segunda-feira, 29 de março de 2010

Indústria naval investirá R$ 62 bilhões





Volume previsto pelo Banco do Brasil é para financiamentos no pós-sal até 2020
Vivian Oswald – O GLOBO

BRASÍLIA. A indústria naval brasileira deve receber investimentos de R$ 62 bilhões ao longo da próxima década em máquinas e equipamentos. A maior parte desses recursos deve ser aplicada em projetos ligados à exploração do petróleo na camada pós-sal.

A avaliação está em um longo mapeamento que o Banco do Brasil (BB) levou nove meses para concluir com as perspectivas do setor e as oportunidades que a instituição terá para participar nesses projetos até 2020.

O BB também calcula que o potencial de investimentos no pré-sal é bem maior, tendo em vista as especificidades da exploração do petróleo em áreas ainda mais profundas e as exigências de equipamentos mais sofisticados. O banco é um dos repassadores do Fundo de Marinha Mercante (FMM), com o BNDES, e quer estar preparado para sair na frente no financiamento de novos projetos.

— Trata-se de um novo ciclo produtivo neste setor, que tem uma longa cadeia produtiva.

Quantos parafusos e arroelas precisam ser fabricados para essa indústria? Vai ajudar não só a economia que cerca os estaleiros, mas a cadeia produtiva em todo o país — disse o diretor do Banco do Brasil, Walter Maliane.

Já há 424 encomendas até 2020, das quais 146 de apoio para offshore (alto mar), 47 plataformas, 164 navios offshore, 46 navios tanques, 28 sondas (as sondas têm previsão para operar a partir de 2013).

Quatro estaleiros brasileiros estão preparados tecnicamente para construir plataformas.

Os investimentos vão beneficiar Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e estados do Nordeste, principalmente

Volume de aprovações cresce para R$ 2,2 bilhões O BB já estudou e aprovou R$ 2,2 bilhões este ano em projetos para o setor. O estoque desde 2007, quando passou a ser repassador do FMM, até o fim do ano passado, foi de R$ 700 milhões.

O estudo setorial do Banco do Brasil é baseado em encomendas licitadas, contratadas e em construção em estaleiros brasileiros. Até 90% desse valor pode ser financiado pelo FMM. Em dezembro, o conselho diretor do FMM aprovou projetos de R$ 14,2 bilhões para financiar a construção de estaleiros e navios no país.

— Estamos preparados para apoiar os projetos do pós-sal e assim já estabelecemos o relacionamento com os potenciais clientes do pré-sal, que deve envolver investimentos ainda maiores — afirmou Maliane.
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Estaleiro: Complexo portuário de PE pode se tornar grande polo no país
Leo Caldas/Valor 
Murillo Camarotto, do Recife – VALOR

Os planos do governo pernambucano de transformar o Complexo Portuário de Suape em um grande polo da ressuscitada indústria naval brasileira vem ganhando contornos de realidade. Até o momento, seis estaleiros já foram anunciados para o local. Um deles, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) – liderado por Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez -, já está em vias de entregar sua primeira encomenda. Os demais projetos, entretanto, ainda estão no papel, mas, se concretizados, representarão um investimento de cerca de R$ 2 bilhões, além da criação de 11 mil empregos diretos.

A combinação entre uma localização geográfica estratégica e um bom pacote de incentivos fiscais é basicamente o que tem atraído os investidores para Suape. Gestores do porto alegam que Suape, que fica a 60 quilômetros do Recife, é a alternativa logística mais interessante no Brasil dentre as rotas internacionais de navegação, devido à proximidade da Europa, da Ásia e da América do Norte. Diante disso, tanto o governo quanto os investidores acreditam que mais empresas virão construir navios na costa pernambucana.

“Ainda somos poucos estaleiros. O cluster de Suape será uma verdade”, avalia Carlos Costa, diretor-geral do grupo português MPG Shipyards, que anunciou na última sexta-feira um investimento de US$ 140 milhões na construção de um estaleiro em Suape. A ideia inicial da empresa é fabricar navios de apoio a plataformas e módulos offshore, mas também há planos para o desenvolvimento de soluções para geração de energia eólica.

A previsão de geração de empregos no estaleiro gira em torno de 1,2 mil postos diretos.

Otimista com o potencial da nova indústria naval brasileira, o executivo mencionou, inclusive, a expectativa de que o país se torne, no longo prazo, exportador de navios. “Teremos níveis de produção suficiente para isso”, acredita. Ele chamou a atenção, contudo, para a necessidade de melhorias na infraestrutura de logística de Suape.

Também na última sexta-feira, o grupo sul-coreano STX Europe anunciou o desejo de construir em Suape um estaleiro de US$ 350 milhões. O grupo, que possui 15 estaleiros espalhados pelo mundo, pretende fabricar navios-sonda em uma área de 1 milhão de metros quadrados na costa pernambucana. Segundo o seu vice-presidente executivo, Jorge Ferraz, o projeto deve levar dois anos para ser concluído e irá gerar cerca de 4 mil empregos diretos.

A implementação do projeto coreano, entretanto, ainda depende do resultado das licitações da Petrobras para a contratação de navios-sonda, que deve ocorrer no segundo semestre deste ano. Caso não conquiste nenhum contrato, o investimento pode ser cancelado.

Na mesma situação estão outros dois estaleiros já anunciados: o da Queiroz Galvão-Alusa. avaliado em US$ 500 milhões em investimentos, com geração de três mil empregos) e o da Construcap (R$ 200 milhões de desembolso e 1,5 mil empregos).

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico do governo pernambucano, Fernando Bezerra Coelho, o investimento português já está garantido, independentemente de qualquer licitação. O mesmo ocorre, segundo ele, com o empreendimento anunciado no mês passado pelo consórcio Schahin-Tomé, que pretende investir R$ 300 milhões na construção de plataformas de petróleo. A expectativa é o projeto gere 1,7 mil empregos.

Também na sexta-feira, simultaneamente ao anúncio dos novos estaleiros, o governo pernambucano revelou que o grupo familiar local Cornélio Brennand irá construir uma fábrica de vidros no município de Goiana, a 63 quilômetros do Recife. O investimento, motivado pelo alto potencial da indústria da construção civil no Nordeste, será de R$ 330 milhões e irá gerar 370 postos de trabalho.

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