quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Empresário e o Operário - A parceria que acordou o Brasil

“Zé, nós subimos a rampa juntos, nós vamos descer juntos”
Presidente Lula para o Vice José Alencar

Clique na foto para ampliar
Na sexta-feira, 29 de outubro, quando o fotógrafo Ricardo Stuckert entrou no quarto do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o presidente Lula já estava conversando com seu vice, José Alencar, internado para mais uma sessão de quimioterapia. “Meu helicóptero chegou dez minutos depois”, explicou Stuckert ao blog. No quarto também estavam Marisa, mulher do vice-presidente, e o médico Roberto Kalil.

Lula e Alencar conversavam sobre a festa de aniversário do presidente, realizada na quarta-feira, em Brasília. Na ocasião, foi exibido um DVD com depoimentos de um neto de Lula, de sua mulher, Marisa Letícia, e do vice, que emocionaram o presidente. Alencar, desanimado, lamentou não ter participado da festa, por ter reiniciado, mais uma vez, o tratamento contra o câncer.

Foi quando Lula disse: “Zé, nós subimos a rampa (do Palácio do Planalto) juntos, nós vamos descer juntos”. Alencar se emocionou, levando o presidente a fazer o gesto captado pela lente do fotógrafo.

Stuckert acompanha Lula como fotógrafo da Presidência desde o primeiro dia de governo e vai deixar o Planalto no dia 1º de janeiro de 2011.

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O Vice que entrou para a História

O José Alencar entra para a história do Brasil como o empresário (apesar de mineiro e conservador) que melhor entendeu a necessidade da mudança política no nosso país. Ele acreditou, e passou um "cheque em branco" para o  programa do Lula, o que evitou um choque maior, para o Capital, da candidatura do petista. Que sensibilidade, que percepção aguda do momento político!!! Quanta dignidade!!! Lula, um operário, sindicalista, político orgânico; Alencar, um empresário, rico, bem sucedido, e  com a sintonia mais fina do que os economistas e  todos os jornalistas especializados. Se o Lula foi o que foi (e eu amo o Lula e o Lulismo), ele não o foi sem o peso do apoio do José Alencar. O Brasil contou com dois gigantes no comando do país nesses oito anos! Eu votei no Lula desde 89, e voto na Dilma de novo amanhã, mas vejo que a Dilma tem essa responsabilidade nas costas, pq o seu vice não me parece um segundo José Alencar... Que pena...
via blog Luiz Nassif
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Fonte da Foto: UOL Notícias - Fotos

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Lula e a criação do mercado de massa

Via Blog do Luis Nassif
Enviado por luisnassif,
qua, 29/12/2010 - 10:33

A grande discussão acadêmica do momento é se o governo Lula inaugurou uma nova era – ao consolidar uma economia de massa – ou se foi uma continuidade do governo FHC.

O divisor de águas é a formação da sociedade de massas, com a inclusão econômica e política, definindo uma nova etapa no desenvolvimento brasileiro, um novo paradigma para as políticas públicas.

Na primeira metade dos anos 2000 escrevi um conjunto de artigos explorando esse tema – e que acabaram se constituindo na espinha dorsal do meu livro "Os Cabeças de Planilha".

Não é um livro de historiador. É um livro de jornalista com alguns "insights" que, creio eu, só agora estão tendo desdobramentos junto ao mundo acadêmico. Um deles, o da reavaliação do "encilhamento", ainda não foi suficientemente cinzelado pela Academia, especialmente a estratégia política em torno da remonetização (introdução de um novo padrão monetário) da economia – que seria seguida no Plano Real. Há bons livros analisando os erros, mas nenhum casando os erros com a estratégia de tomada de poder por parte de Rui Barbosa - que serviu de base para o modelo desenhado por Gustavo Franco para o Real.

O ponto que, agora, domina o debate acadêmico – graças aos estudos do André Singer – é o do impacto político e econômico da formação de uma economia de massa. Já tinha delineado no meu livro.

No "Cabeças de Planilha" trabalho o conceito de "janelas de oportunidade" na vida dos países, aqueles momentos únicos que, sendo aproveitados, lançam o país em um novo patamar; não sendo aproveitados, entram na cota do desperdício histórico.

Identifico três janelas na história do país, todas elas relacionadas com a possibilidade de ampliação dos mercados econômico e político, através da inclusão de novas massas - o mesmo conceito aprofundado por Singer para analisar o governo Lula.

A primeira, o período da Proclamação, onde se junta a Abolição e a política de atração de imigrantes. Ali se poderia ter dado o primeiro grande salto na criação de uma sociedade moderna. Morreu devido aos erros do Encilhamento, à falta de políticas públicas que ajudassem na inclusão dos libertos, e as enormes dificuldades colocados no caminho dos imigrantes. Em vez de um salto, criaram-se as bases para a vergonhoso concentração de renda que dominaria o século 20. Enfim, havia falta de elite.

A segunda grande janela se deu na segunda metade dos anos 60. O processo de industrialização ganhara fôlego, tivera início o grande movimento de urbanização, acelerado pela seca no nordeste. A falta de uma política agrária, de fixação do homem no campo, a carência de investimentos nos sistemas de educação e saúde, em vez de um salto no mercado trouxeram o inchaço das grandes metrópoles. Quando esgotou-se o modelo exportador e o salto do "milagre", não havia mercado interno para sustentar o crescimento.

A terceira janela de oportunidade desperdiçada – dizia eu no livro – foi justamente o Plano Real.
Em geral abre-se a oportunidade de grandes movimentos de mobilidade social ou em eventos políticos traumáticos (como na Proclamação) ou em grandes desastres geográficos.

Com o Real, FHC recebeu o prato pronto, de presente [de Itamar Franco, é lógico]. O fim da inflação trouxe para o mercado de consumo milhões de brasileiros, sem traumas políticos, sem tragédias ambientais. E isso em um momento de grande reorganização da estrutura das multinacionais, com o Brasil despontando como um dos países sede das unidades produtivas.

Esse movimento foi abortado porque inclusão social, criação de bases sólidas econômicas, nunca fizeram parte das prioridades de FHC. E essa história de que primeiro precisaria consolidar a estabilidade monetária não resiste aos fatos.


Têm estudos de Edmar Bacha, no primeiro semestre de 1995, admitindo que a luta contra a inflação já tinha sido completada e que, agora, seria o desenvolvimento. Impôs-se a estratégia de criação de grandes grupos financeiros à custa da apreciação do real. O contraponto tímido - de pessoas como Luiz Carlos Bresser Pereira e José Serra - se dava no campo do desenvolvimentismo tradicional, jamais na ampliação de políticas sociais como base para um novo mercado de massas.

Os poucos avanços que ocorreram em educação e saúde foram decorrência exclusiva da Constituinte, que criou transferências obrigatórias para o setor. Durante toda sua gestão, o Ministro Pedro Malan tentou acabar com a vinculação.

Digo isso para salientar que é falsa a ideia de continuidade entre FHC e Lula na criação desse mercado de massa. E de que consumou-se com Lula porque as condições sociais e políticas impuseram-se por si próprias.

FHC jamais implementaria esse modelo, em nenhuma circunstância, porque não fazia parte de suas prioridades. Aliás, quem leu a entrevista com ele, com que fecho meu livro, perceberá uma absoluta ignorância de FHC em relação a pontos essenciais desse novo modelo, que o livro percebia latente, mas que só se materializou nos últimos anos. Sua única visão de país consistia na geração de grandes grupos financeiros, internacionalizados, que avançariam levando o país consigo.

Assim, considero correta a avaliação de que a grande marca de Lula, que mudou o Brasil no plano econômico, político, regional, foi o da criação do enorme mercado de massa, político e econômico. Esse é o divisor de águas, a mudança de paradigma. Volto a falar do tema nos próximos capítulos.

Fonte: Blog Luis Nassif 

Leia também:

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A entrevista de Lula à rede TV

A menos de 15 dias de deixar a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderá ser candidato novamente ao Palácio do Planalto. Em entrevista ao programa "É Notícia", da RedeTV!, Lula respondeu se voltaria a disputar a Presidência um dia: "Não posso dizer que não porque sou vivo. Sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária".

Fez uma ressalva: "Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom governo e, quando chegar a hora certa, a gente vê o que vai acontecer".

Na entrevista, que foi ao ar na madrugada de hoje, Lula ainda fez reparos à política de Barack Obama, lembrou momentos ruins do governo, como as saídas de José Dirceu e Antonio Palocci, e defendeu a política econômica.

Volta ao Planalto

"A gente nunca pode dizer não. Eu fico até com medo, amanhã alguém vai assistir à tua entrevista, e dizer que Lula diz que pode ser candidato. Eu não posso dizer que não porque eu sou vivo, sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária".
"O Brasil tem uma gama de líderes extraordinários. Tem a Dilma [Rousseff] que pode ser reeleita tranquilamente. Você tem [os governadores] Eduardo Campos, Jaques Wagner, Sérgio Cabral. Tem a oposição do Aécio [Neves, senador do PSDB de Minas]. Tem o [ex-governador José] Serra (PSDB-SP), que diz que ainda vai fazer oposição. O que não falta é candidato. É muito difícil dar qualquer palpite agora".

"Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom governo e quando chegar a hora a gente vê o que vai acontecer".

Crise do Senado


Disse que a crise do Senado, em 2009, foi tentativa de golpe da oposição e que apoiou José Sarney para manter "a institucionalidade".

"O que estava acontecendo ali era uma tentativa de golpe no Senado para que o vice, tucano [Marconi Perillo, de Goiás], assumisse. É lógico, só um ingênuo é que não percebe as coisas".

Dirceu e Palocci

"Na Casa Civil, teve uma dubiedade entre o animal político que o Zé Dirceu era e a necessidade de ser o gerente do governo. Na minha opinião, era peso demais para uma pessoa tocar".

"Devemos muito ao Palocci. Era preciso ser como o Palocci foi naquele primeiro momento. Fiquei nervoso com o Palocci quando, em 2005, a economia caiu muito. (...) Ele reconheceu que houve exagero no endurecimento".

Mantega e Meirelles

Lula disse ser "grato" ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: "Pode ter críticas de que houve erro aqui, demora ali, mas, quando você vai fazer uma síntese, percebe que a fotografia é mais positiva do que negativa".

Mensalão


Voltou a dizer que, quando deixar a Presidência, vai "estudar um pouco o que aconteceu no período". "Não acredito [que houve compra de apoio de parlamentares]".

Diz que foi "lambança eleitoral" e que petistas deveriam ter assumido isso. "Agora, passados cinco anos, de cabeça fria, vou reler a imprensa. Vou ver o que aconteceu em cada jornal, em cada revista, para que a gente possa remontar, [fazer] um juízo de valor do que aconteceu".

Papel de Marisa


O presidente contou que a primeira-dama, Marisa Letícia, "dá palpite" sobre governo. "A Marisa fala das coisas que sente e normalmente tem razão, porque ela fala coisa que o povo pensa".

"Vou dar um exemplo de coisas importante em que a Marisa me ajudou. [Na campanha de 2006] Marisa era a maior incentivadora que eu tinha que ir para os debates, que eu deveria triturar meus adversários. Eu achava que eu não deveria ir, mas ela estava certa."

Obama


Lula disse ser "fã" do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. "Ele só tinha que ter a ousadia que o povo americano teve votando nele. Recebeu uma herança maldita do governo Bush. O país quebrou. Como não tomou as atitudes nas horas certas, vem para as costas dele. Eu dizia para ele: 'Presidente Obama, se você não fizer as coisas na hora correta, daqui um ano essa crise está nas tuas costas'. Porque a crise era do Bush".

Vida de presidente

"O mais doloroso é a vida de um presidente. A vida de um presidente é muito solitária".
"Tem o dedo de Deus nessa coisa [ter sido eleito presidente]". "O preconceito raivoso de setores conservadores da sociedade brasileira me fez mais forte, pois eu tinha que provar todo santo dia que eu tinha que ser mais capaz do que eles".

Pós-Presidência


"Vou descansar. Tirar umas férias que não tiro há 30 anos. Uns dois meses num lugar onde eu não tenha que fazer nada, discutir política, fazer absolutamente nada".

"Normal eu nunca mais vou ser, mas um brasileiro o mais próximo da normalidade possível. Vou conseguir". "Vai ser bom para o Brasil, vai ser bom para a Dilma, vai ser bom para todo mundo se eu ensinar como um ex-presidente tem que se portar".

"Quero tirar tudo da Presidência de dentro de mim. Preciso voltar a ser o Lula. Voltar a ser um cidadão mais próximo da normalidade possível. Se deixo a Presidência dia 1º e dia 2 começo a dar palpite na política, eu vou estar tendo ingerência em coisa que eu não devo".


A Entrevista de Luis Nassif

Do blog Ze Dirceu
via blog Luis Nassif 
a pedido de Sanzio
Sanzio
Nassif,
Tenho entrado no blog meio esporadicamente, então posso ter passado batido, mas penso que você deveria postar aqui sua entrevista ao Zé Dirceu


Oposição levará anos para se refazer no país 


A conclusão é do jornalista especializado em economia Luis Nassif, em sua análise sobre a disputa presidencial deste ano e, sobretudo, da campanha suja explorada pela oposição e seu candidato derrotado José Serra (PSDB-DEM-PPS) em 2010.

Nassif e Jose Dirceu durante a entrevista
Em uma avaliação suscinta, nesta entrevista, Nassif aponta o que deve ser mudado no panorama econômico do país, em especial nas áreas de câmbio e juros. Traça, também, um perfil da mídia brasileira no decorrer dos últimos anos e do papel lamentável a que se prestam alguns jornalistas.

Para Nassif, a imprensa hoje é linha auxiliar de partidos políticos, uma realidade que pode e deve ser combatida com concorrência e, sobretudo, um marco regulatório para que direitos elementares, como o de resposta, sejam garantidos à sociedade.

Um dos blogueiros mais respeitados do país (acesse o blog do Nassif), ganhador de vários prêmios, como o de "Melhor Jornalista de Economia da Imprensa Escrita" dado pelo site Comunique-se em 2003 e 2005, Nassif também fala da força da Internet hoje em termos da liberdade de imprensa e de garantia de maior democracia.

[ Dirceu ] Nassif, gostaria que você fizesse um balanço da campanha eleitoral deste ano, em especial, do papel assumido pela oposição ao governo Lula e pelo candidato derrotado nas urnas, José Serra.

[ Nassif ] Do ponto de vista estratégico, a partir do momento em que ficou claro o projeto político e econômico do governo Lula, de somar todas as forças, solucionar os conflitos entre as classes e priorizar o desenvolvimentismo, a oposição ficou absolutamente sem discurso. E a crise de 2008 foi fundamental para isso.

Eles entraram na campanha com certa unidade em torno de questões como o aparelhamento e a redução do Estado. Um discurso do ideário neoliberal, vazio, mas tido como aglutinador das “bandeiras” da oposição. Este poderia ter sido o contraponto ao projeto do governo. Mas, a partir do momento em que José Serra assumiu a candidatura oposicionista, não se tem mais oposição, apenas impulsos. Serra tornou-se uma biruta de aeroporto. A impressão que dá é que ele hibernou no começo dos anos 90 e somente agora acordou. Ele não tem nenhuma proposta inovadora e nenhum tema. A única questão apresentada - e que não é dele, é coletiva – foi a da política do câmbio. Mas nem esta o Serra soube desenvolver.

Assassinato de reputações

Sem discurso e incapaz de se posicionar no Centro-Direita - que lhe seria o mais adequado – o tucano partiu para a única coisa eficiente feita por eles nesta disputa: a campanha pela internet. Apesar de, com ela, ter estigmatizado toda a oposição. Um grupo de franco atiradores começou a ser montado há quatro anos para isso. Na realidade, um partido de milicianos de Santa Catarina, que já tinha uma estrutura a oferecer, foi o responsável por uma das páginas mais sujas da história política brasileira, de ataques difamatórios e tentativas explícitas de assassinato de reputações.

Não é à toa que quando terminou a eleição, a grande preocupação não foi com a oposição, mas como reconstruí-la. Oposição é fundamental em qualquer governo, desde que seja legítima. O mal que o Serra fez à oposição brasileira é imensurável. Ela levará anos para se refazer.

Reforma para dar eficiência ao Estado

[ Dirceu ] A vitória da presidente eleita Dilma Rousseff ocorreu com o compromisso de que ela dará continuidade ao modelo de desenvolvimento implantado pelo governo Lula. Na sua visão, o que deve continuar e o que deve mudar já?

[ Nassif ] Nos últimos anos, tivemos mudanças importantes na ação federativa. Havia alguns insights no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, de como montar políticas ouvindo todas as partes. Com o PAC, o programa "Minha Casa, Minha Vida" e o trabalho no saneamento etc, conseguiu-se montar um modelo federativo com projetos que se aplicam independentes de questões partidárias.

Agora, precisamos de uma reforma para dar eficiência administrativa ao Estado. Se pegarmos a estrutura pública, ao longo dos últimos oito anos, vemos que houve uma reconstrução de estruturas técnicas. Por ser tudo gambiarra, elas se concentravam na Casa Civil, até para ter efetividade nas ações. Precisamos, portanto, de uma reforma moderna do Estado, à semelhança do que [Nelson] Rockefeller fez nos Estados Unidos nos anos 50. Este é o primeiro ponto.

O segundo ponto, sem dúvidas, é o Banco Central. Mudar essa ideia de termos quatro anos para reduzir a relação dívida/PIB. Até porque a equipe [econômica] para reduzir os juros vai ser atropelada pelos fatos. A minha esperança é que o discurso de que tudo será gradativo seja simplesmente tático, porque você não pode anunciar previamente o que será feito, já que a área é nervosa. Mas, reduzir mais rapidamente essa relação dívida/PIB é fundamental. A herança maldita do governo FHC para o governo Lula foi o desastre da desindustrialização; já a do Lula para o governo Dilma é a manutenção desta política cambial. Todos os avanços que tivemos foram fantásticos, mas esta questão atrasou o Brasil em quinze anos, no mínimo.

[ Dirceu ] Como você avalia a atuação do BC na era Meirelles? O que esperar do novo presidente Alexandre Tombini?

[ Nassif ] O [Henrique] Meirelles é um fanfarrão. Antes de assumir o Banco Central, em algumas palestras nos Estados Unidos, ele comentava sobre a importância do câmbio para garantir o crescimento. Depois, assumiu a presidência e uma posição de dificultar a redução dos juros. O Tombini é tecnicamente muito mais sólido. Como é seguro tecnicamente, ele se dá ao direito de ser mais flexível no sentido de não tratar dogmaticamente a política monetária. Temos que mudá-la em muitas coisas. Se deixar como está, hoje, a existência de metas de inflação e só juros para segurar eventuais descontroles, em qualquer hipótese, não tem contas públicas que resistam. Há outras ferramentas que podem ser utilizadas sem concentrar renda.

Querem manter os juros elevados com a justificativa de alta da inflação provocada, principalmente, pelos alimentos. Alimento não tem nada a ver com demanda ou excesso de demanda, que é onde a política monetária atua. Mas, há todo um coro neste sentido, para que eles possam aumentar os juros. Temos que mudar o sistema de metas de inflação e, principalmente, tem que aumentar o escopo, o número das pessoas que definem a política monetária. Não podemos concentrar isso só em dois diretores do Banco Central, como é hoje, porque isso é uma loucura.

Em dezembro de 2008, eles falavam de economia sólida. Quando se tem grandes inflexões na vida econômica do Brasil, os indicadores só aparecem dois, três, quatro meses depois. Então, o negócio estava desmanchando aqui e eles diziam “não, o mercado ainda tem confiança”. Mas os dados (que posicionavam o mercado) eram de dois meses antes.

Na realidade, essa sensibilidade para entender a economia depende de uma mudança na composição do Comitê de Política Monetária, o COPOM. É preciso ter como nos Estados Unidos, análises regionais. E incorporar industriais, sindicatos, supermercados e economistas de outras linhas também. Não para ter um embate teórico, mas visões diferentes sobre uma mesma realidade econômica. Fora isso, o Banco Central tem que recuperar instrumentos tradicionais de política monetária. Hoje é tudo jogado nas costas dos juros.

Se tem excesso de demanda, como eu posso reduzí-la? Aumentar o compulsório é uma maneira. Reduzir prazos de financiamento, outra. Usar o IOF uma terceira. Então, você não carrega nos juros. Mas como estes criaram toda uma legião de beneficiados, nós temos todo o carnaval de analistas, que conhecemos bem, fazendo o mesmo discurso: para que joguem tudo nos juros.


Banco Central: só é penalizado se errar por baixo


[ Dirceu ] Daí que o nosso Banco Central, ao contrário do que acontece nos EUA, não tem metas para emprego, para que nossa política econômica gere determinado número de empregos/ano, por exemplo.

[ Nassif ] Não tem. Com isso, acontece um negócio maluco. Se você estabelece uma meta inflacionária e erra os juros por cima, não é penalizado. Só é penalizado se errar por baixo. É o mesmo que pegar, digamos, o exemplo de um médico. Uma criança tem uma infecção e se esta não ceder, o médico é culpado. Mas, se ela ceder o médico é inocente mesmo que tenha aplicado excesso de antibióticos que irá afetar outros órgãos da criança. É isso o que acontece. Você não tem penalização para erros por cima dos juros. Com isso, neste ano, o BC saiu do controle do Meirelles. O Tombini passou a atuar mais depois que reconheceu esses erros. Inclusive, no começo do ano, quando tinha uma inflação de (preços dos) alimentos. A inflação era nitidamente decorrente da alta dos alimentos, mas todo mundo pressionava o BC querendo aumentar juros. Isso para chegar em março e ter deflação.

Então, não adianta pegar um presidente do Banco Central com maior preparo, tem que mudar o sistema de apuração de dados. Mas, a internet fará essa mudança. Qual o modelo hoje de mapeamento de juros altos? Você tem lá alguns economistas de mercado que repetem os mesmos modelos. Pega o (ex-ministro da Fazenda) Mailson da Nóbrega que, em termos teóricos, repete o mesmo bordão. O Estadão, que tem a melhor cobertura dos jornalões na parte de economia, mostra dados dogmáticos. Por que ele mostra todo um processo de desindustrialização? Porque no final, ele tem que pagar o lobby para o mercado. Colocam o Eduardo Gianetti da Fonseca que não é macroeconomista, e o Mailson para dizer que o responsável são os gastos públicos. É uma maluquice. Ouçam o Roberto Gianetti da Fonseca que conhece lei industrial.

Há economistas que repetem esses bordões, fazem um carnaval e são eles que vão para os jornalões. O mercado, mesmo não acreditando, endossa o que é dito, porque o negócio do mercado não é acertar a inflação, mas o que o BC está pensando sobre ela. Então, caímos num modelo viciado. Não adianta aprimorar este modelo. Ele, em si, é furado.

[ Dirceu ] No Brasil nunca se aplaude a redução de juros.

[ Nassif ] Nunca. É uma coisa maluca. Em 1995, os juros foram para 45% ao ano porque o Brasil estava com as contas desequilibradas. Entra o Gustavo Loyola falando o seguinte: “nós precisamos descer gradativamente, porque se precisar subir, fica parecendo recuo”. Mas que gradativamente? Não existe isso! Você tem uma crise, joga os juros lá pra cima; acaba a crise, precisa baixar.

Ele falava de um jeito que parecia que tinha ciência atrás desta informação. E, pior, ele passava à opinião pública aquela ideia. Como nós fizemos magia com vários planos econômicos que não deram certo, ele passava para a opinião pública que uma “redução gradativa” significava caminhar lenta e firmemente em direção ao futuro. O que era uma bobagem. Na verdade, significou caminhar “lenta e firmemente” em direção à maior dívida pública da história - a maior. Vejam, os [governos] militares tinham uma dívida pública, mas tinham também ativos, das indústrias que foram criadas, das ferrovias. Então, [depois deles] se pegarmos em termos líquidos, criou-se esta dívida, mas sem contrapartida de ativos. Pelo contrário, reduziam os ativos, vendiam estatais e tudo, para pagar esses juros.

[ Dirceu ] Dobraram a dívida interna ao invés de reduzi-la em US$ 100 bi. Venderam US$ 100 bi (em estatais) e essa venda pagou juros. O Gustavo Franco [na presidência do Banco Central do 1º governo FHC] pagou 27,5% de juros reais durante três anos sobre a dívida pública.

[ Nassif ] Um absurdo.

Em 2002, no ano da eleição do Lula, eu publiquei um artigo descendo o pau nos juros. O Mailson [da Nóbrega], em um artigo, na realidade baseado em trabalho da Secretaria do Tesouro, dizia que a maior razão do aumento da dívida interna foi a incorporação das dívidas dos Estados. No artigo, ele desafiava: agora quero ver criticarem a Secretaria do Tesouro! Vocês sabem o que a Secretaria do Tesouro fez naquela época? Pegou a dívida dos Estados, mas antes de incorporá-las não considerou o aumento que esse endividamento havia sofrido em decorrência dos juros do Banco Central.

O caso de São Paulo era muito interessante. São Paulo devia R$ 50 bi para a União. Começou a negociar, mas um tempo depois de começar, na data de corte (fechamento da negociação) a dívida estava em R$ 100 bi – R$ 50 bi eram juros do BC. Como demorou mais, não sei quanto tempo para fechar a negociação, fechou-a em R$ 150 bi. Aí, eles consideraram e foram incluídos R$ 100 bi como dívida estadual, e não como resultado dos juros, quando eram decorrentes de juros. E, mais, pegaram R$ 150 bi e todos os juros que incidiram sobre essa dívida para dizer que se tratava de dívida de Estado e não [decorrente de] uma política do Banco Central.

Quando li aquilo, liguei para a Secretaria de Tesouro para ver quem fez o trabalho. Demorei três dias tentando encontrar o cara (responsável) pelo trabalho. Quando encontrei ele reconheceu: “é, nós discutimos aqui, achamos que poderia dar margem para dúvidas...” Eu respondi: “que margem para dúvidas? Vocês manipularam, está errado!” As dívidas dos Estados eram sempre a dívida dos títulos da União, mas com juros muito altos. E todos os Estados estavam com dívidas. Com isso, a União chegou a cobrar 45% em certo período - nos Estados chegou a 60% ao ano. Uma loucura. Esse foi o maior crime de política econômica já cometido. Tanto que amarrou o Brasil por quantos anos? E está aí ainda.

[ Dirceu ] Estamos pagando 10,75%. É uma pancada. Somados dão mais do que o orçamento da Educação.

[ Nassif ] Agora, foram deduzindo os juros, mas a base estava lá em cima. Ainda hoje dizem: "se não fossem os juros, não teríamos segurado a inflação”. Mentira! Eu fiz um trabalho por baixo em março/abril de 1995 em que dizia que aquela inflação já era fato passado e nós precisávamos cuidar do desenvolvimento. A manutenção de juros até 1999 foi exclusivamente para consolidar um modelo político que o Fernando Henrique implantou com o Gustavo Franco. Um modelo que criou e fez uma brutal transferência de renda para que novos grupos conduzissem a reformulação da economia. Quando você pega Ignácio Rangel [economista, considerado um dos maiores analistas do processo econômico brasileiro] vê que todos esses períodos de inflação, essa jogada de mercado, permitem enriquecimento de um pessoal mais ativo que leva a um salto na economia. A ideia desses mandraques, na realidade, era política: criar grandes grupos para consolidar o poder independente do Estado. Com isso, eles jogaram o projeto deles fora – não foram mais eleitos - mas atrasaram o país durante anos.


[ Dirceu ] A respeito da crise européia, quais lições podermos tirar das medidas de socorro? O que o Brasil deve evitar neste caminho da Europa?

[ Nassif ] Um ponto em que o BC atuou quase bem – mas não foi bem de tudo – foi na regulação bancária para impedir grandes loucuras. Apesar dele próprio ter praticado uma loucura, que quase leva essas medidas abaixo, que foi permitir aquele swap reverso, aquelas operações especulativas bancadas por ele. Quando você começa a jogar o câmbio para baixo. Quem ganha? Quem tem voz política. As grandes empresas exportadoras. Para abafar essa voz política, eles criaram o swap reverso. Quando o câmbio caia ps exportadores perdiam na operação principal e ganhavam na operação financeira. Isso é loucura. Os jornais enchem o saco quando falam do subsídio, mas quando reverte o câmbio você tem toda essa quebradeira.

Fora esse pecado, o BC atuou muito em termos de regulação para impedir grandes loucuras. Agora, quando se pega o próprio FMI e aquele apoio dado em 1998 ao Brasil, você tem um jogo especulativo de grandes ganhos por parte dos grandes investidores. Esses ganhos embutem uma parte de risco e quanto maior o ganho, maior o risco. A questão é que estas operações quando entram para valer reduzem o risco e a perda dos grandes investidores, além de jogar a conta no ajuste fiscal - este pega a população de calça curta. Isso é complicado.

Quando você pega o mercado, eles dizem que a política é o que amarra o país. É o contrário, a política é um instrumento mobilizador. E ela que irá estabelecer, daqui para frente, os limites à ação deletéria dos mercados. No fundo, o próprio Fernando Henrique acabou perdendo o poder ao achar que ia montar uma estrutura em que o mercado ganhava e a população perdia.

Na Europa, o que estamos vendo é uma gambiarra. Terão que fazer a penalização dos credores, como fez a Argentina.


[ Dirceu ] Não está havendo nenhuma penalização, pelo contrário. Para salvar os bancos europeus, a Alemanha, como tinha condições, resolveu os problemas. Já tinha pactuado o modelo de baixar a participação do trabalho na renda nacional, aumentar a produtividade e não o salário, e diminuir o custo de programas sociais. Agora, eles farão o corte e, nestes países, será dos benefícios sociais. Depois o imposto aumenta para todo mundo e não só para os mais ricos. Todo mundo paga.

[ Nassif ] Vamos pegar os EUA. Não o da crise, agora, mas o modelo norte-americano das últimas décadas. Houve a entrada de uma nova indústria, uma nova economia - de serviços, informática etc.

O que aconteceu é que eles pegaram todos os setores atrasados, terceirizaram a mão-de-obra de obra, abrindo espaço para que as empresas pudessem ir para outros países. O modelo é interessante porque ficaram só com os grandes empregos. Mas quando chegaram no final do processo, aquele modelo não garantiu a empregabilidade. Sem garanti-la não existe mais mercado interno. Então, os países que ficaram com as indústrias de “menor qualidade” foram aqueles onde se formou o mercado interno. São eles os grandes vencedores da crise.

O modelo americano que levou os EUA a se tornarem o que foram, no final das contas, foi um modelo que privilegiou o mercado interno, a incorporação de novas marcas e que permitiu a criação de uma sociedade de consumo lá no século XIX e transformou o país na maior potência no mundo.

Outro ponto: a Organização para o Comércio e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) está querendo mudar os critérios da contabilidade de dívidas no Brasil. Diz que é para ser mais transparente. Mas eles não têm transparência nenhuma. Europeu querer ensinar a gente a ser transparente em termos fiscais, como quer a OCDE, é piada... O José Roberto Afonso, o pai da lei de reforma fiscal, foi para a Alemanha, há dez anos, para ver como era a contabilidade de estados e municípios lá. Voltou espantado. Nós damos de 10 a 0 em termos de transparência. No Brasil, a questão da responsabilidade fiscal sempre foi um calcanhar de Aquiles, obrigou-nos a um esforço de transparência fiscal que hoje é mais rigorosa do que em muitos outros países.

O PROER [programa de socorro a bancos do governo FHC] foi importante em si, mas aquela crise bancária que ele ajudou a passar, foi fruto da política monetária do 2º semestre de 1994. De qualquer modo, todas as crises bancárias obrigaram o Brasil a ter um sistema bancário rígido, no qual, quando estoura a crise, tem conseqüências.


A grande Imprensa - O PIG


[ Dirceu ] Mudando de assunto, o que aconteceu com a grande imprensa brasileira? O que a levou a tomar esse rumo e a tornar-se um verdadeiro partido político?

[ Nassif ] Quando você pensa em termos globais, a internet cria uma extraordinária zona de segurança para a mídia. Quem são os grupos que terão audiência? Os grandes grupos midiáticos, obviamente, e também toda uma constelação de blogs, de sites que produzirão conteúdo. Quando a velha mídia percebeu que ia entrar grandes players neste mercado, grupos de telefonia, entretenimento, tudo...

No Brasil, a imprensa é auxiliar de partido político. Na realidade, na América Latina, com a redemocratização, a imprensa se transformou no ator político mais relevante dos últimos 20 anos. Derrubava presidentes, senadores, demonizava pessoas – você é o exemplo vivo disso; o Sérgio Motta [ministro de Comunicação de FHC], o exemplo morto.

Ao longo da história do Brasil, a imprensa se comportou da mesma maneira que setores políticos. Nosso país já está em uma nova conjuntura, mas ainda preserva o poder político da etapa anterior. Então, eles (os jornalões) tentam transformar o poder político em um diferencial para impedir a competição.

Em 2005, especificamente, eles acharam que poderiam voltar aos tempos de glória do impeachment [Fernando Collor de Melo] difamando o presidente Lula. Montaram um pacto em torno do Fernando Henrique e do Serra. E achavam que poderiam eleger o Serra ou um outro presidente que através de medidas de regulamentação [da mídia] os ajudassem a fazer a travessia para o novo modelo.

Também tentaram repetir o próprio impeachment que deu certo em 1992. Qual era o modelo? Criar um escândalo por dia. Como não têm capacidade de criar um escândalo consistente, transformam algo banal em um escândalo ou inventam um. Com o tempo, esperavam uma eclosão dos caras-pintadas - estes iriam para a rua derrubar o governo. A ideia foi essa. Mas, não tiveram pique para derrubar o Lula em 2005, e em 2006 o Lula já começou a recuperar a popularidade. Com isso, perderam o rumo.

Nós tivemos uma grande sorte porque o pessoal que conduziu essa operação, talvez, seja a mais medíocre geração de diretores de redação desde que eu entrei no jornalismo. A sorte é que era um bando de amadores deslumbrados, que começaram a mostrar sua vulnerabilidade quando ficaram no poder nas redações. Começaram a querer virar intelectuais, montaram esquemas com editoras para vender livros. O Ali Kamel escreveu um livro que consideraram “um dos dez livros mais importantes da década”. Total perda do senso de ridículo.

O Diogo Mainardi e o Reinaldo Azevedo foram colocados para atuar como franco atiradores. Você os coloca ali, levanta a bola deles... E o que vimos foram coisas fantásticas. Houve até um que foi considerado o novo Carlos Lacerda. Outro escreveu que o livro do Reinaldo deveria ser adotado pelas cadeiras de ética de todas as faculdades. Na realidade, não entenderam que o Brasil é maior. Acharam que depois dos ataques desqualificadores iam intimidar a todos. Mas meia dúzia de malucos resolveram enfrentar a fera e a internet serviu para isso também.

[ Dirceu ] Concorrência neles!

[ Nassif ] É isso mesmo, porque o medo deles não é da CONFECOM (1ª Conferência Nacional de Comunicação), mas das empresas de telefonia. Se você tirar três pernas distorcidas e ilegais que sustentam esse modelo, ele desaba: a estrutura de veiculação publicitária; a manipulação de tiragem e de audiência; e a publicidade legal, os balanços de empresas.

A primeira perna: a estrutura de veiculação publicitária. Da forma como é feita, de contratos com agências de publicidade, é crime de direito econômico. Hoje, quem faz essa distribuição de verbas por agências de publicidade, os diretores de marketing, fazem parte de uma estrutura de poder. Isso é uma excrescência.

Segundo ponto: manipulação de tiragem e de audiência. O Instituto Verificador de Circulação (IVC) tem um jeito de apurar a circulação dos jornais que permite manipulação. A VEJA diz que tem 1 milhão e cem mil exemplares. Não tem. Ela tem 870 mil exemplares...


[ Dirceu ] A margem de erro de audiência de televisão é altíssimo também.

[ Nassif ] Você pega o Estadão. Dois ou três anos atrás, o Estadão teve uma queda de tiragem de 25%. No mesmo período, a Folha teve de 6% e O Globo de 5%. Qual a diferença entre os três? O Estadão estava precisando limpar o cadastro, limpou e ficou 25% a menos.

Uma vez, eu fui numa associação empresarial. Eles tinham uma revista que, segundo o IVC, vendia 50 mil exemplares por edição. Entra a nova direção, foram apurar e a revista vendia dois mil. O que eles faziam? O IVC tem como método de contagem contabilizar o que sai da gráfica e o que volta. Distribuiam 2 mil, alugavam galpões e jogavam 48 mil lá. A VEJA é impossível você esconder. O que eles fazem? Dão, doam. Distribuem. Isso traz a tiragem da VEJA para o real.

E o terceiro ponto das três pernas de que falei acima é a publicidade legal. Os balanços de empresa. Não tem a mínima lógica. Se sou uma empresa de capital aberto, eu mando ao acionista o balanço por e-mail ou ele pega o PDF no site. A troco do quê tem que publicar páginas e páginas de publicidade (como balanço oficial) na Folha, no Estadão, no Valor?

São três distorções. Fora as secretarias de Educação sobre as quais eles estão avançado de forma voraz. Já oferecem produtos da Abril para as secretarias de Educação.


[ Dirceu ] Em relação à regulação da imprensa? Qual sua avaliação a respeito do que o governo está construindo? Temos condições no país para fazermos a regulação?

[ Nassif ] Não se trata de regulação de conteúdo, mas do direito de resposta. É um absurdo, nós não temos direito de resposta. Estou há três anos tentando o meu, a minha resposta. Entrei com ação de Direito de Resposta na VEJA. A juíza disse que estava errado porque falava de internet e não de Lei de Imprensa. Não estava errada. Vai para a 2ª instância - mais um ano e meio. Na 2ª, disseram que estava certo. Volta para a mesma juíza da 1ª. Aí ela decidiu não julgar porque acabou a Lei de Imprensa.

Quando se fala em competição, temos que remover essas barreiras que citei. Já na questão do conteúdo, precisa ter o que há em outros países: conteúdo nacional; permitir o avanço da produção; restrições normais em relação à propaganda infantil e à violência. Temos que remover fatores anacrônicos.


Quem compõe o quadro de colunistas é o leitor

[ Dirceu ] Qual o papel das novas mídias, da internet, em relação à democratização? Como você enxerga o futuro nesse sentido? Quais os pontos positivos que devemos avançar em termos da rede?

[ Nassif ] Todo mundo está na mesma plataforma tecnológica. Isso já traz uma mudança monumental ao jogo político. Você tem um determinado número de colunistas no jornal. A Folha, por exemplo, tinha um grupo de jornalistas que compunham um poder político. Então, quando vinha uma manchete, era como se ela tivesse o endosso de toda uma estrutura de colunistas, dando credibilidade àquela matéria. Mesmo se alguns discordassem. Ao ir para a internet, o jogo é outro. Quem compõe o quadro de colunistas é cada leitor. Eu tenho os meus favoritos, eu quero o colunista X da Folha, o W do Estado, o blogueiro tal, o político Y. Então, ao compor o que vai ler, o próprio internauta elimina a manipulação. Essa é uma situação real.


Ninguém quer que os jornais acabem. Eles vão para a internet e sobrevivem. Mas aquele poder de manipulação e de gerar instabilidade política vai para o vinagre. Cada vez que sai uma manchete e uma denúncia pela internet, todo mundo sai correndo atrás de outras opiniões que vão se cruzando nos diversos grupos de discussão. Então, cria-se uma nova realidade. Isso tem o poder fantástico de desconstruir denúncias. Vimos isso durante a campanha, por exemplo, no caso da bolinha de papel [a auto-acusação infundada de José Serra de que fora agredido com uma pancada no Rio]. Eu fui o primeiro a colocar o vídeo do SBT no meu blog.


[ Dirceu ] Foi mortal.

[ Nassif ] Com isso, agora, mesmo que os jornalões tenham audiência, quando você (na internet) rebate um grande jornal, e faz com um argumento técnico, isso se espalha para todos os lados. Esse é um aspecto. Acabou o poder dos jornalões de desestabilizar a política.

Outro aspecto é que todo agente econômico hoje - sindicatos, corporações, uma tribo amazônica - terá que se preparar para a blogosfera. Com isso você quebra o circuito viciado da velha mídia que acaba pressionando o Congresso e a política econômica.


[ Dirceu ] O Congresso do Brasil é tremendamente desprestigiado pela imprensa, se comparado com o parlamento de outros países. Claro que temos um que vota no lugar do outro; o senador Efraim Moraes (DEM-PB), por exemplo, que manipulou todas as licitações e tem dezenas de empregados pagos pelo Senado; gente que emprega família inteira lá etc... Agora, do jeito que o Congresso é apresentado para a sociedade no Brasil, nunca teremos político no país com prestígio.

[ Nassif ] Pega-se a grande disputa política dos anos 90. Tinha-se o Congresso e a mídia dizendo-se representantes da opinião pública. Daí a mídia entender que tinha que manter o outro [Congresso] completamente de joelhos para poder impor suas condições.

Você está na competição imprensa x Congresso. Tem, também, o fato de que com as ONGs, o Congresso foi perdendo cada vez mais a legitimidade. Você chega numa ONG X, o cara tem muito mais autoridade do que o deputado. E com a internet é a mídia quem perde a legitimidade. Essa é a grande mudança.

Agora, o risco que se tem [na internet] é termos uma radicalização política e começarmos a ser bairristas. Quando teve a reunião dos blogueiros (agosto pp.) eu sugeri: “nós temos uma frente aqui em torno de alguns valores, os dois principais, o combate ao monopólio e a defesa da inclusão social e dos valores da civilização que foram atropelados. Agora, nós temos também todo um universo de divergências. O que temos pela frente, quando passar essa guerra aí, é mostrar que podemos divergir civilizadamente".

O universo da blogosfera é o universo das ideias. Então, tentar criar esse ambiente civilizatório em contraposição ao da selvageria é muito interessante. Um momento mágico. Isso está acontecendo no mundo inteiro, mas no Brasil, vem no bojo de mudanças muito mais radicais, com a inclusão de novas classes sociais, regionalização do desenvolvimento, a banda larga...


Fonte: Blog do Luis Nassif

Zé Serra - O Vingador

Do Panorama Político de "O Globo"

Fonte: Blog Luis Nassif

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O novo prédio da UNE - O retorno de UNE e UBES para casa

"Aqui no Brasil o Golpe de 64 tirou de algumas gerações
o direito ao debate político.
Hoje, devolvemos isso”, disse Lula. 
Chico Buarque foi profético. Talvez nunca imaginasse que o seu grito “Apesar de você” serviria para embalar o evento de lançamento da pedra fundamental do novo prédio da UNE e da UBES, que será reerguido no mesmo local daquele que foi incendiado pela ditadura. O amanhã chegou à Praia do Flamengo – 132 nesta segunda-feira.

Aos gritos de “Lula: guerreiro do povo brasileiro!” e “Olê, olá, Lulá”, subiu ao palco o presidente da república que termina dois mandatos com o mais alto nível de popularidade já registrado. Com ele, compondo as diversas cadeiras distribuídas pelo tablado que foi montado para a ocasião, estavam: o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o governador do estado, Sérgio Cabral, além de diversos ministros, senadores, deputados e líderes de movimentos sociais.

Oscar Niemeyer, com sua centenária jovialidade, também ocupou uma das cadeiras. Niemeyer doou aos estudantes o seu talento com o lápis. Desenhou as retas e curvas do novo prédio, fazendo questão de não cobrar nada por isso. Sabe bem que a ditadura já havia cobrado um preço alto demais.

A nova sede da UNE desenhada por Oscar Niemey

Preço que muitos dos presentes ali pagaram. E os ausentes, então, muitos destes pagaram com a vida. Logo no início da solenidade, foi passado um filme contando a história das duas entidades estudantis, onde apareceram diversas fotos de estudantes mortos ou desaparecidos durante a ditadura. A cada foto, uma calorosa salva de palmas. Com ênfase para Honestino Guimarães, ex-presidente da UNE, chamado pelo atual presidente, Augusto Chagas, de “desaparecido-símbolo”:

Foto: Conversa Afiada, acessada 21dez2010
Projeto de Niemeyer para o auditório da nova UNE
– “A UNE é Honestino e Honestino é a UNE”, resumiu.

Chagas frisou “o direito legítimo de a UNE voltar à sua casa”, lembrando que o valor de 44 milhões de reais, trinta deles já depositados na conta da entidade, oferecido pelo governo brasileiro para a reconstrução do prédio foi aprovado por unanimidade pelos parlamentares. Agradeceu a Lula pelo “empenho na causa estudantil”, mas pediu-lhe licença para citar Itamar Franco, que, segundo ele, também se empenhou bastante nesta causa.

Irun Santana, fundador da UNE em 1937, estava na platéia, o que fez Chagas chamá-lo a levantar-se, comentando: “o nacionalismo, nossa marca, vem de nossa fundação”.

Dentre os ex-líderes estudantis presentes no palco, Chagas destacou Lindberg Farias, prefeito de Nova Iguaçu, e Orlando Silva, ministro dos esportes. Ambos beirando os 40 anos de idade, eles são representantes da geração da década de 90 que, segundo Chagas, ”simboliza a resistência ao neoliberalismo”. Aldo Rebelo, ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais, não estava presente, mas também foi lembrado:

– Ele era um de nós quando o antigo prédio foi derrubado, disse.

Augusto Chagas terminou seu discurso decretando: “A UNE é a entidade estudantil mais importante do planeta”.

Como o evento estava atrasado e Lula ainda teria dois compromissos em seguida – a entrega do prêmio “Brasil Olímpico”, no MAM (Museu de Arte Moderna), em que seria um dos premiados por sua contribuição aos esportes; e uma cerimônia no sambódromo, em que receberia o diploma Cristo Redentor e o título de Benemérito do Rio de Janeiro – Cabral e Paes abriram mão de discursar. E Lula disse que seria breve – e foi.

Bem humorado, começou dizendo que “a UNE tem que tomar cuidado com a UBES, pois todo dirigente da UBES é um potencial dirigente da UNE, mas o contrário é mais difícil”.

Já sério, disse que, durante seu governo:

– As entidades não tiveram um papel de complacência nem de subserviência. Não perderam sua identidade para apoiar o governo. O que acontece é que tivemos, enquanto governo, uma postura de provocar uma revolução na educação brasileira. Que está longe de terminar, mas que já começou.

Quando da criação do PROUNE, houve a acusação de que o governo estava capitulando diante da iniciativa privada, negociando a redução de impostos, quando, na verdade, estes impostos foram transformados em 750 mil vagas universitárias para jovens da periferia, oriundos de escolas públicas, 40% deles negros, detalhou.

E frisou que nunca tomou nenhuma decisão sem antes dialogar com “todo o movimento social, incluindo os estudantes, os trabalhadores, os sem-teto e as Margaridas” (em referência à Marcha homônima que, em 2007, parou Brasília, reunindo cerca de 50 mil trabalhadoras rurais vindas de todo o País).

Prosseguiu dizendo que uma das críticas que tinha à UNE era a de os estudantes reivindicarem ensino público gritando na porta de universidades públicas:

– Era cômodo. Agora, pela primeira vez na história do Brasil, a UNE conquistou – não foi dádiva do governo – o direito de fazer discurso na rede privada de educação, garantiu o presidente.

Sobre o REUNE afirmou:

– Muita gente não queria, porque nossa intenção era aumentar de 12 para 18 alunos em média por sala de aula. Disseram que a gente ia inchar as salas. Na verdade, era meia-dúzia de pequenos burgueses que não queriam que mais estudantes entrassem para a universidade.

E vocês podem registrar que, este cara aqui, que só fez até o 4º ano primário, é hoje o presidente que mais construiu universidades, disse.

Quanto às escolas técnicas, Lula lembrou que fez 214 e que quem chegou mais perto dele, tendo feito 27, foi Itamar Franco (citado pela 2ª vez no evento):

– Os outros acharam que não era necessário, completou.

Lembrando que Dilma foi estudante “pouco tempo atrás”, disse estar querendo conversar com ela para decidir se ele deposita o restante do valor a ser dado à UNE, 14 milhões de reais, ainda este ano, através de medida provisória, ou “se ela quer ter o prazer de fazer isto ano que vem”. Para ele, o que estava acontecendo ali era “mais que a retomada de um espaço, mas sim a consolidação da democracia, com debate político e proporcionando a formação da nossa juventude”.

Comparou a morte de cerca de 20 milhões de jovens russos durante a 2ª guerra mundial às perdas causadas pela ditadura militar brasileira, dizendo que “a Rússia perdeu praticamente uma geração, já aqui no Brasil o Golpe de 6

4 tirou de algumas gerações o direito ao debate político. Hoje, devolvemos isso”.

E terminou com um alerta às duas entidades estudantis:

– Não criem pautas impossíveis. Estas são boas para o discurso eminentemente ideológico. Se vocês quiserem continuar crescendo, façam sempre uma pauta de reivindicações que vocês acreditem que, num determinado tempo, vocês possam conquistar, porque é isto o que atrairá aqueles alunos mais incrédulos, que não se sentem representados por vocês, que acham que a UNE só sabe cobrar carteirinha.

É preciso que a gente ganhe a maioria e hoje há credibilidade para isto. Quando vocês sentarem com um ministro, devem pensar o seguinte: ‘Ou eu levo uma coisa que eu saia de lá com uma vitória, ou levo uma coisa que eu saia com o discurso’. Neste caso, o tempo é mais curto. Já se sair com vitória, o tempo é mais prolongado, pois uma vitória traz a outra, concluiu Lula.

Antes dele, também haviam discursado: Yann Evanovich, presidente da UBES (segundo Lula, seu nome “parece mais de jogador do Real Madrid”) e Aldo Arantes, representante dos ex-presidentes da UNE (ou, como definiu Lula, representante da “3ª idade da UNE”). Este lembrou que João Goulart havia sido o primeiro e, até hoje, o único presidente da república a pisar naquele espaço (em 1962). Assim como Lula fez, Jango também foi lá acompanhado de grande parte de seu ministério, incluindo os ministros militares.

Quarenta e oito anos depois, era outro dia. E isto pôde ser confirmado através de um dos gritos de guerra, certamente o mais emblemático e marcante: “Tarda, mas não falha; aqui está presente a juventude do Araguaia”.

Fonte: Jornal Correio do Brasil

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A reação do Brasil à crise neoliberal de 2009 - Parte 2

Segundo Paulo Henrique Amorim em seu blog ConversaAfiada, o mundo vivia o trauma da quebra do banco Lehman Bros, nos Estados Unidos, o que precipitou uma crise só comparável à 1929.

A mídia nativa, PiG (*), por meio de seus colunistas anunciavam o fim do Brasil. Segundo ela, a crise americana e européia desabaria sobre o coitadinho do Brasil, de forma fulminante. As empresas, diante do discurso midiático, não investiam nem contratavam. Os bancos brasileiros pularam para cima de uma poça e não emprestavam, sob os olhares complacentes do Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Aí, na véspera do Natal, Lula faz seu discurso conclamando à sociedade a não parar de consumir e investir. Que o brasileiro comprasse geladeira, fogão, comprasse casa própria, não tivesse medo do futuro. No mesmo discurso, ele delineia como seria a atuação do governo em 2009 para evitar a crise. E fez esse pronunciamento memorável, assista abaixo, o da “marolinha”.

O Discurso de Lula no Natal de 2008. Fala como enfrentará a crise em 2009


No ano que se seguiu, Lula assumiu, de fato,  o Banco Central e pôs o BNDES, o BB e a Caixa para emprestar. Lula reduziu impostos e pisou no acelerador do investimento público.
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Sob pressão do presidente Lula para irrigarem o crédito no país após o congelamento do mercado na crise, os bancos públicos foram os que puxaram a expansão do crédito ocorrida no mês passado, quando as instituições financeiras privadas adotaram uma posição mais cautelosa e passaram a fazer fortes restrições à liberação de novos financiamentos.
Segundo dados do Banco Central, o volume de empréstimos oferecidos pelos bancos controlados pelo governo cresceu quase duas vezes mais do que no setor privado ao longo de outubro.
No mês passado, o tamanho das carteiras de crédito dos bancos públicos cresceu 5,2% na comparação com setembro, enquanto no mesmo período a expansão observada nas instituições privadas ficou em 1,8%.
Os bancos públicos respondem por pouco mais de um terço (35%) dos financiamentos fornecidos pelo sistema financeiro e são liderados por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES. Mesmo não tendo a maior fatia do mercado, sua atuação foi decisiva para fazer com que o volume de crédito disponível no país chegasse a um valor equivalente a 40,2% do PIB (Produto Interno Bruto), o maior nível já registrado desde o início da série estatística do BC, em 1994.

Fonte:Folha.com
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Em reunião com sindicalistas nesta quarta-feira, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) criticou o alto nível dos spreads cobrados pelos bancos públicos, segundo relato dos presentes. No mesmo encontro, representantes das principais centrais sindicais do país comemoraram a demissão do presidente do Banco do Brasil anunciada nesta tarde.
"O governo não aguenta mais negociar o spread bancário. Os presidentes dos bancos públicos pensam que o banco é deles", teria dito Dilma, de acordo com o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, presidente da Força Sindical. 
A ministra ainda comentou que "banco público não pode cobrar um spread desses. É para puxar desenvolvimento".
Antonio Francisco de Lima Neto deixou a presidência do Banco do Brasil nesta quarta-feira em meio a críticas sobre o nível de spread (diferença entre o que um banco paga na captação e o que empresta ao consumidor) cobrado pela instituição. Ele será substituído por Aldemir Bendine, um dos vice-presidentes da instituição. 


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A crise financeira mundial de 2008/ 2009


Esta crise foi a maior desde a crise de 1929  e infinitamente mais severa que as dos anos 90. inclusive a que FHC enfrentou. Em vez de aumentar impostos, o governo LULA surfou na marolinha. Abaixo tem algumas das ações feitas pelo governo Lula contra a crise de 2009:

  • desonerou setores industriais;
  • baixou o IPI dos carros, geladeiras e fogões, deixando de arrecadar cerca de R$ 6 bilhões nos primeiros três meses do tratamento.
  • Uma mudança na tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas, resolvida antes da crise, deixou cerca de R$ 5,5 bilhões na mão da sociedade.
  • Forçou seus dois bancos estatais a baixarem os juros de empréstimos ao consumidor, propiciando um maior número de empréstimos e o consequente aumento do consumo;
  • Lançou mais um plano habitacional em 2009 aquecendo ainda mais o setor da construção civil (não tem a ver com tributação, mas vale a pena citar);
  • A carga tributária caiu de 35,8% do PIB para 34,5%;
  • Em 2009 o salário mínimo teve um ganho real de 6,4% e para 2010 terá um reajuste de 8,9% passando para 507,00 Reais em fevereiro;
  • O desemprego deu um rugido, mas voltou aos níveis anteriores à crise e já criou mais de 1 milhão de novos empregos  entre janeiro e julho de 2009;
Fonte: Blog Brasil@gro, via blog
Eleição Presidencial ano 2010

Na época, Lula foi bastante criticado pela oposição e o PIG, diziam que ele estava remando contra a maré mundial, chegaram até a chamá-lo de irresponsável. Para a oposição o governo deveria reduzir gastos, inclusive os investimentos do PAC. O vídeo abaixo tem um pequeno apanhado de como se comportou a mídia nativa - ou melhor, o PIG - e a oposição. No início de 2009, criticavam  as ações do governo Lula no combate a crise e no final de 2009, com a crise afastada do Brasil graças às ações do governo Lula, eles mudam seus discursos.

Assista um pequeno arranjo que mostra como foi a postura da mídia e da oposição durante a crise de 2009.


O interessante é que quando PSDB e DEM foram governo eles agiram totalmente contrário ao que fez Lula. Na era FHC, quando chegava uma crise, eles reduziam os gastos e investimentos e aumentavam juros, tirando assim dinheiro do mercado e jogando ma bolsa de valores, ou melhor, aumentando a concentração de riqueza.
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A crise financeira internacional de 1997/1999-A era FHC
Serra era ministro do Planejamento de FHC
Entre maio de 1997 e dezembro de 1998, na era FHC, o governo remarcou, para cima, as alíquotas de sete impostos, além de passar a cobrar um novo tributo. Sempre procurando reduzir os investimentos e o consumo da população.
  • A alíquota do Imposto de Renda do andar de cima passou de 25% para 27,5%;
  • O IOF de créditos pessoais dobrou e aumentaram-se as dentadas nas aplicações;
  • O IPI das bebidas ficou 10% mais caro, e a alíquota do Cofins passou de 2% para 3%;
  • Tudo isso e mais a entrada em vigor da CPMF, que arrecadou R$ 7 bilhões em 1997;
  • A voracidade arrecadatória elevou a carga tributária de 28,6% para 31,1% do PIB;
  • O produto interno fechou 1998 com um crescimento de 0,03%;
  • a taxa de desemprego pulou de 10% para 13%;
  • Em 1999, o salário mínimo encolheu 3,5% em termos reais.
Tais medidas resultaram em o governo FHC ter que recorrer ao FMI e pedir empréstimo

Não esqueça:
primeiro, houve um empréstimo de US$ 41 bilhões, tomado ao FMI, ao Banco Mundial de ao BIS na base do Deus-nos-acuda, quando da crise da Rússia, em 1998. Em 2001, novamente o País se ajoelha desesperado no altar do FMI, e consegue mais US$ 15 bilhões. E, em 2002, mais um empréstimo de US$ 30 bilhões e, neste caso, dada à erosão da credibilidade de FHC, o FMI pediu que o empréstimo fosse avalizado pelos três principais candidatos a presidente da República de então. E FHC, constrangido, teve que aceitar essa humilhação. 

Ciro Gomes faz uma análise da "era FHC". Ele deixa claro como foi na "era FHC" e como é a "jestão" de serra em SP, ambas "jestões" neoliberais.






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Debelada a crise, pelo menos por enquanto, Lula fez justiça a quem de direito. Em seu discurso de fim de ano, agradeceu ao povo brasileiro pelo apoio e confiança depositados no governo durante a crise.

Discurso de Lula no Natal de 2009 agradecendo ao Povo por ter acreditado no governo e, atendendo aos apelos feitos por ele no discurso do Natal do ano anterior - 2008, não ter parado de consumir ajudando a fazer da crise uma "Marolinha"


PS. ESTAMOS EM 2010 E A CRISE AINDA NÃO ACABOU MUNDO À FORA... AINDA PODE VOLTAR A RONDAR O BRASIL...




Fontes: