quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Incêndio no Instituto Butantan - Mais um efeito da Gestão neoliberal dos Tucanos Paulistas.

Desde 1994 os tucanos governam SP. O incêndio no Instituto Butantan é mais uma prova do descaso que esse "povim" trata a "coisa pública". Agora, imagine este bando governando, de novo, o Brasil? São 120 anos de História, que estavam guardados no que foi o maior acervo do mundo na área, e que foram jogados no fogo.


Rastro de escândalo

OS BOMBEIROS chegaram em menos de dez minutos. Eis a única informação positiva que se pode colher do noticiário sobre o incêndio no Instituto Butantan, em São Paulo, ocorrido no sábado.

Enquanto se avalia a dimensão dos prejuízos ao seu acervo científico, o maior do mundo na área, pululam evidências de descaso na instituição.

Uma coleção iniciada há 120 anos, com cerca de 580 mil exemplares de animais, entre cobras, aranhas e escorpiões, estava depositada num galpão que possuía, como único recurso de combate ao fogo, extintores acionados manualmente.

Sem um sistema adequado de prevenção, eram previsíveis os efeitos devastadores de qualquer faísca elétrica naquele ambiente, onde milhares de espécimes eram conservados em álcool.

Quanto custaria instalar dispositivos automáticos de combate ao fogo no local? O orçamento existia, e não era exorbitante: calcula-se que, por R$ 1 milhão, o sistema teria sido implantado.

Não é que faltasse a verba. O Instituto Butantan recebeu, entre 2007 e 2008, tal montante de recursos para realizar obras de infraestrutura; foram utilizados para outros fins. A solicitação para equipamentos anti-incêndio, que teria sido feita, perdeu-se nos desvãos da burocracia.

Definitivamente, R$ 1 milhão não era tanto dinheiro. Em especial quando se toma conhecimento dos R$ 35 milhões que, segundo o Ministério Público, foram subtraídos da Fundação Butantan, braço operacional do instituto, por funcionários do seu segundo escalão.

Os cientistas do Butantan agora tratam de avaliar a perda e de buscar, em instituições similares, ajuda para repará-la.

Não é necessário, todavia, ser especialista em serpentes - nem em investigações criminais - para detectar nesse episódio o rastro, amplamente conhecido na administração pública Tucana, do descuido e do escândalo.

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Fogo no Butantã expõe abandono do setor de pesquisa; vacinas são prioridade

Ciência. Instituto não investe há 8 anos em reforma ou melhoria da infraestrutura dos prédios que abrigam pesquisa básica, à qual pertencia o acervo de cobras e aranhas destruído; biblioteca está tomada por goteiras e cupins ameaçam coleção de obras raras

Herton Escobar, Fabiane Leite, Alexandre Gonçalves – O Estado de S.Paulo

A ênfase na construção de fábricas e produção de vacinas rendeu benefícios à saúde pública e prestígio internacional ao Instituto Butantã nos últimos anos. Mas trouxe como efeito colateral a degradação da estrutura de pesquisa básica, à qual pertencia o acervo de cobras e aranhas, destruído no sábado por um incêndio.

Segundo fontes ouvidas pelo Estado, as chamas que consumiram a coleção centenária, iniciada por Vital Brazil, não nasceram de uma falha pontual no sistema contra incêndios, mas de uma deficiência estrutural sistêmica que ameaça grande parte do patrimônio histórico e científico do instituto.

O prédio da biblioteca, que ostenta o nome do Instituto Butantã no ponto mais alto do complexo, é exemplo disso. Há goteiras, infiltrações e cupins por todos os lados. Uma sala está sem teto e teve de ser interditada no início do ano por causa de um deslocamento de vigas. Sem instalações adequadas para trabalhar, funcionários recorrem a gambiarras elétricas. Há até um morcego que vive no porão, apelidado de Juquinha. 
No mesmo prédio funciona, indevidamente, o setor de farmacologia.

“E olha que esse prédio é o cartão postal do Butantã”, diz a bibliotecária Lindalva Santana, que cuida do acervo de 8 mil livros e 200 mil revistas científicas. A coleção de obras raras, incluindo publicações dos séculos 18 e 19, encapadas com pele de cobra, está espremida em um armário de ferro comum, cheirando a naftalina. “Faz dez anos que cheguei aqui e faz dez anos que peço para comprarem um armário novo”, conta Lindalva.

Assim como no Prédio das Coleções, não há sistema de detecção ou combate a incêndios. E nada está informatizado. “Fazemos tudo na mão. Se pegar fogo, não tem volta”, diz Lindalva.

Até o chamado “Prédio Novo”, que é da década de 1940, sofre de problemas estruturais. O elevador está quebrado há cinco anos, segundo o pesquisador Marcelo De Franco, que trabalha no local. Segundo ele, não falta dinheiro para pesquisa, já que os projetos são financiados por agências externas de fomento, como Fapesp e CNPq. O problema está mesmo na parte de infraestrutura, que é de responsabilidade da instituição. “A Fundação Butantã deveria olhar para todo o instituto, mas só tem olhos para a fabricação de vacinas”, afirma Franco.

Reforma parada. Desde 2002 não há gastos em reformas nos imóveis do instituto. Naquela ocasião, foram aplicados apenas R$ 4,8 mil, em valores corrigidos, no item. No ano anterior o valor foi de R$ 180 mil. Só a reforma do prédio da biblioteca custaria R$ 4 milhões. Desde 2007, porém, houve crescimentos do gastos com manutenção.

Membros do primeiro escalão da instituição admitem que é urgente retirar o setor de pesquisa dos prédios históricos, medida em discussão há oito anos. A estrutura elétrica desses locais e do instituto como um todo está inadequada, tanto que o desligamento da energia antes do incêndio era para preparar a rede para a nova fábrica de vacinas contra a gripe. A secretaria estadual da Saúde, a qual o Butantã está subordinado, alegou ter investido R$ 2,6 milhões na infraestrutura nos últimos quatro anos.



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