domingo, 30 de maio de 2010

GASTOS DO GOVERNO FEDERAL SERÃO DIVULGADOS DIARIAMENTE

Receitas e despesas do governo serão publicadas diariamente

From: TVNBR | 27 de maio de 2010


Mais transparência nos gastos públicos. União, estados e municípios com mais de 100 mil habitantes devem garantir ao cidadão acesso detalhado às depesas governamentais. É o que determina a Lei da Transparência. 
Assista o vídeo abaixo como será feita a publicidade dos gastos do Governo Federal a partir de agora.


Hoje (27/5) é o último dia para governos estaduais e municipais se adaptarem à nova regra. A Controladoria-Geral da União anunciou as medidas para implementação da lei e também apresentou uma nova ferramenta de consulta no Portal da Transparência.
 Fonte do post:
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sábado, 29 de maio de 2010

SOBRE A FICHA LIMPA

Sou contra o instituto da "ficha limpa" tal com ela está. Há muito tempo venho lendo sobre esta peleja e não vi uma única alma se posicionar contra tal regramento, isso até hoje.

São várias as preocupações que tenho sobre o tema, e hoje, várias delas foram corroboradas. Em  uma de minhas leituras diárias na blogosfera, me deparei com um artigo no sempre inteligente blog "Vi o Mundo" de Luiz Carlos Azenha. Nele, Azenha replica um texto escrito por Aurélio Weissheimer recheado de citações e muito bem referenciado.

Em uma de suas citações - pertencente a um professor de Direito Penal na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Túlio Vianna - eu encontrei referência à principal preocupação que tenho com tal lei da ficha limpa:
“Se o tal projeto Ficha Limpa for aprovado, o que vai ter de político sendo processado criminalmente só para ser tornado inelegível… Achei que o art.5º LVII exigisse trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
 Túlio Vianna
E a citação continua:
"Se o “ficha-limpa” não fere a presunção de inocência, é pior ainda, pois vão tolher a exigibilidade do cidadão mesmo sendo inocente. Êh argumento jurídico bão: nós continuamos te considerando inocente, mas não vamos te deixar candidatar mesmo assim! Que beleza! Ou o cara é presumido inocente ou é presumido culpado. Não tem meio termo. Se é presumido inocente, não pode ter qualquer direito tolhido”.
  Túlio Vianna

No mesmo texto escrito por Aurélio Weissheimer tem outra citação que aponta outra falha que me preocupa:

"Muitos dos corruptos brasileiros possuem “ficha limpa” – especialmente os mais espertos, que não deixam rastros. Por outro lado, uma lei do tipo na África do Sul não teria permitido a eleição de Nelson Mandela, cuja “ficha suja” envolvia condenação por “terrorismo”. Várias lideranças sindicais brasileiras possuem condenações em segunda instância por “crimes” que envolveram participação em greves ou em lutas populares; devemos impedir que se candidatem?"
Marcos Rolim, jornalista e ex-deputado federal


E tem outro fato que não foi abordado nas leituras que fiz e foi muito bem citado no texto:

“Se pessoas com “ficha suja” não podem se candidatar, por que mesmo poderiam votar?... E a imprensa? Condenações em segunda instância assinalam uma “mídia ficha suja” no Brasil?”
Marcos Rolim, jornalista e ex-deputado federal

Como se sabe, não dá mais para confiar na mídia hoje apelidada de PIG...




E o Judiciário não fica atrás pois tem em seu bojo pessoas com a citada no vídeo abaixo...




Esta lei, a meu ver, veio mais para atrapalhar o estado de direito do que para ajudar. Quem tiver aliados na justiça, na mídia, na polícia, em fim em instituições que lhe permita "criar" um fato que incrimine um oponente seu, poderá usar a tal lei da ficha limpa para derrubar politicamente seu opositor que estará automaticamente impedido de se candidatar. E isso já vem ocorrendo. O próprio texto relata exemplos disto quando cita:

"no Rio Grande do Sul e em São Paulo lideranças sindicais estão sofrendo condenações por protestos realizados contra os governos dos respectivos estados. Já não estão mais com sua ficha limpa. Os governantes dos dois estados, ao contrário, acusados de envolvimento em esquemas de corrupção, de autoritarismo e de sucateamento dos serviços públicos seguem com a ficha limpíssima."
Aurélio Weissheimer

Termino minhas ponderações a respeito da tal "ficha limpa" repetindo um trecho de texto de Weissheimer  em que ele indaga: "É este o caminho? Uma aberração político-jurídica vai melhorar nossa democracia?"


Clique aqui para ler a prova de minhas preocupações a respeito da Ficha limpa.



Fontes do Post:

Leia mais sobre o jogo nas campanhas de 2010 vários conluios entre a mídia e políticos







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Brasil rejeita versão de que Obama orientou o acordo com o Irã

Na realidade os EUA nunca quiseram fazer acordo com o Irã. Os EUA tentaram "melar" o acordo negociado pelo trio Brasil - Irã - Turquia, sob a coordenação do Brasil, e não conseguiram .
Como tudo indica que o mundo está mais propenso em aceitar o acordo, os Americanos querem, agora, inverter o jogo se posicionando - com a ajuda do PIG, nacional e mundial - como se fosse o real responsável pelas negociações e o acordo.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu nesta quinta-feira (27) com rigidez às insinuações de que ele e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyiq Erdogan, foram orientados pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para negociar o acordo de paz com o Irã.

 Do Vermelho via
Vi o Mundo
Lula afirmou que eles não receberam “procuração” alguma para buscar o acordo. “Não temos procuração nem queremos ter procuração para tratar da questão nuclear”, disse o presidente, durante a primeira visita de Erdogan ao Brasil.

O presidente confirmou que ele e Erdogan receberam uma carta de Obama, semanas antes de ser fechado o acordo nuclear no Irã. Na correspondência, Obama faz apenas uma série de sugestões sobre um eventual acordo.

Segundo Lula, é necessário estar com “a cabeça aberta” para haver um acordo e chegar a um consenso. “Com truculência a gente não resolve nem os problemas da casa da gente e entre a família. Nós demos um sinal e espero que a agência tenha sabedoria de entender o momento político e o gesto do Irã e a posição do Brasil”.

Em seguida, o presidente sinalizou que a reação das grandes potências à proposta ocorreu porque não esperavam que o Brasil e a Turquia fechassem um acordo. “Nós fizemos o que eles estão tentando há muitos anos e não conseguiram. As pessoas precisam aprender que a política do século 21 precisa ter mais transparência e diálogo”.

Lula afirmou ainda que é preciso que as pessoas decidam pelo diálogo ou pelo confronto. “Agora é preciso que as pessoas digam claramente se querem construir a possibilidade de paz ou se querem construir a possibilidade de conflito”.



O presidente evitou comentar sobre as eventuais sanções, propostas pelos Estados Unidos. Segundo ele, a expectativa é que os membros permanentes do conselho e a Agência Internacional de Energia Atômica analisem a proposta e evitem as punições. “Vamos aguardar o que a agência e os países têm a dizer”.

Os comentários na imprensa que tentam atribuir a Obama os conselhos do acordo com Irã são apenas tentativas inúteis de diminuir o papel do Brasil e do presidente Lula nas negociações. Isto fica claro com as declarações feitas ontem (27) pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: “Os EUA e o Brasil têm sérias divergências sobre o programa nuclear iraniano”.

De fato. Enquanto o Brasil enxerga a energia nuclear como uma importante ferramenta para o desenvolvimento da paz – através da medicina – os EUA insistem em enxergá-la como uma arma de guerra.

A opinião pública acompanha atenta os desdobramentos desse episódio e tem a expectativa de que o Brasil continue atuando para evitar as sanções contra o Irã.

Da Redação, com Agência Brasil

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quarta-feira, 26 de maio de 2010

A TV Brasil INTERNACIONAL

TV Brasil Internacional vai mostrar verdadeira imagem do país
do Vermelho




O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (24), durante o lançamento da TV Brasil Internacional, que o novo canal servirá para mostrar para o mundo a verdadeira imagem do Brasil e o que o país tem de melhor.

“Estamos realizando mais um sonho, de que ainda não acordamos. Essa TV pode ser o jeito de ser deste país, na cultura, no futebol, na política. Uma TV plena que vai desnudar este país maravilhoso que o mundo não conhece”, discursou Lula.

Segundo o presidente, atualmente a imagem do Brasil no exterior é como se fosse transmitido os piores momentos do país e a TV Brasil Internacional servirá para mudar esse quadro. “Essa TV pública pretende ser a cara do Brasil no exterior. Quando fazemos as coisas lá para fora parece que fazemos os piores momentos. Então, não queremos que fique lá fora a imagem dos piores momentos do Brasil, mas a imagem que somos”, afirmou.

A TV Brasil Internacional iniciou ontem (24) sua transmissão para 49 países do continente africano. O canal será transmitido em língua portuguesa, como fazem os canais das TVs públicas internacionais (BBC/Inglaterra, RTVE/Espanha, RAI/Itália, Canal Cinq/França, NHK/Japão.

A programação será composta por conteúdos próprios da TV Brasil, com ênfase em aspectos informativos e culturais sobre o Brasil, ajustados ao fuso horário de Angola, que é de quatro horas a mais que o horário de Brasília.

Em seu discurso, Lula disse ainda que o novo canal servirá para mostrar aos céticos que “nem tudo que é público é ruim, e o que é privado é um centro de excelência”. Para ele, é possível construir uma televisão pública sem ser apenas um canal de divulgação das ações do governo.

“Tem gente que elogia a BBC, que é um veículo de comunicação pública. Queremos provar que é possível fazer uma TV pública de qualidade, republicana, que não seja chapa branca nem oposição”.

A presidente da Empresa Brasil de Comunicação, Tereza Cruvinel, disse que a ideia de começar a transmissão do canal internacional pela África se originou da demanda daquele continente por programação audiovisual e também pela dívida que o Brasil tem com o povo africano.

“Entendemos que, tal qual pensa o presidente Lula, temos uma dívida enorme com a África que não pode se paga com dinheiro, mas com solidariedade”, disse Cruvinel. Segundo ela, a TV Brasil Internacional também vai ter em sua grade de programação o conteúdo produzido por outros canais públicos, como as TV Câmara, Senado e Justiça.

Para saber como sintonizar a TV Brasil clique aqui





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domingo, 23 de maio de 2010

TV PERNAMBUCO RADICALIZA CONCEITO DE TV PÚBLICA

Em Pernambuco escreve-se hoje uma página inédita da história da TV brasileira. Pela primeira vez no Brasil uma TV pública está sendo reconstruída de baixo para cima. Trata-se da TV Pernambuco entregue pelo governador Eduardo Campos ao movimento social, comprometido com a democratização da comunicação.

Laurindo Lalo Leal Filho

Atenção historiadores da TV brasileira: em Pernambuco escreve-se hoje uma página inédita dessa história. Pela primeira vez no Brasil uma TV pública está sendo reconstruída de baixo para cima. Trata-se da TV Pernambuco, criada pelo governo do Estado em 1984, tendo tornado-se durante os governos pós-ditadura de Miguel Arraes (1987-1990 e 1995-1999) um importante veículo de informação e entretenimento regional, com significativa audiência. Abandonada na gestão Jarbas Vasconcelos (1999-2006), foi entregue em março deste ano pelo governador Eduardo Campos ao movimento social, comprometido com a democratização da comunicação, para conduzi-la.

Na tarde da quarta-feira, 19/5, cerca de 150 pessoas participaram de um encontro organizado pela nova direção da emissora para discutir a sua forma de gestão. Produtores, artistas, professores, estudantes, jornalistas e telespectadores em geral, reunidos no auditório do Porto Digital, no Recife Antigo, puderam dar livremente as suas opiniões de como a TV Pernambuco deve se organizar para se tornar efetivamente pública.

Dois encontros anteriores discutiram as finalidades de uma televisão pública e as novas tecnologias. O resultado desses debates será sintetizado em documento a ser entregue ao governador, no começo de junho, como proposta da sociedade para a reconstrução da TV. Nessa tarefa, a diretoria é assessorada por um grupo de trabalho composto por nomes reconhecidamente comprometidos com a comunicação democrática, como Ivan Moraes Filho e Eduardo Homem, por exemplo.

Mas a mudança já começou. O novo presidente da TV é o apresentador e produtor cultural Roger de Renor, que de burocrata não tem nada.

Brincando, mas revelando o tipo de gestão que começa a ser feita, diz que os primeiros novos departamentos por ele inaugurados foram os “do bom dia, boa tarde, boa noite; o do por favor e o do muito obrigado”. Pode haver coisa melhor, num meio marcado pelo egocentrismo e pelo autoritarismo?

Na música Macô, o falecido Chico Science pergunta ?Cadê Roger, Cadê Roger, Cadê Roger, Ô?? Se pudesse ouvir diríamos ao Chico que agora ele está na TV Pernambuco e que até há alguns meses apresentava um excelente musical na TV Brasil chamado “Som na Rural”, com estúdio móvel instalado numa antiga Rural Willys.

Mas além de pessoas como Roger e o seu competente diretor jurídico Adriano Araujo na direção da emissora, o governador colocou também dinheiro. Dois milhões e quatrocentos mil reais foram liberados para melhorar o sinal da TV, hoje precário em parte do Estado e principalmente no grande Recife. Na capital, nas regiões em que é possível sintonizá-la, a TV Pernambuco pode ser assistida no canal 46 (UHF). Até o governo Jarbas era possível ver a TV estatal em VHF, no canal 9, ao lado das grandes redes comerciais. Mas a concessão foi perdida e ocupada, rapidamente, pela Bandeirantes.

O desafio agora é afinar as propostas no sentido de que a ousadia do governo atual não seja derrotada por governos futuros. Daí a importância dos debates que estão sendo realizados no Recife. Deles deve sair um projeto capaz de garantir o financiamento constante da emissora, imune aos humores dos governos “do dia” e uma forma de gestão que permita a maior independência  possível em relação a esses mesmos governos.

Que possibilite também a criação de barreiras para conter as investidas dos setores mais conservadores da sociedade, sempre prontos a detonar tudo aquilo que não conseguem controlar de forma privada. Por isso, o conselho gestor antes de ser um controlador da empresa, deve ser o seu defensor diante das ofensivas reacionárias.

No entanto, mesmo com tudo aprovado oficialmente, a prática efetiva só será possível se a sociedade tiver clareza de que a emissora lhe pertence. Para tanto são necessários canais amplos de participação na gestão, acompanhados de um programação na qual o telespectador perceba que está recebendo um serviço público de radiodifusão de alta qualidade que, de alguma forma, contribui para melhorar a sua vida.

Os passos dados até agora vão nessa direção. E mesmo sofrendo algum percalço, já são suficientes para entrar na história da televisão brasileira. Daqui para frente servirão de modelo para qualquer outra construção participativa de um meio de comunicação de massa que vier a ser feita em nosso país.


Laurindo Lalo Leal Filho,
sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo
da ECA-USP. É autor, entre outros, de
“A TV sob controle – A resposta da sociedade
ao poder da televisão” (Summus Editorial).




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O Irã e o império decadente

Mais uma de Bresser Pereira

Há algum tempo, o establishment mundial recebeu com um misto de irritação e descrença a notícia de que o presidente Lula se dispunha a intermediar a questão do Irã.

Na semana passada a diplomacia brasileira alcançou um êxito histórico em Teerã ao lograr que o governo nacionalista islâmico do Irã aceitasse o acordo sobre a troca de urânio pouco enriquecido por urânio enriquecido a 20% nos mesmos termos que as grandes potências e a AIEA(agência atômica da ONU) haviam proposto há seis meses.

Não obstante, alegando que o acordo não assegura que o Irã não utilizará o restante do urânio em seu poder para se tornar potência nuclear, os EUA conseguiram convencer as demais grandes potências a levar ao Conselho de Segurança da ONU a proposta de novas sanções ao Irã. E adicionaram mais uma “razão”: assim, evitam que seu aliado Israel bombardeie o Irã. Significa isso que o acordo de Teerã fracassou?



As razões para ignorar o acordo bem pensado e realizado não se sustentam. A recusa dos EUA de continuar a negociação a partir dele deixou mais uma vez claro que seu objetivo principal não é evitar que o Irã tenha a bomba, mas é desestabilizar seu governo.


Desde a Revolução Islâmica de 1979, os EUA vêm procurando derrubar o governo nacionalista iraniano. Primeiro, porque o regime seria fundamentalista; depois, porque ameaçaria Israel.



Nesse sentido, suas ações não se limitaram ao “soft power” e à diplomacia, mas foram militares. Em 1981, financiaram uma guerra mortífera do Iraque de Saddam Hussein contra o Irã, que durou quase dez anos e terminou com a derrota da coligação americano-iraquiana.

Agora, depois de haver invadido e submetido seu antigo aliado, voltam-se de novo contra o regime dos aiatolás e de seu boquirroto e autoritário presidente, Mahmoud Ahmadinejad.




Mostram, assim, coerência em sua política imperial de controle político-militar do Oriente Médio. O fato de a China ter concordado em assinar o pedido de mais sanções significaria que não usará seu poder de veto no Conselho de Segurança? É possível, mas não é provável. A China assinou o pedido para, neste momento, não aumentar seu contencioso com os EUA, que já é grande.

Por isso, é bem possível que o acordo de Teerã e as reações que está provocando levem os chineses, que não têm interesse em que os EUA e a Europa aumentem ainda mais seu poder no Oriente Médio, afinal a recusar seu voto às sanções.

Os EUA são um império em decadência que tenta ser imperial em uma fase da história mundial na qual os impérios não fazem mais sentido.

Os dois últimos grandes impérios foram o britânico e o soviético. Fracassaram por diferentes razões, mas principalmente porque hoje mesmo países mais atrasados são membros plenos da ONU e não aceitam a dominação imperial.

Não obstante, os EUA insistem em terem bases militares espalhadas em todo o mundo para “legitimar” a imposição de sua vontade. Sabemos, porém, que não é com armas, mas com bons argumentos e com concessões mútuas que haverá paz entre as nações.
*LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA,
professor emérito da Fundação Getulio Vargas,
ex-ministro da Fazenda (governo Sarney),
da Administração e Reforma do Estado (1º governo FHC)
e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC). 








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A elite Brasileira é entreguista

Os interesses dos impérios e os nossos

Por Mino Carta
Carta Capital

Ao ler os jornalões na manhã de segunda 17, dos editoriais aos textos ditos jornalísticos, sem omitir as colunas, sobretudo as de O Globo, me atrevi a perguntar aos meus perplexos botões se Lula não seria um agente, ocidental e duplo, a serviço do Irã. Limitaram-se a responder soturnamente com uma frase de Raymundo Faoro: “A elite brasileira é entreguista”.

Entendi a mensagem. A elite brasileira aceita com impávida resignação o papel reservado ao País há quase um século, de súdito do Império. Antes, foi de outros. Súdito por séculos, embora graúdo por causa de suas dimensões e infindas potencialidades, destacado dentro do quintal latino-americano. Mas subordinado, sempre e sempre, às vontades do mais forte.

Para citar eventos recentíssimos, me vem à mente a foto de Fernando Henrique Cardoso, postado dois degraus abaixo de Bill Clinton, que lhe apoia as mãos enormes sobre os ombros, em sinal de tolerante proteção e imponência inescapável. O americano sorri, condescendente. O brasileiro gargalha. O presidente que atrelou o Brasil ao mando neoliberal e o quebrou três vezes revela um misto de lisonja e encantamento servil. A alegria de ser notado. Admitido no clube dos senhores, por um escasso instante.

Não pretendo aqui celebrar o êxito da missão de Lula e Erdogan. Sei apenas que em país nenhum do mundo democrático um presidente disposto a buscar o caminho da paz não contaria, ao menos, com o respeito da mídia. Aqui não. Em perfeita sintonia, o jornalismo pátrio enxerga no presidente da República, um ex-metalúrgico que ousou demais, o surfista do exibicionismo, o devoto da autopromoção a beirar o ridículo. Falamos, porém, é do chefe do Estado e do governo do Brasil. Do nosso país. E a esperança da mídia é que se enrede em equívocos e desatinos.

Não há entidade, instituição, setor, capaz de representar de forma mais eficaz a elite brasileira do que a nossa mídia. Desta nata, creme do creme, ela é, de resto, o rosto explícito. E a elite brasileira fica a cada dia mais anacrônica, como a Igreja do papa Ratzinger. Recusa-se a entender que o tempo passa, ou melhor, galopa. Tudo muda, ainda que nem sempre a galope. No entanto, o partido da mídia nativa insiste nos vezos de antanho, e se arma, compacto, diante daquilo que considera risco comum. Agora, contra a continuidade de Lula por meio de Dilma.
Imaginemos o que teriam estampado os jornalões se na manhã da segunda 17, em lugar de Lula, o presidente FHC tivesse passado por Teerã? Ele, ou, se quiserem, uma neoudenista qualquer?





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quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Incêndio no Instituto Butantan - Mais um efeito da Gestão neoliberal dos Tucanos Paulistas.

Desde 1994 os tucanos governam SP. O incêndio no Instituto Butantan é mais uma prova do descaso que esse "povim" trata a "coisa pública". Agora, imagine este bando governando, de novo, o Brasil? São 120 anos de História, que estavam guardados no que foi o maior acervo do mundo na área, e que foram jogados no fogo.


Rastro de escândalo

OS BOMBEIROS chegaram em menos de dez minutos. Eis a única informação positiva que se pode colher do noticiário sobre o incêndio no Instituto Butantan, em São Paulo, ocorrido no sábado.

Enquanto se avalia a dimensão dos prejuízos ao seu acervo científico, o maior do mundo na área, pululam evidências de descaso na instituição.

Uma coleção iniciada há 120 anos, com cerca de 580 mil exemplares de animais, entre cobras, aranhas e escorpiões, estava depositada num galpão que possuía, como único recurso de combate ao fogo, extintores acionados manualmente.

Sem um sistema adequado de prevenção, eram previsíveis os efeitos devastadores de qualquer faísca elétrica naquele ambiente, onde milhares de espécimes eram conservados em álcool.

Quanto custaria instalar dispositivos automáticos de combate ao fogo no local? O orçamento existia, e não era exorbitante: calcula-se que, por R$ 1 milhão, o sistema teria sido implantado.

Não é que faltasse a verba. O Instituto Butantan recebeu, entre 2007 e 2008, tal montante de recursos para realizar obras de infraestrutura; foram utilizados para outros fins. A solicitação para equipamentos anti-incêndio, que teria sido feita, perdeu-se nos desvãos da burocracia.

Definitivamente, R$ 1 milhão não era tanto dinheiro. Em especial quando se toma conhecimento dos R$ 35 milhões que, segundo o Ministério Público, foram subtraídos da Fundação Butantan, braço operacional do instituto, por funcionários do seu segundo escalão.

Os cientistas do Butantan agora tratam de avaliar a perda e de buscar, em instituições similares, ajuda para repará-la.

Não é necessário, todavia, ser especialista em serpentes - nem em investigações criminais - para detectar nesse episódio o rastro, amplamente conhecido na administração pública Tucana, do descuido e do escândalo.

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Fogo no Butantã expõe abandono do setor de pesquisa; vacinas são prioridade

Ciência. Instituto não investe há 8 anos em reforma ou melhoria da infraestrutura dos prédios que abrigam pesquisa básica, à qual pertencia o acervo de cobras e aranhas destruído; biblioteca está tomada por goteiras e cupins ameaçam coleção de obras raras

Herton Escobar, Fabiane Leite, Alexandre Gonçalves – O Estado de S.Paulo

A ênfase na construção de fábricas e produção de vacinas rendeu benefícios à saúde pública e prestígio internacional ao Instituto Butantã nos últimos anos. Mas trouxe como efeito colateral a degradação da estrutura de pesquisa básica, à qual pertencia o acervo de cobras e aranhas, destruído no sábado por um incêndio.

Segundo fontes ouvidas pelo Estado, as chamas que consumiram a coleção centenária, iniciada por Vital Brazil, não nasceram de uma falha pontual no sistema contra incêndios, mas de uma deficiência estrutural sistêmica que ameaça grande parte do patrimônio histórico e científico do instituto.

O prédio da biblioteca, que ostenta o nome do Instituto Butantã no ponto mais alto do complexo, é exemplo disso. Há goteiras, infiltrações e cupins por todos os lados. Uma sala está sem teto e teve de ser interditada no início do ano por causa de um deslocamento de vigas. Sem instalações adequadas para trabalhar, funcionários recorrem a gambiarras elétricas. Há até um morcego que vive no porão, apelidado de Juquinha. 
No mesmo prédio funciona, indevidamente, o setor de farmacologia.

“E olha que esse prédio é o cartão postal do Butantã”, diz a bibliotecária Lindalva Santana, que cuida do acervo de 8 mil livros e 200 mil revistas científicas. A coleção de obras raras, incluindo publicações dos séculos 18 e 19, encapadas com pele de cobra, está espremida em um armário de ferro comum, cheirando a naftalina. “Faz dez anos que cheguei aqui e faz dez anos que peço para comprarem um armário novo”, conta Lindalva.

Assim como no Prédio das Coleções, não há sistema de detecção ou combate a incêndios. E nada está informatizado. “Fazemos tudo na mão. Se pegar fogo, não tem volta”, diz Lindalva.

Até o chamado “Prédio Novo”, que é da década de 1940, sofre de problemas estruturais. O elevador está quebrado há cinco anos, segundo o pesquisador Marcelo De Franco, que trabalha no local. Segundo ele, não falta dinheiro para pesquisa, já que os projetos são financiados por agências externas de fomento, como Fapesp e CNPq. O problema está mesmo na parte de infraestrutura, que é de responsabilidade da instituição. “A Fundação Butantã deveria olhar para todo o instituto, mas só tem olhos para a fabricação de vacinas”, afirma Franco.

Reforma parada. Desde 2002 não há gastos em reformas nos imóveis do instituto. Naquela ocasião, foram aplicados apenas R$ 4,8 mil, em valores corrigidos, no item. No ano anterior o valor foi de R$ 180 mil. Só a reforma do prédio da biblioteca custaria R$ 4 milhões. Desde 2007, porém, houve crescimentos do gastos com manutenção.

Membros do primeiro escalão da instituição admitem que é urgente retirar o setor de pesquisa dos prédios históricos, medida em discussão há oito anos. A estrutura elétrica desses locais e do instituto como um todo está inadequada, tanto que o desligamento da energia antes do incêndio era para preparar a rede para a nova fábrica de vacinas contra a gripe. A secretaria estadual da Saúde, a qual o Butantã está subordinado, alegou ter investido R$ 2,6 milhões na infraestrutura nos últimos quatro anos.



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quarta-feira, 19 de maio de 2010

A crise de 2009 ainda ronda Europa e EUA


O medo dos europeus.E dos Estados Unidos


Fears Intensify That Euro Crisis Could Snowball

por NELSON D. SCHWARTZ e ERIC DASH
Published: May 16, 2010

Depois de uma breve pausa que se seguiu ao anúncio na semana passada de um plano de ajuda de 1 trilhão de dólares da Europa, o medo nos mercados financeiros está crescendo novamente, desta vez com preocupações com o fato de que os grandes bancos continentais vão enfrentar dificuldades que poderão prejudicar as economias europeias.

Num sinal de profunda ansiedade, o euro caiu na sexta-feira a seu ponto mais baixo desde o início da crise financeira, quando investidores abandonaram a moeda, assim como ações, em favor de ouro e de outros bens que oferecem mais segurança.

Nas negociações de segunda de manhã, o euro caiu de novo, chegando num momento e atingir um patamar recorde de quatro anos em relação ao dólar.

O presidente do Banco Central europeu, Jean-Claude Trichet, numa entrevista publicada sábado, advertiu que a Europa está diante de “severas tensões” e que os mercados estão frágeis.

Para os bancos europeus, os problemas são duplos. Os custos de empréstimos de curto prazo estão aumentando, o que poderia levar as instituições a evitar novos empréstimos ou se desfazer dos antigos, ameaçando o crescimento econômico.

Ao mesmo tempo, instituições mais seguras em economias sólidas como a França e a Alemanha tem grande quantidade de ações de seus vizinhos trêmulos, como Espanha, Portugal e Grécia.

Os investidores temem que com muitos governos sob o peso de grandes déficits, a dívida das nações mais fracas que usam o euro como moeda terá de ser reestruturada, reduzindo profundamente o valor de seus papéis. Isso acertaria duramente as instituições financeiras europeias e poderia ricochetear em todo o sistema bancário global.

Papéis ligados aos bancos europeus perderam valor na sexta-feira por causa deste temor, e Wall Street seguiu. As ações também cairam em Tóquio e na Austrália no início dos negócios da segunda-feira.

“Este resgate não foi feito para salvar os gregos; foi feito para ajudar os bancos franceses e alemães”, “Jogaram alguma água no fogo, mas o fogo não foi extinto”.
Niall Ferguson, historiador de economia de Harvard.

O plano de resgate europeu, totalizando 750 bilhões de euros, tem o objetivo de evitar o risco de quebra, mas aumentaria vastamente os empréstimos. Isso poderia impedir a nascente recuperação econômica da Europa.

Na verdade, foram as dívidas que causaram o problema inicial: um novo relatório do Fundo Monetário Internacional adverte que “os altos graus de endividamento público poderiam pesar no crescimento econômico por anos”.

O déficit mundial como porcentagem do PIB está em 6%, quando estava em apenas 0,3% antes da crise financeira. Se o endividamento público não for reduzido ao nível de antes da crise, diz o relatório do FMI, o crescimento econômico das economias avançadas poderia cair 0,5 ponto percentual anualmente.

Mas nem todas as tendências são negativas. Um euro mais baixo vai tornar as exportações europeias — sejam os automóveis alemães ou os objetos de couro italianos — mais competitivos em todo o mundo.  E a Grécia, a Espanha e Portugal tomaram medidas de austeridade na semana passada para reduzir os seus déficits orçamentários.

Esses passos não foram suficientes para prevenir o sumiço de dinheiro dos fundos “money market”, uma esquina pouco notada mas crucial do sistema financeiro na qual os investidores americanos oferecem mais de 500 bilhões de dólares em empréstimos para que os bancos europeus financiem suas operações diárias.

O dinheiro vem de fundos conservadores que controlam a poupança de grandes corporações dos Estados Unidos e de consumidores individuais.

Até agora, o pacote de resgate proposto não conseguiu reduzir a preocupação destes fundos, que cortaram os empréstimos para os bancos europeus e estão exigindo maiores taxas de juros e repagamento mais rápido.

“Mais gente está tomando decisões de sim ou não para cair fora deste mercado e manter o dinheiro mais perto de casa”
Lou Crandall, o economista-chefe do Wrightson ICAP
uma empresa de pesquisa do mercado.

Inicialmente, foram os bancos gregos e portugueses que foram desprezados pelos investidores americanos. Mas nas últimas duas semanas os grandes bancos da Espanha, da Irlanda e da Itália tiveram dificuldades para assegurar empréstimos de curto prazo dos Estados Unidos por causa do aumento da ansiedade.

Na sexta-feira, mesmo os bancos de sólidas economias europeias, na França, Alemanha e Holanda, foram afetados, de acordo com corretores e analistas de mercado.

“Os investidores estão esperando para ver se o pacote de estabilização é de fato adotado”
“Enquanto os investidores sentem a situação, ficamos pendurados no limbo”.
Alex Roever, um analista da J.P. Morgan Securities.



Por causa do recuo dos investidores americanos, a taxa que os bancos cobram uns dos outros para empréstimos, conhecida como Libor para London Interbank Offered Rate, tem subido constantemente. E a importância da Libor vai muito além da Europa: é a taxa que ajuda a determinar as taxas de juros em muitos empréstimos imobiliários e nos cartões de crédito dos consumidores dos Estados Unidos.

As taxas de empréstimo dos bancos ainda estão bem abaixo do ápice da crise financeira. Temor de que os problemas da Europa façam efeito nos Estados Unidos, no entanto, levou o Banco Central americano a retomar linhas de crédito para o Banco Central Europeu e outros bancos centrais em conjunção com o pacote de resgate europeu anunciado uma semana atrás.

A medida garantiu que as instituições europeias poderão tomar dólares para emprestar a seus clientes, mas isso é mais caro do que contar com o dinheiro de investidores privados.

“Não fizemos isso por amor especial à Europa”, Narayana R. Kocherlakota, o presidente do Banco Central de Minneapolis, disse a um grupo de pequenos empresários de Wisconsin na quinta-feira. “Somos autoridades dos Estados Unidos  e tomamos decisões para manter a economia americana forte”. No entanto, ele disse, “os problemas de liquidez nos mercados europeus podem criar problemas perigosos de falta de liquidez em nossos próprios mercados financeiros”.


Não é o único dominó que pode cair.

Se a exposição direta de bancos americanos à Grécia é mínima, as instituições financeiras dos Estados Unidos estão fortemente interligadas a grandes bancos europeus, os quais tem grandes investimentos nas nações mais fracas da Europa.

Por exemplo, os bancos portugueses devem 86 bilhões de dólares a bancos da Espanha, que por sua vez devem 238 bilhões a bancos alemães e 220 bilhões de dólares a bancos franceses. Os bancos americanos também controlam grande quantidade de dívida de bancos espanhóis,  cerca de 200 bilhões de dólares, de acordo com o Banco de International Settlements, uma organização global que serve a bancos centrais.


Além disso, os formuladores das políticas financeiras se encontram quase sem armas em seu arsenal.

Depois de emprestar trilhões para estimular suas economias e acabar com as preocupações de crédito durante a última onda de medo no fim de 2008 e início de 2009, os governos não podem emprestar outros trilhões sem causar inflação e atropelar outros emprestadores, como indivíduos e companhias. As taxas de juros de curto prazo, próximas de zero nos Estados Unidos, não podem mais ser reduzidas. E passos vitais como o aumento de impostos ou corte de investimentos poderiam atrapalhar o início da recuperação econômica do norte da Europa e piorar a situação de economias em dificuldades como a da Espanha, onde o desemprego recentemente ultrapassou 20%.

Com a exceção dos tempos de guerra, “as finanças públicas da maioria dos países industriais avançados estão em estado pior hoje do que em qualquer outro período desde a revolução industrial”, Willem Buiter, o principal economista do Citibank, escreveu em um relatório recente.

“Restaurar o equilíbrio financeiro vai emperrar o crescimento por muitos anos”.




Fonte do post:


Leia Também:




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EUA e as eleições de 2010 no Brasil

Dilema de Washington: Como atrair novos apoiadores?


Do Blog Vi o Mundo
Luiz Carlos Azenha


The decline and fall of America’s supporters?


Posted By Daniel W. Drezner Monday, May 17, 2010



Se os realistas tem uma trupe literária, ela está falando sobre o declínio e queda das grandes potências — e Steve Walt não nos desaponta em seu post sobre “o fim iminente da era do Atlântico”.

Ele sustenta um bom argumento. O projeto europeu como nós o conhecemos,  União Européia, enfrenta problemas graves. Os Estados Unidos não estão em melhor situação. Dito isso, há semanas em que nós nem parecemos estar no centro do universo diplomático. Brasil e Turquia estão negociando acordos com o Irã e o regionalismo das bordas do Pacífico está deixando os Estados Unidos para trás.

Ainda assim, minha visão é de que estamos vivendo a combinação de dois problemas distintos. Se um deles for arrumado, suspeito que a mudança na política das grandes potências não será terrivelmente grave.
  • O primeiro é o declínio dos apoiadores do sistema liderado pelos Estados Unidos — Japão e Europa. A teoria das relações internacionais gosta de enfatizar a importância de estados hegemônicos. [Um bom exemplo é a América Latina. Bush não deu atenção á América Latina, se preocupou mais com o petróleo do Iraque. Isso deu espaço para que os Países do cone sul conseguissem eleger políticos mais nacionalistas como Lula, Chávez, Evo Morales, etc. Quando Bush acordou, tentou dar o golpe em Chavez na Venezuela e não conseguiu fortalecendo ainda mais a nova posição, de independência, da América Latina. Só restou a Colômbia, motivo pelo qual eles terem enchido o país com bases  militares  e mais recentemente o golpe em Honduras, já no governo de Obama] Quando se trata de criar um mundo estável, no entanto, isso só acontece quando estados apoiadores estão dispostos a assinar embaixo. Eu [Luiz Carlos Azenha] concordo com o Walt que, no curto prazo, os principais apoiadores dos Estados Unidos vão se voltar para seus próprios problemas.
  • O segundo ponto é que os Estados Unidos podem se adaptar à mudança na distribuição de poder e aqui fico [o Luiz Carlos Azenha] em cima do muro. Há formas de ver o fato de que os Estados Unidos apoiaram a mudança do G-8 para o G-20 como adaptação criativa a novas realidades. O G-8 dava peso maior aos países europeus, exagerando sua influência. Ao mudar do G-8 para o G-20, os membros da União Europeia viram seu poder ser diluído. Os Estados Unidos, por sua vez, mantém fortes relações bilaterais com cada um dos integrantes do G-20, mais fortes que a dos outros integrantes do grupo entre si. Se a gente pensar nos Estados Unidos como o pivô central de uma governança em rede, dá para notar que as reformas feitas até agora não enfraquecem a influência americana.

A coisa é que isso só vale se poderes ascendentes como o Brasil e a Índia forem APOIADORES do sistema liderado pelos Estados Unidos, ou se eles querem se colocar como ALTERNATIVAS.
[É aqui que entra as eleições de 2010. Se Dilma for eleita, continuará as ações Diplomáticas Pró Brasil, se "colocando como ALTERNATIVA". Tal posição vem sendo adotada desde a eleição de Lula  que o  mundo todo sabe e respeita atualmente. Tais ações não fazem bem à "saúde dos EUA" e portanto não servem aos americanos. Se Serra for eleito, o Brasil se alinhará de forma subserviente ao ideário dos EUA como foi na "era FHC" e que Serra já deu sinais muito claros disto, é só ler os links no final do Post em "Leia mais". Serra sim, serve aos anseios dos EUA de posicionar como "APOIADOR" do sistema liderado pelos EUA.]
Isso é onde aquela visão estratégica que a diplomacia do governo Obama alegadamente possui em amplas quantidades faria alguma diferença. Até hoje, no entanto, não é o que se vê no governo Obama [ou seja, eles ainda não interviram nas eleições aqui no Brasil,  fator que está deixando a oposição DEM-PSDB atordoados desde que Obama assumiu.Sem o chefe maoir dos EUA lhes dizendo o que fazer a elite naional se perde, não sabendo como agir.]. Para ser justo, eles receberam uma política externa que era uma bagunça e fizeram um trabalho admirável para acelerar a limpeza dos dois últimos anos do governo Bush. O que eles não fizeram — ainda — foi articular uma mensagem que consiga novos apoiadores na política mundial.

A nova Estratégia de Segurança Nacional será anunciada nas próximas semanas e é precisamente o tipo de questão que precisa ser enfrentada [é aqui que eles vão defenir como vão agir a respeito das eleições de 2010 no Brasil e em outros países]. Então prestarei atenção para ver se o documento estratégico trata deste problema. [acredito que eles virão e com gosto para cima do Brasil e atuarão fortemente para eleger Serra, pois desde que ele atuou na era FHC como ministro do planejamento, assumiu, assim como FHC, uma postura de subserviência para como os estadunidenses.]

[PS.  Os textos em vermelho são colocações minhas.
Todas as afirmações que fiz encontram respaldo
nos links do "Leia também" logo abaixo.]


Fonte do Post:


Leia também:  
  • LULA E Dilma


    • A Posição dos EUA




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    EUA jamais quis acordo com o Irã... é só rever a História

    Reação negativa dos EUA preocupa Brasil

    Resistência a acordo começou antes mesmo de assinatura, com telefonemas de Obama a anfitriões de Lula na Rússia e no Qatar.

    Brasil diz estranhar ofensiva de presidente dos EUA, já que acordo fechado com Irã atenderia a linhas definidas por carta de americano a Lula

    CLÓVIS ROSSI – FOLHA SP
    ENVIADO ESPECIAL A MADRI


    Sem se manifestar desde que deixou o Irã na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem tempo para “amadurecer as reações” em torno do acordo com os iranianos (e os turcos) antes de se pronunciar.

    O presidente tem dito a seus assessores mais próximos que sabe perfeitamente o alto teor de polêmica contido no acordo Irã/Brasil/Turquia. Por isso, qualquer pronunciamento acrescentaria gasolina ao incêndio, o que não interessa ao governo brasileiro.

    O eixo das preocupações do Palácio do Planalto passou a ser, surpreendentemente, os Estados Unidos e sua reação.
    O presidente dos EUA, Barack Obama, exerceu uma pressão “excepcional”, na versão ouvida pela Folha na delegação brasileira que foi ao Irã, para que fracassasse a missão do presidente brasileiro em busca de um acordo.

    Obama ficou uma hora e meia ao telefone com o presidente russo, Dmitri Medvedev, na véspera da chegada de Lula a Moscou. Em seguida, telefonou também para o premiê do Qatar, etapa seguinte da viagem da comitiva brasileira.

    O presidente estranhou a ofensiva, na medida em que o acordo que estava sendo negociado com o Irã (e a Turquia) seguia estritamente as linhas de carta que Obama enviara três semanas antes a Lula.

    Ou seja, sugeria que a negociação deveria passar pela troca de urânio pobremente enriquecido do Irã por urânio enriquecido a 20%, suficiente para fins civis, mas insuficiente para fabricar a bomba.

    Essa troca fora proposta originalmente pela Agência Internacional de Energia Atômica, ao se reiniciar, em outubro, a negociação entre o Irã e o P5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -EUA, Rússia, China, França e Reino Unido- mais a Alemanha).

    A carta também insistia em que o Irã deveria comprometer-se a obedecer rigorosamente o TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear).


    O documento final emitido anteontem em Teerã contém essas linhas, mas nem assim a pressão cessou.

    Lula comenta também com seus auxiliares mais diretos que percebeu já em meados do ano passado, durante a Assembleia Geral da ONU, que nenhum dos membros permanentes do Conselho de Segurança estava conversando com o Irã.

    Ele próprio teve, na ocasião, um encontro com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, no qual sentiu que havia espaço para uma negociação.

    Intuitivo como é e convencido de que sua experiência de negociador no movimento sindical lhe daria uma boa chance de intervir no caso levou-o ao intenso trabalho que culminou na segunda-feira.

    A reação dos EUA fez a diplomacia brasileira entender que os princípios valiam para um acordo que fosse fechado seis meses atrás, não agora. Em outubro do ano passado, aconteceu a primeira rodada de negociações entre o P5+1 e o Irã, que não foi a lugar algum.

    É possível que a resistência americana, agora, se deva ao cálculo que se faz nos EUA de que o Irã aumentou o seu estoque de urânio, o que tornaria a quantia acertada no acordo de segunda insuficiente para impedir o país de continuar com o programa que os ocidentais acreditam ser de fins militares.

    O Brasil considera de todo modo que, apesar do avanço ontem no Conselho de Segurança da ONU, a hipótese de sanções tornou-se inviável. “Eles [os EUA] vão se dar mal, se tentarem o caminho das sanções”, disse o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia. Acrescentou: “Seria moral e politicamente inaceitável”.

    Ele diz, também, que o dueto proposto pela secretária de Estado Hillary Clinton (negociações mas também sanções) é impraticável: “Se houver sanções, não haverá negociação. O Irã é um país muito importante para se submeter”.

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    Se revermos a história dos EUA com o Irão, aliás com meio mundo, fica claro que eles jamais quiseram um acordo com o Irã. Se assistir o vídeo abaixo fica claro que os EUA sempre interviram no Irã e a questã sempre foi petróleo. Aliás, foi no Irã, década de 50, que os EUA iniciaram o uso de  "Assassinos Econômicos" os quais elaboram estudos econômicos falsos, de sorte a fazer esses países tomarem empréstimos que se revelarão impagáveis no futuro e, assim, se tornaiam economicamente dependentes dos países e corporações credores. As ações destes assassinos Econômicos resultaram na queda do presidente eleito democraticamente  Mohammad Mossadegh. Veja o vídeo.




     No próximo vídeo você fica sabendo sobre os "Assassinos Econômicos" e como eles atuaram no Irã e em outros países.



    E no próximo vídeo ficará sabendo como foi no Iraque e mais recentemente na Venezuela em que eles tentaram derrubar Hugo Chávez, Presidente da Venezuela:

    segunda-feira, 17 de maio de 2010

    Brasil, Irã e Turquia conseguiram fechar o acordo nuclear

    Uma vocação de nação independente e um compromisso com a paz

    Blog Leituras Favre

    O acordo assinado pelo Irã, com Brasil e Turquia, não resolve todos os problemas ligados ao programa nuclear iraniano, mas constitui um passo importante para que as negociações evoluam positivamente.

    É o que qualquer pessoa sensata percebe, ao analisar o compromisso assumido pelo Irã de transferir seu urânio fracamente enriquecido para a Turquia, na quantidade exigida pelo próprio Obama meses atrás, para assegurar assim sua utilização pacífica.

    A assinatura do acordo provocou diversas reações no plano internacional e também comentários de analistas aqui:
    • Para aqueles que procuravam simplesmente um pretexto para uma escalada de sanções contra o Irã e que até encorajavam um eventual ataque aéreo israelense com o pretexto da suposta fabricação de armamento atômico por parte do regime dos aiatolás, o acordo é desprezado e novas exigências são avançadas para procurar manter a tensão contra Irã. Para eles a atuação de Lula é inaceitável e só dificulta os planos agressivos que defendem para a região.
    • Para a maioria dos observadores, porem, o acordo exigirá maior esforço de negociação e talvez algumas garantias de segurança complementares, mas contribui para uma solução que afasta as sanções e privilegia um acordo entre o Grupo de Viena e o governo do Irã.

    Ainda haverá novas transações e não se pode excluir um retrocesso, mas o avanço foi significativo e contou com uma participação, destacada no mundo inteiro, do presidente Lula.

    Evidentemente o fato do Brasil ocupar um dos assentos, não permanentes, no Conselho de Segurança da ONU, fez que nossa diplomacia pudesse agir mais ativamente naquela região, mas indiscutivelmente que isto foi possível, essencialmente pela combinação de dois elementos chaves da política do governo Lula:
    • Em primeiro lugar sua independência e não alinhamento, mas agindo de conserto com as principais potências do planeta, e não como retórica ideológica terceiromundista.
    • Em segundo lugar, o de ter sabido colocar a ação coletiva internacional no enfrentamento da crise, superando o G8 e se implicando diretamente nas decisões econômicas coletivas (ter resolvido a questão da dívida externa, devolvido o empréstimo do FMI a FHC, aumentado sua participação nos fundos da instituição e a força da nossa economia durante a crise, foram contribuições essenciais para perceber o Brasil diferentemente aos olhos da comunidade internacional).
    Esses dois elementos foram decisivos para uma percepção diferente, por parte da comunidade internacional, do papel do Brasil.

    Motivações de política interna e de calculo eleitoral provocaram reações contrarias ao protagonismo brasileiro e se expressaram com posturas de provincianismo e falta de ambição, para não falar em complexo de vira-lata, na maioria dos comentaristas e políticos da oposição. Torciam para um fracasso do Brasil, com o calculo mesquinho de dividendo internos, alimentando de fato uma postura de submissão e renunciamento a uma vocação de grandeza nacional.

    “É uma vitória da diplomacia brasileira, mas sobretudo da política externa do governo Lula”, afirmou com razão Dilma, em entrevista concedida nesta manhã à rádio CBN.
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     Os bastidores do acordo entre Brasil - Irã - Turquia



    O acordo Brasil-Irã-Turquia
    Stephen Kinzer - The guardian
    Via Blog Vi o Mundo
    Os acontecimentos e notícias empolgantes que chegam de Teerã, de acordo afinal firmado, que pode ter evitado crise global em torno do programa nuclear iraniano é desenvolvimento altamente positivo para todos – exceto para os que, em Washington e Telavive, estavam à procura de qualquer pretexto para isolar ou atacar o Irã.

    Também marca o nascimento de uma nova força altamente promissora no cenário mundial: a parceria Brasil-Turquia.

    Semana passada, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan e o presidente Luis Inácio Lula da Silva do Brasil adotaram, em conjunto, a abordagem clássica do “um gentil, outro durão”, para aproximarem-se dos líderes iranianos. Lula anunciou que iria a Teerã, o que deu aos iranianos esperança de algum acordo. Mas era indispensável também a presença da Turquia (onde o urânio será tratado), e Erdogan fez-se de difícil.

    Na 3ª-feira, Ahmet Davutoglu, o muito experiente ministro das Relações Estrangeiras da Turquia, anunciou que Erdogan não iria ao Irã, a menos que os iranianos manifestassem algum interesse em firmar algum acordo. “Não é hora para encontros trilaterais sem objetivo preciso”, disse. “Queremos resultados. Sem perspectiva de resultados, não iremos ao Irã.”

    Na 6ª-feira, Erdogan endureceu ainda mais. Disse que a planejada viagem a Teerã estava cancelada, porque o Irã “não se manifestara sobre a questão”.

    Poucas horas depois, a secretária Hillary Clinton telefonou ao Chanceler turco e empenhou-se em desencorajar a iniciativa dos diplomatas brasileiros e turcos. Porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que a sra. Clinton ‘alertou’ o ministro turco para não confiar nos iranianos, cujo único interesse seria “fazer qualquer coisa para impedir as sanções pelo Conselho de Segurança, sem dar qualquer passo para suspender seu programa nuclear militar.”

    Depois do telefonema, um pouco precipitadamente, de fato, a secretária Hillary previu publicamente que o esforço dos presidentes Lula e Erdogan fracassaria.

    O que se sabe hoje é que a secretária Clinton pode não estar trabalhando corretamente pela pauta política da Casa Branca. Enquanto ela falava em Washington, funcionários turcos anunciavam aos jornalistas em Ankara, off-the-record, que haviam recebido encorajamento do próprio presidente Obama, para insistir no trabalho de mediação e continuar pressionando em busca de algum acordo. Pode ser, é claro, ‘divisão’ planejada das forças nos EUA, para cobrir todas as posições, o que implica que EUA, sim, anteviram a possibilidade de serem derrotados no front diplomático: Clinton faria a parte mais difícil e preservaria a posição do presidente como ‘mediador’ e interessado mais em acordos que em confrontos. Seja como for, já sugere alguma fragilidade na posição da secretária de Estado, ou seu isolamento, no círculo mais alto dos estrategistas de Obama para as questões mundiais cruciais.



    Alguns, em Washington, tentarão ver no acordo apenas um modo para salvar as aparências e livrar o Irã de confronto direto com EUA e União Europeia. Seja como for, outros verão de outro modo. Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, vê perspectiva mais positiva. Semana passada, já havia anunciado que o Irã buscava um acordo, contando com a mediação política do Brasil e da Turquia “para dar aos EUA e outros países ocidentais um modo de escaparem da situação de impasse que criaram, com tantas ameaças.”

    Em todos os casos, o que se viu foi que negociadores competentes em negociações bem encaminhadas por dois líderes mundiais, destruíram a versão, difundida por Washington, de que o Irã não faria acordos e teria de ser ‘atacado’, por sanções; antes, claro, de que os EUA considerassem “todas as opções” – inclusive o ataque militar, para impedir o progresso do programa nuclear do país.

    Fato é que Turquia e Brasil, embora em pontos opostos do planeta, têm muita coisa em comum. São dois países territorialmente grandes que passaram longos anos sob ditadura, mas conseguiram alterar essa história e andar pacificamente na direção da plena democracia. Os dois países têm hoje, na presidência, políticos dinâmicos e experientes, que comandaram importante processo de recuperação econômica nos seus respectivos países. Os dois países, além do mais, já emergiram como potências regionais, mas aspiram ao nível de potências como Rússia, Índia ou mesmo a China. Nem Turquia nem Brasil podem sobreviver sozinhos entre esses gigantes. Mas, juntos, formam uma parceria que tem inúmeras possibilidades de sucesso.

    Brasil e Turquia são os países que mais abriram novas embaixadas pelo mundo, nos dois últimos anos. Uma vez por ano, os principais diplomatas turcos voltam a Ancara para ampla reunião de trabalho. Na reunião de 2010, ocorrida em janeiro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim foi um dos principais conferencistas convidados.

    Turquia e Brasil foram, por muitos anos, apoiadores ‘automáticos’ de Washington, mas agora começam a assumir o timão e determinar a própria rota. Preocupados com o que veem como violento unilateralismo norte-americano, que desestabiliza imensas regiões em todo o mundo, os dois países têm evitado todos os confrontos internacionais, ao mesmo tempo em que trabalham incansavelmente para promover acordos que visem à pacificação. Por muito feliz coincidência, os dois países são hoje membros não-permanentes do Conselho de Segurança. A posição deu-lhes os meios para intervir na questão iraniana; que os negociadores e presidentes de Turquia e Irã usaram com talento e competência excepcionais.

    Durante a Guerra Fria, o Movimento dos Não-alinhados tentou converter-se numa “terceira força” na política mundial, mas fracassou, porque reunia países grandes demais, separados demais e diferentes demais. Turquia e Brasil emergem agora como a força global capaz e competente para diálogos e acordos que o Movimento dos Não-alinhados jamais antes conseguira ser.

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     A Diplomacia Brasileira e o complexo de vira-latas


    No Irã, gol de placa

     Blog Escrevinhador
    Na madrugada dessa segunda-feira, Brasil, Irã e Turquia conseguiram fechar o acordo nuclear. Era a última chance dada a Lula para o diálogo com o Irã. Caso contrário, começariam as sanções.

    O presidente brasileiro reafirmou sua posição de prestígio internacional.

    Como estamos em véspera de Copa, vou adotar o estilo Lula de metáforas futebolísticas: a política externa do governo dele, conduzida por Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia, lembra o futebol jogado pelo Brasil em 58.

    Até então, padecíamos do famoso complexo de vira-lata. Diante de um sueco ou de um alemão, o brasileiro gania, com sua inferioridade à flor da pele. A geração de 58 tinha um rei. Pelé. O jovem rei fez tabelinha com Didi, Zito, Gilmar, Nilton e Djalma Santos. E, assim, o complexo de vira-lata se foi.

    O Brasil, na política externa, sofria de um tremendo complexo do vira-lata - especialmente sob o governo tucano. O Brasil tirava os sapatos e gania sua humildade diante dos gringos.



    Como em 58, o Brasil de Lula deixou o complexo pra trás. Sem intermediação de EUA, França, ou Inglaterra, o Brasil de Lula conversou com o Irã e a Turquia. O Brasil cresceu. O Brasil calçou os sapatos e agora caminha com firmeza pelo cenário internacional.  Veja o video abaixo.



    Para ódio dos apedeutas que babam de raiva (ou inveja?) na "Veja", e comparam Lula a Wagner Love. Lula está mais para Pelé. Entretanto, no acordo nuclear com o Irã nem tudo está garantido. Ao contrário da Copa, na política externa o jogo não acaba nunca. É o que mostra o texto de Flávio Aguiar, escrito para a rede Brasil Atual.

    IRÃ: GOL DE PLACA DO BRASIL
    Por Flávio Aguiar
    Ainda no blog Escrevinhador

    Já ninguém acreditava. Eram os 29 minutos da prorrogação. Logo viriam os pênaltis. Todos, é claro, batidos contra o mesmo gol, onde o goleiro Mahmoud ia tentar defender todas, nem que fosse no gogó. A capitã Hillary Clinton já convocava os batedores: Sarkozy, da França, Cameron, do Reino Unido, Merkel, da Alemanha, e os contrafeitos Putin, da Rússia e Jin Tao, da China.

    Foi quando Amorim e Luis Inácio entraram tabelando na área, um lançou para o outro, que deu um chapéu em Hillary, retrucou para o um, que fez uma embaixada e botou na frente do gol: os centroavantes Ahmadinejad e Erdogan conseguiram evitar bater cabeça, e cabecearam juntos para as redes. Gol do Brasil!!!!, numa jogada que deixou tiririca a galera do contra que, dos camarotes da mídia conservadora, jurava que não ia dar certo e só falava em gafes do time brasileiro.

    A turma da miopia congênita levantava tudo que era argumento possível contra a participação do Brasil na tentativa de abrir uma porta para que se resolva o impasse nuclear do Irã. Dizia ela que o Brasil não tinha nada a ver com isso, que a questão nuclear no Oriente Médio não interessava ao Brasil (!), que era uma questão menor (!!), que o Brasil não tem qualquer interesse no Irã, etc. e tal. Ficaram roendo as unhas até os cotovelos e mordendo pé de mesa.

    Nem tudo são flores no Irã liderado pelo Conselho dos Aiatolás (que é onde está de fato o poder) e por Ahmadinejad, um político esperto de estilo populista que se posicionou no espaço vazio entre a política religiosa do país, o povão ainda assolado pela pobreza, a classe média emergente e o cenário internacional, onde pretende despontar como um líder de âmbito regional, mas de alcance internacional.




     

    Este é o nó da questão. O Irã, com uma das maiores reservas de petróleo e gás do mundo, com reservas de urânio consideráveis, um parque industrial já significativo, 70 milhões de habitantes mais ou menos, um PIB de 336 bilhões de dólares, pode vir a se tornar uma potência emergente, desestabilizando área onde os Estados Unidos e seus aliados mantém um controle instável sobre governos – todos, não só o Irã – questionáveis do ponto de vista de uma democracia.

    É claro que o campeonato não terminou. Possivelmente os governos norte-americano e israelense farão tudo para desacreditar o acordo feito entre a Turquia e o Irã, com o aval e a mediação do Brasil. É claro também que Turquia e Irã terão de se concentrar em honrá-lo. Se não fizerem, a partida será anulada. É muito possível também que os Estados Unidos queiram impor, através do Conselho de Segurança da ONU, novas sanções ao Irã. Mas já ficou mais complicado obter a carta branca pró-ativa que queriam da Rússia e da China.

    De certo modo, há uma certa necessidade por parte dos “grandes” ocidentais do Conselho de Segurança, de impor sanções ao Irã. É uma demonstração de força, por parte de países cuja hegemonia, sobretudo a dos EUA, indiscutível no plano militar, vem sendo cada vez mais posta em dúvida no plano político. O que Hillary Clinton pretendia, além de conter o ímpeto do Irã, era “realinhar” o seu time, muito disperso e tomado por disputas internas, como a da França e da Alemanha em torno do euro. É verdade, ela terá razão em reclamar: a jogada do Brasil atrapalha esse esforço, não resta dúvida. Mas não custa lembrar que o assunto está na competência do Brasil, que ora tem um mandato temporário de dois anos no Conselho de Segurança da ONU.

    Aos descontentes com os novos ventos na política externa brasileira, resta ainda o argumento de que tudo isso não passa de uma encenação para que Lula ganhe o prêmio Nobel da Paz. É cedo para fazer prognósticos. Mas e daí, se ganhar? Aí não haverá cotovelo nem unha que chegue.
     
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