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![]() Impossível não lembrar dessa mulher tão sábia, tão virtuosa e tão fiel aos seus princípios e aos seus conhecimentos. Uma natureza tão elevada e tão exemplar sempre foi uma fonte de inspiração e admiração da minha parte. ![]() Entre mentes tão elevadas e tão autênticas, o mundo nos presenteia com eventos admiráveis e inéditos. Essas mentes, masculinas e femininas colorem e dão sabores a todas as coisas visíveis e invisíveis que nos rodeiam. Mulheres como Hypatia são símbolos que povoam o nosso inconsciente coletivo dando-nos direções de como encontrar o nosso verdadeiro Ser, Consciente e Individual. ![]() HYPATIA DE ALEXANDRIA - Alguns historiadores acreditam que ela tenha nascido no ano 370. Seu pai, Theon, foi o último diretor do Museu de Alexandria e professor universitário de Matemática. Theon educou sua filha para o mundo do pensamento elevado, ensinando tudo que sabia, compartilhando com ela a busca pelo desconhecido. Ela cresceu nesse ambiente especial, buscando o conhecimento de si e dos outros e da Matemática, Astronomia, Astrologia e etc.. ![]() Além dos conhecimentos intelectuais e da beleza de sua essência, essa mulher cuidava também da sua beleza física fazendo exercícios para assegurar um corpo saudável e uma mente brilhante. Seu pai a orientou acerca das religiões dando noção e comparação entre elas, resguardando a liberdade na compreensão das coisas e no religare. Ensinou a arte da oratória para que sua filha tivesse o dom da palavra e pudesse influenciar através do verbo, tornando-a uma mulher instruída que pudesse instruir os outros. ![]() Hypatia era conhecida e se apresentava como filósofa, cientista, erudita sendo a primeira mulher a se destacar na Matemática. Era uma excelente professora que dirigia uma escola neo platônica. Era procurada por alunos de sua cidade e de outras regiões buscando seus ensinamentos. Era considerada uma fonte de conhecimento e até uma espécie de oráculo, tanta era sua sabedoria. E o mais ousado ainda por ser uma mulher. Synésio de Cirene (370-413) era um dos seus alunos e trocavam correspondências e através dessas cartas verificou-se que o astrolábio, um instrumento para estudar a astronomia, era invenção dela, assim como o planisfério e até um hidrômetro. ![]() Hypatia ficou mais conhecida com seus trabalhos no campo da matemática do que na astronomia, principalmente com as idéias das seções cônicas introduzidas por Apollonius. Ela editou esse trabalho tornando-o mais simples de compreender contribuindo para o desenvolvimento das hipérboles, das parábolas e das elipses. ![]() Uma mulher importante no Mundo da Matemática, com um detalhe, a primeira. Mais tarde, Descartes, Newton e Leibniz ampliaram em seu trabalho. Com seu pai, ela escreveu um tratado sobre Euclides. Na verdade era um desafio para a cultura machista da época, uma mulher tão grandiosa como Hypatia. Ela viajava muito e até mesmo conduzia a sua própria carroça, o que era um escândalo na época, pois onde já se viu uma mulher fazer tal coisa? E por conta dessas viagens ela era bem conhecida e exercia grande influência por onde passava. Exercia uma liderança na política e na luta contra as superstições que imperavam naquele momento da história, onde cristianismo e paganismo viviam em pé de guerra. No meio cristão era considerada uma criminosa e uma subversiva por seguir os princípios pagãos de Platão e Aristóteles. Como Matemática, os princípios de Pitágoras. Por conta de tudo isso era odiada por um tal de Cirilo (bispo de Alexandria), que era um fanático cristão. Orestes, seu opositor, era o regulador civil e amigo de Hypatia. Cirilo sentia um ódio mortal por essa mulher sábia e pagã e por isso instigou seus fiéis contra ela. Cirilo iniciou um movimento de oposição ao paganismo e a perseguia de forma acirrada. ![]() Quando a Filósofa estava conduzindo sua carroça como sempre o fazia, foi abordada pela turba enfurecida. Arrancaram Hypatia do seu veículo, rasgaram suas vestes e a arrastaram pelas ruas. E de forma cruel cortaram seu corpo com conchas afiadas, retalhando-o até a morte. Espalharam algumas partes do seu corpo pela cidade e depois queimaram o que restou na biblioteca de Caesarium. ![]() O pior de tudo, o papado homenageou esse cruel Cirilo por sua bravura em favor da sua religião cristã contra o paganismo de Hypatia. Foi considerado pela igreja como São Cirilo e com certeza muitos já ouviram falar esse nome e mal sabem o que ele fez. A morte de Hypatia foi por volta de 415 d.c. É considerada hoje, não somente como uma mulher da Ciência, da Matemática, mas também uma grande Filósofa. Sua vida terminou de maneira trágica, mas a sua história permanece assim como suas obras. Um de seus alunos, Hesíquio o hebreu, escreveu: “Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles, ou de qualquer filósofo a todos os que quisessem ouvi-la... Os magistrados costumavam consultá-la em primeiro lugar para administração dos assuntos da cidade”. Synésio, bispo de Tolemaida, numa de suas cartas, expressa o carinho que tinha por sua querida mestra exaltando suas grandes virtudes: “Meu coração deseja a presença de vosso divino espírito que mais do que tudo poderia adoçar minha amarga sorte. Oh minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha! Minha alma está triste. Mata-me a lembrança de meus filhos perdidos... Quando receber notícias vossas e souber, como espero, que estás mais feliz do que eu, aliviar-se-ão pelo menos a metade de minhas dores”. A escritora e jornalista Marília Pacheco Fiorillo escreveu algumas coisas sobre a Hypatia de uma forma fictícia, baseada em fatos reais:
“Eu, Hypatia, filha de Theon, o guardião da Biblioteca, filha da Idéia e irmã da Razão, instruída nas artes e ciências de Platão, Plotino e Ptolomeu, de linhagem grega no espírito e macedônica no sangue, eu, que interrogo o movimento dos céus, do sol e das estrelas e por isso inventei o astrolábio, que pondero a gravidade de toda substância líquida e para isso inventei o hidrômetro, eu, astrônoma, matemática, geômetra, estudiosa do cosmos e das formas das coisas, eu, presença que é como um magneto e atrai multidões para os salões da Biblioteca, mais, sempre mais gente a me ver e ouvir, eu, cujas lições graves e serenas encantam a todos, judeus, romanos e egípcios do Delta, eu, cuja palavra esparge um fármaco que cura as exasperações e dissolve as dúvidas, cuja fama de sabedoria corre o Mare Nostrum e fez de Orestes, o prefeito da cidade, meu cativo, meu discípulo, meu seguidor, eu, cujos conselhos têm força de ordens, que dobro os desígnios com o sopro do verbo, cuja discreta autoridade é peremptória, indisputável, eu, a última filósofa de um mundo que está prestes a ruir e doravante abominará o atrevimento do intelecto, eu, Hypatia, daqui desta nova Atenas, a gigantesca cidade de Alexandria, no ano 415, escrevo a Sinesio, amigo e devotado aluno, que, soube, foi nomeado bispo da Cirenaica, de todo norte da África, para aquietá-lo. Pois dele recebi esta carta: De Ptolemaide a Alexandria, início de 413. Fonte do Post: Mais sobre: |
domingo, 7 de março de 2010
Hypatia de Alexandria
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