quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Guerra Mundial pela Água - A realidade que poucos conhecem


No nosso cotidiano, somos bombardeados com as seguintes informações, assustadoras, sobre o futuro da água:
  • Acesso universal à água limpa é vital à saúde pública. Mas, a oferta de água e de serviços de saneamento básico e saúde pública não mais satisfazem às necessidades da população, que cresce de forma vertiginosa.
  • Mais de 1 bilhão pessoas, principalmente no mundo em desenvolvimento, não têm acesso à água.
  • Aproximadamente, 2,4 bilhão de pessoas não têm acesso aos serviços de saúde pública.
  • Mais de 2 milhões de crianças morrem, ao ano, pela falta de acesso à água limpa e aos serviços de saúde pública. - O Banco Mundial predisse que, em 2025, 2/3 da população mundial sofrerá com a falta de água.
  • Água pré-paga implica exclusão do consumidor de baixa renda.
  • A água é um monopólio natural e seu mercado é dominado por algumas companhias multinacionais, sem competição de mercado.
  • A privatização da água pode destruir mais de 6 bilhões de pessoas do mundo.

Mas há textos com boas notícias. Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, autor de "As Veias Abertas da América Latina" e "Memórias do Fogo", escreveu um artigo estupendo "Bolívia, o país que quer existir", cujo trecho ora reproduzo:
"Em 2000, um caso único no mundo: uma localidade "desprivatizou" a água. A chamada "guerra da água" ocorreu em Cochabamba. Os camponeses marcharam, saindo dos vales, e bloquearam a cidade, e também a cidade se rebelou. Respondendo com balas e gás lacrimogêneo, o governo decretou o estado de sítio. Mas a rebelião coletiva continuou, impossível de parar, até que, na investida final, a água foi arrancada das mãos da empresa Bechtel e as pessoas recuperaram a irrigação de seus corpos e de suas plantações. (A Bechtel, com sede na Califórnia, agora recebe o consolo do presidente George W. Bush, que a presenteia com contratos milionários no Iraque)".
[PS. Assista ou Baixe o Documentário
"A guerra Mundial pela água".
Parte da história citada acima está lá.
O Documentário está no final deste Post]

Claro que a privatização da água é uma realidade. E onera, de imediato, o acesso a este recurso vital, em especial em países do terceiro e do quarto mundo - onde a renda per capita é menos que U$2/dia.

Por isso, os efeitos da privatização são nefastos:
  • devastam o mundo em desenvolvimento, forçando as pessoas a escolher entre comida e água;
  • proliferam epidemias de doenças e de morte.

Se o impacto social desta majoração mata, isto é política homicida! E qualquer política encorajadora de propagação de doença e de morte é condenável.

Paralelo a este, temos outros dois problemas relacionados ao acesso à água:
  • o aumento vertiginoso da população mundial e
  • a redução da provisão de água no planeta.

Este desastre proporciona, para as grandes corporações multinacionais, oportunidade de lucro certo. A revista Fortune passou a denominar a água como o "óleo do século XXI".
Por quê? Porque quem controlar este recurso, terá, nas mãos, amplo poder econômico e político.


As regras do FMI e do Banco Mundial

A política estrutural do FMI e do Banco Mundial incentiva o controle da água. Através da "condicionalidade cruzada", estes organismos impõem aos países pobres ou subordinados a privatização e a mercantilização da água em troca de empréstimos.

Assim, eles não autorizam empréstimos que propiciem o acesso universal à água e ao saneamento básico. Ao contrário, seus empréstimos condicionam os governos à privatização. De que forma?
  • favorecendo as companhias de água multinacionais ao fomentar programas de privatização de água (o Banco Mundial prega que o setor privado é mais eficiente que o público; que é melhor capacitado para solucionar crises);
  • exigindo que os governos carentes substituam o subsídio público pela cobrança integral dos custos com o saneamento básico. Com isso, os consumidores têm que pagar o preço total dos serviços d’água;
  • exigindo que os governos privatizem a água sem qualquer estudo local fundamentado e sem a oitiva dos administrados.

A falácia da privatização

Quando os serviços de água são privatizados, há uma falsa percepção que o fardo financeiro passou do setor público para o privado.

A empresa promete consertos, melhorias... Enfim, promete o que não vai cumprir. Ela não investe em reestruturação e expansão dos meios para utilização e tratamento de água.

Em geral, transfere algumas das responsabilidades que assumiu para terceiros, através de arrendamentos, administração terceirizada e contratos de serviço destituídos de quaisquer investimentos.

Ora, isso era esperado! Se a privatização já implicou assolamento econômico e socioambiental em outros setores, provavelmente, o mesmo ocorrerá com o controle de sistemas de água.

 
Conclusão

A água pode ser tratada como mercadoria? A teoria afirma que não. Para o diretor-geral da UNESCO, Frederico Mayor, "esta fonte rara, essencial para a vida, deve ser considerada como um tesouro natural que faz parte da herança comum da humanidade".

O Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU declarou, em Genebra, em 27 de novembro de 2002, o acesso à água como direito humano indispensável. Declarou ainda que a água é um bem público, social e cultural; ou seja, um produto fundamental para a vida e a saúde e não um produto básico de caráter econômico.

Infelizmente, esta declaração, que não tem força de lei, não foi assimilada pelos detentores do poder mundial. Eles insistem em transferir o controle dos recursos hídricos do setor público para o setor privado.

Ora, se a água é uma necessidade básica do ser humano, um direito humano fundamental, sua propriedade não pode ser entregue a ninguém. Sequer a entidades cujo único propósito é a maximização de lucros. Se isso ocorrer, cada ser vivo é diretamente prejudicado. E está sujeito à morte.


O que podemos fazer então?
  • 1. Precisamos recusar qualquer forma de privatização, mercantilização e comercialização baseada no "valor econômico" da água. A água é um bem de domínio público. Tem gente boa abraçando esta causa. Junte-se a eles!
  • 2. Devemos canalizar energia e recursos para proteger e conservar o manancial local existente para socorrer as populações vulneráveis, incentivar o controle de poluição e fomentar a conscientização pública sobre esta crise iminente que ameaça a vida.
  • 3. Além disso, podemos exigir novas posturas do FMI e do Banco Mundial. Seus contratos de empréstimos não devem impor condições abusivas e ilegais que exijam a privatização de serviços de água.

Cabe a eles financiar AJUDA. Países em desenvolvimento não precisam de novos débitos. Precisam de ajuda na elaboração de projetos para reabilitação da saúde pública e para a expansão dos serviços de água e de saneamento básico. Isso é uma questão de saúde pública diretamente relacionada à sadia qualidade de vida. 

A guerra Mundial pela água
Este Documentário trata das atuais e futuras Guerras Mundiais por Água. Mostra como a água mundialmente está sendo mal gerida, esgotada e poluída. A falta de água em muitos países do mundo devido a manipulação e corrupção por parte dos Governos (os políticos finaciados pelas grandes empresas), administrações locais e, claro, sempre financiadas pelas corporações multinacionais de Água para serem beneficiadas com as "privatizações das águas". As constantes lutas entre o povo e os altos poderes econômicos tendo ao seu lado os governos finaciados por eles. As Guerras e revoluções diárias por uma fonte de vida de todos os seres humanos e seres vivos deste planeta.

Assista parte do documentário abaixo e confira.




Se preferir baixar o documentário por completo é só clicar aqui


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