Rafael Rosas e Samantha Maia,
do Rio e de São Paulo – VALOR
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Mantega explicou que as vendas do setor estavam em alta por conta da desoneração, provocando uma corrida às lojas de material de construção. Segundo ele, a pressão da demanda vinha fazendo com que os preços subissem, mesmo com a redução do imposto.
“O prazo final era junho, mas havia uma concentração de pedidos que estava atrapalhando e encarecendo preços. Resolvemos prorrogar até o fim do ano para acabar com essa afobação”, diz o ministro, que visitou ontem a sede do estaleiro STX, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Ele ressaltou que a medida também pode contribuir para o crescimento do investimento na economia brasileira, uma vez que o setor de construção contribui para a formação do custo de capital fixo. “Quarenta a cinquenta por cento do investimento no PIB é desse setor”, acrescenta.
Mantega ponderou que acha exageradas as projeções que apontam para um crescimento de 7% do PIB este ano. Segundo ele, as demonstrações que o governo trabalha apontam para uma possibilidade de avanço do PIB acima de 5%, mas não a ponto de chegar a 7%. “Me parece exagerado. Não podemos projetar o primeiro trimestre para o ano todo”, afirma.
“No primeiro trimestre tivemos a desoneração do IPI para móveis, automóveis e linha branca e no segundo trimestre não terá. É possível que haja queda nas vendas desses setores”, lembra o ministro. Ele considera ainda que algumas projeções do setor financeiro podem mostrar interesse na alta do juros.
Segundo a coordenadora de projetos da FGV Projetos, Ana Maria Castelo, os números altos do varejo em fevereiro são indicadores da antecipação das compras. As vendas das lojas de construção cresceram 2,8% sobre janeiro, com ajuste sazonal, e sobre fevereiro do ano passado, o crescimento foi de 15%. “Os números de março ainda não saíram, mas também deve ter sido um mês bastante forte, pois a tendência era de que esse movimento ganhasse força ao se aproximar de junho, quando acabaria o incentivo”, diz Ana Maria.
Além disso, a economista diz que a decisão de prorrogar a desoneração do IPI é positiva para estimular os investimentos. Ela lembra que prorrogação da redução do IPI vai ao encontro dos planos do governo em aumentar o investimento em infraestrutura. “O fim do incentivo traria elevação dos preços e impacto no orçamento num momento em que se fala em Minha Casa, Minha Vida 2, PAC 2.”
Segundo Ana Maria, a desoneração do IPI dada para 38 produtos em abril de 2009 pôde ser sentida no arrefecimento da inflação do setor. Este impacto, porém, ocorre só num primeiro momento. A importância de prorrogar o prazo do benefício é de manter o estímulo à atividade econômica. Segundo Ana Maria, existe um potencial de 24 meses de estímulo à atividade a partir da data de desoneração.
A prorrogação do incentivo fiscal provocará impacto de R$ 723 milhões nos cofres públicos entre julho e dezembro, segundo a Receita Federal. Dessa forma, o governo deixará de arrecadar R$ 1,409 bilhão em 2010 por causa da desoneração para o setor. Isso porque o incentivo fiscal provocará perda de R$ 686 milhões no primeiro semestre. (Com agências noticiosas)
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