quinta-feira, 4 de março de 2010

A "Disneylândia" de Aécio Neves

Choque de gestão?
                               Déficit zero?
                                                   Esqueça.

A nova marca do governador mineiro Aécio Neves é um palácio flutuante de Niemeyer num centro administrativo de R$ 1,2 bilhão. Conheça o projeto e faça um passeio virtual pela obra.
Ricardo Mendonça, de Belo Horizonte
Bruno Magalhães  
MONUMENTAL - Vista das obras da Cidade Administrativa,
que vai reunir o palácio do governo e todas as secretarias
mineiras


Em dezembro, a um ano do fim de seu segundo mandato, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), deverá inaugurar a maior, mais cara e mais ousada edificação da história de Minas: um majestoso palácio governamental suspenso dentro de um complexo estatal que reunirá, em mais dois megaedifícios, as 18 secretarias de Estado e outros 33 órgãos da administração. Tudo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, de 101 anos (confira ao final do texto um "passeio virtual" pela obra, em que é possível conhecer detalhes da construção).
 
Estimado originalmente em R$ 500 milhões pelo governador, as obras da Cidade Administrativa de Minas Gerais já estão orçadas em R$ 1,2 bilhão. Daria para fazer quatro hospitais como o Instituto do Câncer de São Paulo (antigo Instituto da Mulher), considerado o maior dessa especialização na América Latina, com 474 leitos. E ainda sobrariam R$ 120 milhões. Além do preço, a Cidade Administrativa impressiona pelo tamanho, pela arquitetura e pela velocidade com que está sendo erguida. A área total do complexo é de 804 mil metros quadrados, o equivale a 97 campos de futebol como o do Maracanã. Quando estiver em pleno funcionamento, no fim de 2010, deverá abrigar 20 mil funcionários e receber, diariamente, cerca de 10 mil visitantes. Se fosse uma cidade real com essa população, seria maior que 82% dos municípios brasileiros.

Assim que tudo estiver pronto, no segundo semestre de 2010, os mineiros poderão pleitear uma citação no livro dos recordes para o palácio do governador. O prédio, segundo o escritório de Niemeyer, terá o maior vão livre em concreto suspenso da história da arquitetura: 147,5 metros de comprimento, o dobro do vão-livre do Masp, em São Paulo.

Apesar da crise, o canteiro de obras está a pleno vapor. Com 4.800 operários trabalhando simultaneamente, a construção atingiu seu pico de atividade em maio. Os engenehiros gostam de repetir que se trata da “maior edificação em andamento em toda a América Latina”.

O governo mineiro diz que fará economia com o novo complexo. Hoje, segundo a secretaria de Planejamento, o Estado aluga 59 imóveis em Belo Horizonte para abrigar diversas repartições. Com instalações próprias, estima-se que deixará de pagar R$ 30 milhões por ano com aluguéis. Além disso, serviços poderão ser unificados, como motoboys, refeitórios, motoristas e seguranças.

Quem não está muito convencida da conveniência do projeto é a oposição. “Essa construção é uma prioridade governamental, mas não é uma prioridade da sociedade mineira”, diz o deputado estadual Adelmo Leão, do PT. “O palácio de R$ 1,2 bilhão é bom para fazer marketing, só que o governo ainda tem muitos problemas: Minas não cumpre com o piso nacional dos professores, não faz concursos e permanece como um dos únicos Estados que não cumprem com o investimento mínimo obrigatório de 12% das receitas na saúde”, afirma


Enquanto isso...
 

SALÁRIO DOS PROFESSORES: MINAS É O 18º NO RANKING DOS ESTADOS

Segundo o Blog de Fernado Massote, Leia abaixo...

Este blog publicou no dia 8 de dezembro passado artigo intitulado “Professores mineiros pedem socorro”, no qual me baseei numa mensagem de professor não identificado que leciona Matemática para alunos do 3º ano do 2º grau da rede estadual de ensino e que disse receber piso salarial de 545 reais. Registrei que no fim de 2007 a secretária estadual de Educação, Vanessa Guimarães, afirmou ter encaminhado à equipe econômica do governador Aécio Neves proposta para elevar o piso salarial dos professores a 800 reais, a partir de janeiro de 2008. Qual, portanto, a minha surpresa, ao receber agora levantamento nacional sobre salários das redes estaduais de ensino, feito em setembro último, revelando que o salário pago pelo governo mineiro é de R$ 336,26 para professores de nível médio, de R$ 410,24 para professores com licenciatura curta e de R$ 500,49 para os com licenciatura plena.

O mais incrível é que a remuneração de todos eles é a mesma: R$ 850,00. (No site do Sebrae paulista, aprendo: “A remuneração pode ser definida como a somatória dos benefícios financeiros, dentre eles o salário, pago ao empregado por um empregador, em função de uma prestação de serviços. Tal remuneração será acordada através de um contrato assinado entre empregado e empregador. O salário é uma espécie de remuneração. Podemos utilizar como analogia a figura de uma cesta de frutas, na qual a remuneração representa a cesta e, o salário, uma das frutas”.) Pois, para fazer jus a essa expressiva remuneração, os professores precisam trabalhar 24 horas semanais. Suspeito que nessa conta não estão incluídas as horas que gastam em casa preparando aulas e corrigindo exercícios dos alunos. 
O espantoso, nessa revelação, é que em 5 de agosto de 2004, em solenidade no Palácio da Liberdade, o governador Aécio Neves sancionou o tão esperado Plano de Carreira dos Profissionais da Educação Básica, prometendo que seriam beneficiados 234 mil servidores ativos e inativos da área da educação. Pode-se ler aqui trechos do discurso do governador.

Pois bem. Passaram-se mais de cinco anos, e o que verificou, em setembro de 2009, o Sindicato Apeoc, dos servidores da rede pública de educação do Ceará, ao fazer uma análise comparativa salarial dos professores das redes estaduais em todo o país?

Minas Gerais está em 18º lugar, no ranking dos estados sobre as remunerações para professores com licenciatura plena e jornada de 40 horas semanais, em início de carreira. A pesquisa completa pode ser vista aqui. O Distrito Federal é o que paga mais (R$ 3.227,87), seguido do Maranhão (R$ 2.810,36) e de Roraima (R$ 2.806,04), enquanto em Minas a remuneração não chega a 1.417 reais. Pior do que isso, só oito estados, embora nos orgulhemos de ter o terceiro maior PIB (Produto Interno Bruto) do país. A hora-aula para os professores mineiros vale apenas R$ 7,08, contra R$ 16,13 no Distrito Federal.

Só para comparar, veja este anúncio veiculado há seis dias no Banco Nacional de Empregos , oferecendo vaga para pedreiro em obra de construção de apartamentos em Belo Horizonte: 

Salário: R$ 1.100,00. 

Observações: 
Carteira assinada, salário + produtividade + benefícios: cesta básica + vale transporte + seguro de vida.

O que explica essa situação que envergonha os professores mineiros?

 É uma questão de prioridades. Aécio Neves preferiu gastar em obras, como a construção da Cidade Administrativa, e em infraestrutura, relegando para uma das últimas prioridades o investimento em professores. 



Fontes do post: