sentimos muito à vontade no mundo”, ele diz.

Também fica claro que novos laços estão sendo forjados quando eu me espremo dentro do escritório forrado de livros de Antonio Augusto Martins César, o cabeça da divisão África I, e aproveito bem os cafés adocicados que ele me serviu. Em um mapa atrás de sua mesa, César aponta para sua área de interesse, que começa no Congo-Brazzaville e vai até o norte ao Marrocos, tomando toda a África ocidental. Antes um deserto para as missões brasileiras, sob Lula esta região viu seu número de embaixadas ter um boom – Bamako, Malabo e Lomé sao agora o lar de diplomatas brasileiros (em Brasília, ajuda ter um atlas ao alcance das mãos quando você é informado sobre os detalhes de seu novo posto diplomático). Serra Leoa pode ser o próximo.

César fala que os novos laços diplomáticos foram primeiramente estreitados com aquelas nações com as quais o Brasil tinha laços culturais (incluindo os paises lusófonos como Angola, que abriga 30 mil brasileiros), mas que o Brasil é recebido de braços abertos em todo o mundo pois “as pessoas olham para nós como um país que passou por situações e problemas semelhantes, mas que conseguiu superá-los”. Mas os céticos acreditam que essas novas embaixadas são apenas uma forma de angariar novos votos para se um dia aquele assento na ONU ficar disponível (muitos países ocidentais também dariam apoio para que o Brasil, junto com outros membros do G4 – Alemanha, Índia e Japão – se tornassem membros permanentes do Conselho de Seguranca). Mas, como a grande maioria das pessoas que conhecemos no ministério, Cesar parece simplesmente interessado em fazer novas conexões, não política cotidiana (apesar de dizer que essas conexões melhorariam se as companhias aéreas estabelecessem alguns outros vôos entre o Brasil e a África).

A chique Mariana Moscardo de Souza está ocupada com ligações do chefe quando vamos descobrir como a Nação está usando seu poder suave. “Só diplomatas são movidos a acordos comerciais”, brinca Souza, que dirige a divisão de promoção da cultura brasileira. Ela tem razão. Ao contrário do que acontece com debates econômicos, fazer o público se engajar com a cultura brasileira não é uma tarefa difícil – da música ao futebol, o mundo está aberto a esse lado do Brasil. Colocando simplesmente, o mundo gosta dos brasileiros e do que  eles representam. “Eu comecei trabalhando no setor cultural no momento em que isso se tornou um assunto importante para o ministério, começou a ter peso e agora ocupa uma parte especial da agenda política”, disse ela.

Souza trabalha com embaixadas e consulados brasileiros, ajudando-os a formar os seus calendários culturais em tudo, de música a arquitetura. Uma das jogadas de maior sucesso do ministério foi a Amrik, uma exposição de fotografias celebrando a cultura árabe na América do Sul, que já visitou a Argélia,o Egito, a Jordânia, a Síria e o Líbano. O Brasil se tornou hábil em usar sua cultura rica para fazer amigos.

Alguns dias mais tarde, no Rio de Janeiro, eu encontrei Raul Juste Lores na Livraria da Travessa em Ipanema. Fica na cidade por alguns dias antes de começar seu novo trabalho como editor de economia e negócios do jornal mais importante do Brasil, Folha de S. Paulo. Foi correspondente por dois anos em Pequim, vivendo realmente o laço com o briC. Mas está tão intrigado quanto cético com essas novas ligações, especialmente com o BRIC, termo cunhado pelo economista da Goldman Sachs Jim O’Neill, mas que tem agora vida própria.

“O BRIC se tornou realidade mesmo sendo um conceito muito raso. Mas foi ajudado pela crise global, que empurrou para adiante esses países, enquanto o poder dos Estados Unidos, Europa e Japão encolheu. Eu vi isso acontecer quando estava na China. No começo, ninguém do alto escalão do Partido Comunista queria ser entrevistado por mim – eu poderia muito bem estar a serviço de um jornal boliviano – mas dois anos depois, eles me ofereciam toda a sorte de entrevistas, pois queriam acesso ao Brasil”, disse ele.

Sobre o papel que o Brasil tem, Lores fala que Lula empurrou a economia para a direita e a política externa para a esquerda. Ele nota um desejo real de “redesenhar o mundo” e vê um sentimento antiamericano em jogo. E, insiste Lores, isto mostra-se eficiente num país em que muita gente tem uma duradoura e profunda desconfiança em relação aos Estados Unidos. “Na Segunda Guerra Mundial, o Brasil mandou milhares de tropas, mas no pós-guerra foi totalmente negligenciado pelos Estados Unidos, enquanto os outros aliados foram ajudados economicamente. Depois, os Estados Unidos apoiaram a ditadura militar. O povo se lembra disso”.

Porém, mesmo que o Itamaraty tenha jogado suas cartas com finesse, Lores acredita que Lula deu vexames, como quando sugeriu que os confrontos nas ruas de Teerã depois da contestada eleição presidencial pareciam uma briga de torcidas, quando comparou os dissidentes cubanos a criminosos comuns e disse que a greve de fome não deveria servir de pretexto para sair da prisão (um diplomata no ministério diz que as pessoas, especialmente fora do Brasil, esquecem que Fidel Castro foi um verdadeiro herói para muitos brasileiros durante os anos da ditadura milirar, e mesmo que saibam que ele agora não é bom, nunca o atacariam).

“Lula não é nem de longe um especialista em assuntos internacionais. Ele é apenas incrivelmente carismático e inteligente. Às vezes acaba dizendo a coisa errada – o que disse sobre Cuba foi pornográfico – mas as pessoas perdoam seus erros”, diz Lores. Pós-Lula, nos perguntamos se alguém conseguiria escapar ileso com tais declarações.

Por telefone, de Washington, Michael Shifter, o presidente do Programa Andino do Diálogo Interamericano e um comentarista sobre assuntos da América Latina, nos dá a sua impressão sobre a nova diplomacia brasileira. “É a expressão de uma busca mais profunda por um papel maior no palco mundial. Um assento no Conselho de Segurança é um objetivo muito claro, mas há também uma intenção de se estabelecer como uma potência global. Para mostrar que chegaram lá”.

Mas ele vê obstáculos à frente. O que pode acontecer depois que Lula sair do poder, o fato de que o Itamaraty só pode brigar apoiado em uma economia forte e, interessante, o alerta de diversos países latinoamericanos em relação ao Brasil. “Eles tem medo que os Estados Unidos se retirem e deixem o Brasil comandar a política externa. Eles querem multiplicar suas opções, não querem ficar sob a vontade do Brasil”.

Alethea Pennati Migita lida com um lado divertido do novo lugar do Brasil no mundo. É secretária de Protocolo no Itamaraty, outro papel que teve um repaginamento total sob Lula. O presidente não gosta de jantares à francesa, prefere almoços à americana. Isso está dentro do escopo de Migita, pois o Itamaraty é o anfitrião em todas as visitas de chefes de Estado – o presidente vem de seu palácio. E como Brasília vem se tornando uma capital cada vez mais importante para os líderes mundiais, os eventos são cada vez mais frequentes.

“Teremos dez chefes de Estado por aqui no próximo mês”, diz Migita. E, aparentemente, presidentes e monarcas se viram muito bem ao receber um prato e a informação de que devem se servir sozinhos ( pelo menos uma vez podem comer o que quiserem). E, como Migita nos diz, “casa muito bem com o jeito do presidente”. Cabe também como metáfora para a nova diplomacia do palácio: talvez um pouco problemática para os  tradicionalistas, estranhamente nova para outros, certamente quebrando algumas regras. Mas tudo feito com charme brasileiro, o que no final das contas deveria deixar poucos se sentindo ameaçados.



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Cartão elo renasce para atingir baixa renda; vai ser uma marca genuinamente brasileira e com aspirações internacionais

Cartão elo renasce

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A elo, uma das primeiras bandeiras de crédito do mercado brasileiro, criada e extinta na década de 70 por um pool de 23 bancos, teve o seu renascimento decretado ontem por Bradesco e Banco do Brasil. As instituições se uniram numa nova holding para integrar parte das suas operações de cartões e lançar uma marca genuinamente brasileira, mas com aspirações internacionais. A meta é em cinco anos abocanhar uma fatia de 15% do mercado, mais de 100 milhões de cartões, para uma base estimada em 800 milhões. As sinergias previstas em processamento, compartilhamento de retaguardas e com a economia de royalties pagos à Visa e à MasterCard são de R$ 1 bilhão.


O ponto de partida para o negócio foi o aumento da participação dos dois bancos na Cielo e na Visa Vale, adquirindo as fatias que estavam nas mãos do Santander Espanha. Juntos Bradesco e BB ficaram com 57,3% da Cielo e 90% da Visa Vale. "Seria impossível se não tivéssemos fortalecido o núcleo de controle na maior rede de adquirência no país", comentou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. A escala existente, de mais de 1 milhão de estabelecimentos comerciais credenciados ativos, o fim da excluvidade da Visa com a Cielo a partir de julho e a nova configuração do setor com terminais multibandeiras é que trouxeram viabilidade econômica para o negócio, enumerou. A previsão é de que os primeiros cartões elo sejam emitidos em seis meses, disse o presidente do BB, Aldemir Bendini.

A elo vai reunir ativos de mais de R$ 15 bilhões, somando-se as respectivas participações na Visa Vale e eventuais incorporações de parcerias de "private label" com lojistas. O Bradesco ficará com uma participação de 50,01% e o Banco do Brasil com 49,99%, tornando-a uma empresa de controle privado, mas com gestão compartilhada, como tem preferido o BB em seus negócios recentes. Debaixo dessa empresa não operacional, duas outras holdings estão sendo estruturadas: uma instituição financeira para acomodar algumas parcerias de "private label" e gerir a nova bandeira nacional; e um braço de administração e serviços, que vai absorver as participações na Visa Vale, com os serviços de cartões pré-pagos, além de uma promotora de vendas para oferta da bandeira elo a clientes não bancarizados. Nenhum dos dois bancos vai colocar dentro da elo as respectivas bases de clientes já existentes.

Há planos de transferir para a elo as ações da Cielo detidas pelos bancos, mas tal reestruturação depende da aprovação dos acionistas da credenciadora. O capital em circulação da Cielo no mercado corresponde a 42,7%.

A elo começa a ser credenciada pela Cielo, mas nada impede que outras adquirentes, como a Redecard ou o a GetNet, passem a capturar a nova bandeira, comentou o vice-presidente de cartões e novos negócios do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli. E, apesar de nascer nacional, a marca pode extrapolar as fronteiras e já há até ofertas para isso, acrescentou o diretor da área de cartões do Bradesco, Marcelo Noronha. Outros bancos que operam no país poderiam passar a emitir a bandeira.

Na largada, os cartões elo serão ofertados para clientes de menor renda e que não estão ainda na base de clientes de BB e Bradesco. "Vamos atuar de baixo para cima, o cartão terá uma natureza simplificada, será um genérico do mercado de cartões", resumiu Trabuco. Os orçamentos para expansão da base das bandeiras internacionais também será mantido, assegurou Caffarelli.

Dependendo das contribuições dos dois bancos com parcerias de "private label", pode haver algum aporte de capital pela diferença de valor dessas operações, comentou o diretor de cartões do BB, Denilson Molina.



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O Brasil é um dos 15 maiores investidores em P&D

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação: Brasil é um dos 15 maiores investidores

Os dispêndios em P&D passaram de US$ 6,64 bilhões (1,3% do PIB) em 2000, para US$ 20 bilhões (1,43% do PIB) em 2008.

Brasil na rota global de P&D

Por Ricardo Camargo Mendes – VALOR

Para o National Science Board (NSB), o Brasil é um dos 15 maiores investidores em P&D

Nas últimas duas décadas, o mundo assiste ao redesenho do mapa de investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I). Nesse processo, está diminuindo a concentração dos recursos aplicados nos e pelos países desenvolvidos, e aumentado os registrados nas economias em desenvolvimento. No entanto, há diferenças relevantes nesse último grupo, chamando a atenção para a necessidade de aplicação, pelo Brasil, de uma estratégia para fazer o melhor proveito possível do movimento em curso.

http://inovacao.scielo.br/img/revistas/inov/v3n1/a24img03.jpgTal movimento deve-se a diversos fatores, sendo um dos principais a inclusão de P&D&I nas políticas de desenvolvimento de vários países. Para incentivar a produção do conhecimento que é capaz de se transformar em bem ou serviço de maior tecnologia e valor agregado, esses países adotaram medidas em diferentes áreas. E empresas inovadoras que procuram reduzir custos e acessar novos processos de pesquisa não tardaram a reconhecer, nessas economias, oportunidades de investimento.

O Science and Engineering Indicators 2010 do National Science Board (NSB), dos Estados Unidos, mostra a descentralização em P&D. Em 2007, América do Norte e União Europeia respondiam por 63% do US$ 1,1 trilhão em investimentos mundiais nessa área, ante 71% em 1996. O principal ganho foi da Ásia/Pacífico, que subiu de 24% para 31%, em boa parte devido à China e tigres asiáticos. A fatia do resto do mundo subiu de 5% para 6% (2,6% são da América Latina e Caribe).

As multinacionais dos EUA são outro indicador importante. Em 1995, cerca de 90% dos investimentos em P&D de suas afiliadas (mais de 50% de capital dos EUA) foram em países europeus desenvolvidos, Canadá e Japão. Em 2006 foram 80%. Enquanto isso, as filiais na China, Coreia do Sul e Cingapura puxaram a participação da Ásia, excluído o Japão, de 5,4% para 13,5%. China e Índia, que em 1994 respondiam por menos de US$ 10 milhões cada, passaram a contar com US$ 800 milhões e US$ 310 milhões, respectivamente. No Brasil foram US$ 570 milhões, a maioria no setor automobilístico.

Para o NSB, o Brasil é um dos 15 maiores investidores em P&D. De fato houve um salto no país, que também identificou nessa área chances de acelerar seu desenvolvimento. Segundo o governo, os dispêndios em P&D passaram de US$ 6,64 bilhões (1,3% do PIB) em 2000, para US$ 20 bilhões (1,43% do PIB) em 2008. Isso reflete ações como as leis de patentes (1996), que foi um divisor de águas em P&D, a da Inovação (2004), a Política de Desenvolvimento Produtivo (2008), a criação de órgãos como a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a reestruturação de outros como o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Reflete também a liberação de recursos do governo e investimentos do setor privado. Com isso tudo, áreas de destaque global estão surgindo, incluindo a de saúde e biotecnologia, além da consolidação de outras, como a de tecnologia verde e de exploração petrolífera. Isso se comprova ainda pelos temas predominantes nos artigos brasileiros em publicações indexadas.

O que esses e muitos outros dados demonstram, portanto, é que o Brasil responde aos estímulos para gerar e exportar conhecimento produtivo. Mas o país deve agora avaliar os resultados obtidos desde a implantação da lei de patentes e estabelecer diretrizes para o futuro. Ainda há tempo para correções de percurso, evitando que fiquemos para trás na corrida global do conhecimento.

As travas à maior competitividade que já podem ser identificadas têm solução. Um exemplo: falta uma estratégia que coordene as ações dos atores envolvidos em P&D&I dentro e fora do governo, o que é possível de ser feito. Isso resolveria outras questões, como o temor de algumas empresas de usar a lei da Inovação para desoneração de impostos. Como a definição de inovação na lei é ampla, teme-se que o fisco não aceite a aplicação feita. Outro exemplo são incertezas referentes à proteção da propriedade intelectual, causadas em grande parte devido ao posicionamento adotado pelo Brasil em fóruns internacionais.

Há espaço para incrementar a parceria empresas/universidades, reconhecida internacionalmente como produtiva. A parceria cresceu, mas continua em nível que impede que boa parte da produção dos cientistas atinja o mercado. A co-operação entre países – como entre governo/governo, governo/empresa, empresa/empresa, universidade/universidade e empresa/universidade – também deve ser estimulada.

Os financiamentos para P&D aumentaram, porém é necessário mais, porque os inovadores lidam com investimentos elevados e de alto risco. Os investimentos em inovação pelas filiais dos EUA no Brasil mostram áreas ainda pouco exploradas e que podem ser atrativas, como a de serviços científicos e a indústria farmacêutica.

Outro ponto crucial é educação. Nossas universidades são um foco importante de produção científica. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) diz que em 2006, os Bric (Brasil, Índia, Rússia e China) formavam 50% mais doutorandos que a OCDE. Mas outros dados nessa área mostram diferenças. Segundo o NSB, de 1980 a 2000, a fatia de China de pessoas com terceiro grau passou de 5% para 11% do total mundial. O da Índia subiu de 4% para 8%. O Brasil ficou estagnado em 2%.

O Brasil está amadurecendo rapidamente em P&D&I e por isso deve ter uma estratégia para utilizar melhor suas capacidades competitivas. O mais preocupante é que estamos perdendo terreno em diversos aspectos para vários asiáticos. Poucas são as economias em desenvolvimento com atrativos como a nossa – como estabilidade econômica e política, segurança nas regras de propriedade intelectual e presença de empresas multinacionais no mercado há mais de cem anos. Por isso, aqui dentro é preciso equacionar os gargalos para a inovação e, no exterior, é fundamental promover esses ativos.

Ricardo Camargo Mendes é mestre em
Relações Internacionais pela Universidade
de Cambridge e sócio-diretor da Prospectiva
Consultoria em Negócios Internacionais.



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Luís Inácio Lula da Silva, por Michael Moore para a revista “Time”

Publicado em 29/04/2010 por Ana Helena Tavares
Foto do presidente: Marco Grob / Time

Luís Inácio Lula da Silva


Por Michael Moore, cineasta*, em 29 de Abril de 2010 para a revista “Time” (texto traduzido** diretamente do original em inglês)

Quando os brasileiros elegeram pela primeira vez Luiz Inácio Lula da Silva presidente em 2002, os magnatas, ladrões do país, checaram nervosamente os medidores de combustível de seus aviões particulares. Eles haviam tornado o Brasil um dos lugares mais desiguais da Terra e agora parece ser hora de devolverem tudo.

Lula, 64 anos, foi um filho genuíno da classe trabalhadora da América Latina – na verdade. Um membro fundador do Partido dos Trabalhadores, que uma vez foi preso por liderar uma greve.

Com o tempo, Lula ganhou a presidência. Depois de três tentativas frustradas, ele já havia se tornado uma personalidade familiar na vida nacional brasileira. Mas o que o levou à política, em primeiro lugar? Seria o seu próprio conhecimento do muito que os brasileiros têm de trabalhar só para sobreviver? Seria o fato de ter sido forçado a abandonar a escola no 5º ano para sustentar sua família? Seria por ter trabalhado como engraxate? Seria por ter perdido parte de um dedo num acidente na fábrica?

Foto: Marco Grob / Time Não, foi quando, com 25 anos, ele viu sua mulher, Maria, morrer durante o 8º mês de gestação, junto com o filho que trazia no ventre, porque não podia pagar por um tratamento médico decente.

Há aqui uma lição para os bilionários do mundo: deixem as pessoas terem boa saúde, que elas causarão menos problemas para vocês.

E aqui está uma lição para o resto de nós: a maior ironia da presidência de Lula – ele foi eleito pela 2ª vez em 2006 e ficará até o final deste ano – é que mesmo que ele tente colocar o Brasil no 1º mundo, com programas sociais do governo como o “Fome Zero”, destinado a acabar com a fome, e com planos para melhorar a educação, disponibilizando-a para os membros da classe trabalhadora do Brasil, os Estados Unidos, a cada dia, se parecem mais com o antigo 3º mundo.

O que Lula quer para o Brasil é o que costumávamos chamar de “Sonho Americano”. Em contraste, nós nos Estados Unidos, onde 1% da população agora possui mais valores financeiros do que 95% do restante, estamos vivendo numa sociedade que está rapidamente se tornando mais parecida com o Brasil.

(*) O último filme  de Michael Moore chama-se “Capitalismo: Uma história de amor”.

(**)Como não veio de nenhum programa de tradução automática, este texto traz a interpretação de quem o traduziu, Maria do Céu Ribeiro, professora de inglês há 35 anos. Sem falar que é minha mãe e já há muito eleita tradutora oficial deste blog.



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terça-feira, 27 de abril de 2010

Jogo sujo na rede

Por Leandro Fortes, na CartaCapital,
 Nassif, via site do TSE

NA MANHÃ da segunda feira 19, o publicitário Marcelo Branco, contratado para coordenar a campanha de Dilma Rousseff na internet, não sabia, mas estava prestes a encarnar o papel de Davi. Na noite do mesmo dia, menos de 24 horas depois de colocar no ar um jingle para comemorar 45 anos de existência muito semelhante ao slogan de campanha do PSDB, a Globo iria capitular a um movimento iniciado justamente por uma mensagem postada por Branco no Twitter, o microblog que se tornou febre no mundo. “Jingle de comemoração dos 45 anos da TV Globo embute, de forma disfarçada, propaganda pró-José Serra”, avisou o tuiteiro, antes das 10 da manhã. Poucas horas depois, o comercial estava fora do ar.

“O Golias piscou”, comemorou, em seu blog pessoal, o Tijolaço.com, o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), herdeiro político do avô, o ex-governador do Rio Leonel Brizola, que lutou até morrer, em 2004, contra o poder da família Marinho. O pedetista fez mais barulho, inexplicavelmente, do que o PT. Isso porque, com o Twitter de Branco, os petistas venceram a primeira batalha da guerra que se anuncia, sem quartel e sem trégua, na internet durante a campanha eleitoral. Até o departamento jurídico da emissora entrou em campo para precipitar o fim da campanha publicitária. Segundo Ricardo Noblat, jornalista da casa, advogados da empresa consultaram o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, e chegaram à conclusão de que o melhor era interromper a exibição do comercial.

O desfecho da histórica ilustra bem como vão funcionar estratégias montadas por todos os partidos, mas, sobretudo, entre petistas e tucanos, cujo alvos são as chamadas redes sociais da internet (Twitter, Orkut, Facebook e YouTube), que acumulam cerca de 60 milhões de usuários . Com o auxílio de especialistas, a rede tem sido mapeada de forma a estabelecer modelos de comportamento e de perfil dos usuários. Isso inclui análise permanente dos blogs, a partir de referências positivas, negativas e neutras. Tudo organizado e transformado em relatórios quase diários para os comandos das campanhas.

No caso do PT, os assessores dizem pretender usar a web para disseminar o verdadeiro currículo de Dilma Rousseff, em contraposição à famosa ficha falsa do Dops, veiculada primeiramente pela Folha de São Paulo, depois de circular por sites de extrema-direita e imundar, em forma de spam, e-mail por todo o País. A ideia é mostrar, por exemplo, que a ex-ministra nunca participou diretamente da luta armada, nunca foi terrorista e foi condenada pelos tribunais da ditadura por crime de “subversão”, a dois anos de cadeia — embora tenha sido esquecida na prisão, onde ficou por três anos. De resto, suberversivos eram considerados todos que contestatavam a legitimidade do regime ditatorial, entre eles José Serra e o ex-presidente Fernando Henrrique Cardoso.

Quem cuida do contúdo de internet para o PSDB é Arnon de Mello, filho do ex-presidente, atual senador e aliado recente de Lula, Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Arnon é um dos donos da Loops Mobilização Social e se apresenta como economista formado pela Universidade de Chicago e mestrado em Harvard, diretor do jornal Gazeta de Alagoas e funcionário do banco americano Lehman Brothers, epicentro da mais grave crise econômica mundial desde o crack de 1929. Um de seus sócios é João Falcão, ex-secretário de cultura de Olinda (PE), filho de Joaquim Falcão, ex-diretor da fundação Roberto Marinho e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Falcão pai também é um dos autores do livro DR. Roberto, de 2005, uma biografia autorizada do falecido dono das Organizações Globo.

A Loops foi a responsável, na internet, pela campanha do deputado Fernando Gabeira (PV) à prefeitura do Rio de Janeiro, em 2008. Gabeira acabou derrotado pelo atual prefeito, Eduardo Paes, do PMDB. O parlamentar verde, contudo, deverá contratá-la outra vez, desta feita para a campanha ao governo estadual. Por enquanto, a Loops se dedicará à captação de doações e ao monitoramento de informações divulgadas na internet sobre Serra, sobretudo, às que circulam no ambiente das redes sociais. A empresa não terá plena autonomia na campanha tucana. Estará subordinada à agência de publicidade digital Sinc, do empresário paulista Sérgio Caruso, ligado ao publicitário José Roberto Vieira da Costa, o Bob, homem de confiança do ex-governador. O nome de Caruso foi avalizado pelo ex-deputado do PSDB e atual presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), Márcio Fortes, um dos responsáveis pela arrecadação de fundos no comitê serrista.

O PSDB ainda mantém outras frentes na internet. Participam da tropa virtual as empresas Knowtec e Talk Interactive. A primeira, com sede em Florianópolis, tem uma longa lista de serviços prestados ao antigo PFL, atual DEM, por meio de uma ligação histórica com o ex-senador Jorge Bornhausen. Em Brasília, tem como cliente a Confederação Nacional de Agricultura, presidida pela senadora Kátia Abreu. Quando o PFL mudou de nome em 2007, o novo portal do partido na internet foi montado pela Knowtec.

As duas empresas são administradas pelo mesmo executivo, o engenheiro Luiz Alberto Ferla. Jovem e atual conselheiro político da Juventude DEM, Ferla está à frente do Instituto de Estudos Avançados (IEA) de Florianópolis, ONG dona de um contrato de 4,6 milhões de reais com a prefeitura de São Paulo assinado sem licitação. O contrato prevê uma consultoria voltada à reformulação do portal de notícias da prefeitura paulistana, obra que, no fim das contas, saiu por cerca de 500 mil reais. Após o contrato vir a público, o prefeito Gilberto Kassab decidiu cancelá-lo.

A Knowtec foi a primeira empresa brasileira a ir aos Estados Unidos, no ano passado, em nome dos tucanos, para tentar contratar os marqueteiros virtuais que fizeram sucesso na campanha do presidente democrata Barack Obama. Joe Rospars, da Blue State Digital, e Scott Goodstein, da Revolution Messaging, acabaram, porém, por fazer uma opção ideológica. Preferiram negociar com a Pepper, de Brasília, para então fechar um contrato de consultoria para o PT. Alegaram não trabalhar em campanhas de partidos conservadores. Desde então, a dupla tem aparecido na capital federal para opinar na estrutura de internet da candidatura petista. Em 2008, Rospars e Goodstein conseguiram que Obama arrecadasse, via internet, 750 milhões de dólares, por meio de 31 milhões de doadores (93% doaram até cem dólares).

Tudo indica que os marqueteiros de Obama se livraram de uma fria. A Knowtec está entre as companhias de tecnologia de informática investigadas pelo Ministério Público Federal no escândalo de corrupção do Distrito Federal. Em 1° de outubro de 2008, quando ainda era o orgulho do DEM e cotado para vice na chapa de Serra, o ex -governador José Roberto Arruda assinou com a Knowtec, via Secretaria de Comunicação Social, um contrato de 8,7 milhões de reais. A função da empresa era cuidar do portal de notícias do governo.

Os responsáveis pelo contrato foram os jornalistas Weligton Moraes e Omésio Pontes, assessores diretos de Arruda na área de Comunicação. A dupla foi flagrada alegremente no festival de propinas filmado pelo delator Durval Barbosa. Moraes, chefe do esquema de publicidade do governo distrital, foi preso por participar da tentativa de suborno de uma testemunha do caso. Ficou 60 dias no presidio da Papuda, até ser solto recentemente. Pode ser o próximo a fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal.

De acordo com documentos levantados por CartaCapital no sistema de acompanhamento de gastos do Distrito Federal, apesar de o contrato ter sido de 8,7 milhões de reais, a Knowtec já embolsou 12,6 milhões. Como o prazo final do contrato é somente em 1° de outubro de 2010, é possível que a empresa ainda receba mais dinheiro nos próximos seis meses. Segundo dados do Siggo, há ao menos uma nota de empenho ainda pendente, no valor de 700 mil reais.

Loops, Sinc, Knowtec e Talk Interactive formam a parte visível da estratégia de campanha virtual do PSDB, mas há um fator invisível que, antes mesmo de ter se tornado efetivo, virou um problema. E atende pelo nome de Eduardo Graeff. Atual tesoureiro nacional do PSDB, Graeff é um tucano intimamente ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi secretário-geral no Palácio do Planalto e para quem, até hoje, redige discursos e artigos. Também é muito ligado a Eduardo Jorge, a quem sucedeu na Secretaria-Geral da Presidência. Os dois estão na origem da desastrosa reunião de apoio político, realizada no apartamento de FHC, em março, entre o ex-presidente e o ex-governador Joaquim Roriz, causa de grande constrangimento na campanha de Serra.

No ano passado, Graeff ficou responsável pela montagem de um núcleo interno com vistas a elaborar um projeto de campanha virtual para as eleições de 2010. O tesoureiro foi escolhido por ser espécie de guru da web no ninho tucano, graças a um site mantido por ele, desde 2003, o “eagora”, que tanto pode ser interpretado como “Ágora eletrônica” como pelo sentido da pergunta “e agora?”, segundo informações da página na internet.

Graeff organizou um grupo de tuiteiros e blogueiros para inserir mensagens na rede social da internet, inicialmente com conteúdo partidário a favor da candidatura de Serra. A realidade, no entanto, tem sido outra. Em vez de militantes tucanos formais, a rede de Graeff virou um ninho de brucutus que preferem palavrões, baixarias e frases feitas a qualquer tipo de debate civilizado. O objetivo dessa turma é espalhar insultos ou replicar mentiras na rede mundial de computadores. Não que do lado petista não prolifere um pessoal do mesmo nível a inundar a área de comentários de portais e blogs com a mesma falta de criatividade e torpeza. Termos como “tucanalha” ou absurdas teses conspiratórias fazem sucesso entre essa esquerda demente. Mas nada se compara, até agora, à ação orquestrada do lado da oposição.

Em consequência dessa estratégia, a assessoria jurídica de Serra o teria aconselhado a se afastar de Graeff e impedir que o nome do ex-secretário seja associado, organicamente, à campanha presidencial.

Ao menos um site ligado ao PSDB, replicado no Twitter, é assumidamente voltado para desqualificar o PT, o governo do presidente Lula e a candidatura de Dilma Rousseff. Trata-sedo”Gente que mente” , mantido, segundo a direção do PSDB, por “simpatizantes” do partido. Na verdade, o site é criação de Cila Schulman, ex-secretária de Comunicação Social do governo do Paraná durante as gestões Jaime Lerner (DEM), entre 1994 e 2002. Cila trabalhou ainda na campanha de Kassab e presta serviços à presidência nacional do DEM. É filha de Maurício Schulman, ex-presidente do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH) durante o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), e último presidente do Bamerindus, banco falido em 1994 e incorporado ao HSBC.

Na equipe do PT, coube a Branco elaborar uma rede de comunicação virtual tanto para controlar conteúdo como para neutralizar a ação de trogloditas e hackers. Para se ter uma ideia, apenas nos três primeiros dias de funcionamento do site da presidenciável petista , lançado na rede na segunda-feira 19, foram registrados 7 mil ataques de hackers, sem sucesso, baseados em um servidor registrado na Alemanha — expediente clássico da guerrilha virtual. Por enquanto, ainda não é possível identificá-los, mas os petistas registraram os IPs (identificadores dos computadores usados).

Uma semana antes, o site do PT havia sido invadido, “pichado” com mensagens pró-Serra e reprogramado de modo a direcionar os usuários para o site do PSDB. Em seguida, foi a vez da página do PMDB. Acusados pelos petistas de terrorismo virtual, os tucanos contra-atacaram com um pedido à Polícia Federal para investigar o caso e deixar o assunto em pratos limpos. Os tucanos atribuem aos petistas a estratégia de se fazerem de vítimas e colocar a culpa nos adversários.

Um dos sites clássicos utilizados contra a pré-candidata do PT é o “Porra Petralhas” , repleto de baixarias, mas focado, em comum a outras páginas do gênero, em colocar em Dilma Rousseff a pecha de “terrorista” e “inexperiente”, coincidentemente, duas teclas sistematicamente repetidas pela mídia nacional. O site não tem autor conhecido. Também no Twitter, o “Porra Petralhas” atua de forma massiva, sempre com xingamentos e acusações. A foto utilizada no perfil insinua um beijo na boca entre Dilma e Hugo Chávez, presidente da Venezuela, dentro de uma moldura de coração. Dois outros perfis de microblog, “Dilma Hussein” e o conhecido “Gente que Mente”, ajudam a desqualificar a candidata nas redes sociais. Um “retuíta” o outro, como se diz no jargão da internet.

Procurado por CartaCapital, Graeff mandou dizer que não vai se manifestar sobre o assunto. De acordo com Carlos Iberê, assessor de imprensa do PSDB, o ex-secretário participou apenas da formação do núcleo interno que discutiu a questão da campanha da internet e agora se dedica exclusivamente à função de tesoureiro. Cila Schulman não foi encontrada. A assessoria de Luiz Alberto Ferla informou não saber de “nada oficial” a respeito dos contratos ou do papel da empresa na campanha.
Fonte do Post:

Leia mais do jogo sujo dos Neoliberais:
 Leia um pouco sobre a gestão de Lula:




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Os bastidores da pesquisa Datafolha - Entendendo o caso DataFolha

Para entender o caso Datafolha

Os bastidores do caso Datafolha começam a aflorar.

Alguns dias antes do lançamento da candidatura José Serra, correu a informação de que o Instituto Sensus divulgaria sua pesquisa no mesmo dia. Poderia ser o anticlímax para Serra.

Dias antes, o Sensus passou a levar tiros da Folha, tentando desqualificar a pesquisa antes de saber o resultado. Um repórter foi incumbido de ouvir os donos do Instituto. Percebendo o jogo, ele informou que, devido às chuvas no Rio, os resultados sairiam após o dia do lançamento da candidatura Serra.

Em vão. Os tiros prosseguiram e a velha mídia começou a deixar pistas pelo caminho. O Datafolha preparou uma pesquisa de emergência, não programada. O Jornal Nacional anunciou que, dali para frente, só divulgaria resultados do IBOPE e do Datafolha.

Saiu o resultado do Datafolha, chamando a atenção geral, a ponto de ser colocado em dúvida pelos próprios jornalistas da Folha. Em vez de jogar com margens de erro em todos os estados, para beneficiar a candidatura Serra, o Datafolha jogou toda a variação no sul. E aí escancarou os erros cometidos, abrindo margem para fortes suspeitas de manipulação da pesquisa.

Foi o mais desgastante episódio na vida do instituto – que conquistou credibilidade nos anos 80 ao fazer o contraponto ao IBOPE.
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15/04/2010 – 08:23

Datafolha e os dados eleitorais do sul

Observe na análise do Gunther o seguinte desempenho dos candidatos no sul, comparando com as últimas pesquisas Datafolha e Sensus:

  • A pesquisa polêmica do Datafolha (de 26 de março) foi crucial para o lançamento da candidatura José Serra. Segurou aliados que poderiam se debandar, criou um novo alento para a campanha – que só se esboroou com as últimas pesquisas Vox Populi e Sensus.
  • Pouco antes, o Jornal Nacional anunciara que passaria a divulgar apenas pesquisas do Datafolha e do IBOPE. E, dias antes da divulgação das pesquisas Vox e Sensus, a Folha iniciou campanha de descrédito delas – mesmo antes de conhecer o resultado.
  • No Datafolha de 26 de março, Serra subiu 12 (!) pontos no sul em relação à pesquisa do IBOPE de 9 de março e 10 (!) pontos em relação ao Datafolha de um mês antes, sem nenhum fato novo relevante que pudesse explicar a mudança.
  • Tirando esse calombo, no histórico das diversas pesquisas percebe-se Serra caindo sistematicamente no sul desde novembro, quando estacionou em 39%, mantendo-se assim em fevereiro. Depois entra em queda de um ponto no Datafolha e de dois no IBOPE (dentro da margem de erro?), mas consolidando-se a tendência de queda no Vox Populi e no Datasensus.
  • No caso de Dilma, observa-se a tendência  crescente, saindo de 14 pontos no IBOPE de 14 de setembro para 34 pontos no IBOPE de 9 de março. Aí vem o Datafolha e derruba para 20%. Nas duas pesquisas seguintes – Vox Populi e Sensus – volta-se à tendência original de 33% e, depois, o salto para 40% do Sensus.
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Como o Datafolha manipulou as amostras para aumentar o número de Cidades pesquisadas no Estado de São Paulo tudo em prol de favorecer Serra

18 de abril de 2010

Quando Dilma reduziu para 4% sua diferença para Serra na pesquisa de fevereiro de 2010, o Datafolha, misteriosamente, mudou seu plano de amostragem, aumentando as cidades paulistas que compõem a amostragem de 25 para 55 (mais que dobrou).

Nas demais estados, onde José Serra não é popular, como no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o número de cidades pesquisadas continuou praticamente o mesmo, com variações mínimas.

Clique na imagem para aumentar




Questionado pelo Terra Magazine, sobre a fraude na pesquisa de Março demonstrada por este nosso blog (o plano amostral registrado no TSE declarou seguir dados do IBGE, no entanto a amostragem não seguiu o plano), o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, negou e tentou uma explicação parcial:

"Sempre que nós colhemos as amostras para ter um resultado também por Estado, há aumento no número de entrevistas", diz. "Mas isso não significa que o resultado final não seja ponderado para que represente cada Estado".

Segundo o Terra Magazine: "Em outras palavras, afirma Paulino, o número de cidades paulistas na pesquisa aumentou devido à pesquisa sobre preferência eleitoral para o governo de São Paulo, feita paralela e simultaneamente ao levantamento presidencial."

A emenda ficou pior do que o soneto.

A explicação acima é referente à pesquisa de protocolo 6617/201 registrada no TSE.

Lá está escrito com todas as letras:

Área de abrangência: Nacional
Cargos: Presidente,





Não foi registrado no TSE nada sobre pesquisa para governador de São Paulo neste protocolo. Só diz que o cargo pesquisado é para presidente, o que comprova que, a ser verdade o que diz o diretor, informações foram sonegadas ao TSE.

No questionário protocolado no TSE sob número 6617/20, as palavras "São Paulo" sequer aparecem. Muito menos há qualquer pergunta a respeito da intenção de voto para o governo paulista.

A íntegra do questinário do Datafolha em PDF pode ser verificado nesta cópia aqui ou acessando o sítio do TSE, informando o protocolo 6617/20,clicando sobre este protocolo e procurando na tela o texto: "Clique Aqui para baixar o Questionário".
Fontes do Post:




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Lei de Copyright da India determina que cópia para uso pessoal é lícito

Índia autoriza cópia para uso pessoal


Lei de Copyright da India determina que cópia para uso pessoal é lícito

Enquanto o mundo caminha para leis de copyright cada vez mais rígidas, obedecendo o lobby da indústria, a Índia dá um passo na direção certa.

A cópia privada, para uso pessoal, passa a ser “lícita” (como o “fair use” nos EUA). A lei também permite contornar restrições digitais para uso pessoal. Por exemplo, você pode quebrar a proteção de seu IPad para mover livros para o Kindle, ou vice-versa. Também torna legal fazer, distribuir e vender ferramentas para fazer isso.

http://www.boingboing.net/2010/04/22/indias-copyright-bil.html



Fonte do post:
Blog Luis nassif

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O projeto de Belo Monte

O Papel do Itamaraty no mundo

A revista Monocle traz um artigo interessante sobre o papel do Itamaraty no mundo.

Com um certo exagero, diz que a diplomacia do verde-amarelo está substituindo a do vermelho-azul-e-branco. Se considerarmos que os Estados Unidos estão muito ocupados com duas guerras e meia (Iraque, Afeganistão e Paquistão) e o Brasil ampliou rapidamente sua presença diplomática e seu peso relativo no mundo (estou devendo um post para vocês sobre o papel que a Embrapa está jogando na África), quem sabe um dia… Seja como for, a Monocle decidiu vir ao Brasil, conhecer de perto o Itamaraty.

E levantou questões muitos interessantes na reportagem, que saiu na capa sob o título


“A ascensão de Brasília: afiando a política externa do Brasil”.



Ao definir o Itamaraty como “ministério do Sol”, a revista pergunta: “Uma rede de embaixadas em rápida expansão e o uso inteligente da cultura significam que o Brasil faz amigos em todo o mundo. É só a tentativa de conquistar um assento no Conselho de Segurança ou uma nação emergente tentando mudar a ordem mundial?”.

Um outro trecho que me chamou a atenção diz respeito à opinião de um analista norte-americano que diz que existem obstáculos no caminho do Itamaraty, dentre os quais a dúvida sobre o que vai acontecer depois que Lula deixar o poder, o fato de que diplomacia forte depende de economia forte e, segundo o analista, o medo dos vizinhos do Brasil de que os Estados Unidos se retirem da região.

“Eles querem multiplicar suas opções, não querem ficar sujeitos ao poder do Brasil”, diz ele.

Aqui eu acho que o analista traz um preconceito de origem: ele acha que o Brasil age em relação aos vizinhos da mesma forma que os Estados Unidos sempre agiram. Ou será que ele está certo? Quantos golpes o Brasil patrocinou na vizinhança?

Aliás, na região fronteiriça de paises como o Paraguai, a Bolívia e o Uruguai, especialmente, o ressentimento contra a penetração cultural brasileira existe.

Este tema me fascina especialmente agora, depois que fiz várias viagens à África e li vários livros sobre a presença chinesa na África, dentre os quais destaco China Into Africa, organizado por Robert Rotberg, e China Safari, de Serge Michel e Michel Beuret.

Diante das acusações de que praticam neocolonialismo em território africano (de onde a China importa hoje mais de 15% de todo o petróleo que consome), os chineses respondem com grandes obras públicas de impacto social e uma leva de mercadorias baratas que permitem a milhões de africanos, muitos dos quais dependentes da agricultura, entrarem no mercado de consumo.

Questionados por europeus e pelos Estados Unidos, especialmente pelo apoio a regimes como o do Sudão e do Zimbábue, os chineses remetem à história do colonialismo e argumentam: embora os chineses tenham chegado muito cedo à África, através do Índico, nunca estiveram aqui para ocupar território, escravizar gente ou impor sua cultura.

Independentemente de considerar se o argumento é válido ou não, trata-se da versão chinesa da “diplomacia cultural”, “entre iguais”.

Os chineses, por seu tamanho específico, podem se dar ao luxo de exercê-la na África.

Ao se projetar no mundo, o Brasil deve à vizinhança um cuidado muito especial. No curso da campanha eleitoral, os candidatos devem ter cuidado para não se deixar levar por ideias alopradas, daqueles que:
  • 1. Por paixão política, deixam de reconhecer o novo protagonismo brasileiro no mundo;
  • 2. Por paixão ideológica, deixam de reconhecer que a posição brasileira num mundo multipolar requer a finesse histórica do Itamaraty e a calibragem das relações com os Estados Unidos para usá-las em nosso favor quando for do interesse nacional;
  • 3. Por servilismo, querem saber antes o que pensa Washington;
  • 4. Por ignorância, desprezam 900 milhões de consumidores na África (leiam Africa Rising, do professor Vijay Mahajan, que mostra como grandes empresas redesenharam seus produtos para se expandir lá) ou o fato de que o centro do mundo, ainda que lentamente, se desloca para a Ásia.


Para ir ao site da Monocle, clique aqui.


Assista abaixo um balanço feito pelo Ministro das Relações Exteriores Celso Amorin dos 7 anos do Governo Lula






Fonte do Post:



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