
As V2s caindo sobre Londres eram só o começo. Se os nazistas tivessem se agüentado, bombardeiros voando a Mach 22 devastariam os Estados Unidos do espaço. Assustador? O conceito não é totalmente insano. Esta é a história do Silbervogel de Eugen Sänger.
A Alemanha Nazista pode ter perdido a guerra, mas certamente não por falta de gênios em engenharia. O montante de armas avançadas e conceitos tecnológicos que surgiram durante os 12 anos do Reich de Mil Anos continua a impressionar até hoje. Peças de artilharia de 800 mm? Sim! O mais avançado caça a jato do mundo, míssil de cruzeiro e míssil balístico sub-orbital? Sim, sim e sim!

O conceito mais impressionante foi o Silbervogel (“Pássaro Prateado”) de Eugen Sänger. Foi um estudo de desenho comissionado pelo Ministério do Ar para resolver um problema apontado por Hermann Göring: o mais poderoso futuro inimigo da Alemanha era protegido pela mãe de todos os obstáculos: o Oceano Atlântico. O Ministério lançou uma iniciativa com o nome Amerika Bomber e colocou todo o gênio criativo alemão para trabalhar.
A maioria dos conceitos apresentados ao Ministério eram de bombardeiros convencionais ampliados, mas não o pássaro de Sänger. Ele era membro de uma sociedade de projetistas de foguetes chamada Verein für Raumschiffahrt – assim como a maioria dos que mais tarde foram parar na NASA e construir os foguetes americanos – e seus olhos estavam no espaço sub-orbital, como expresso em seu livro de 1933 “Raketenflugtechnik” (“Tecnologia de Voo de Foguetes”). Ao trabalhar para o Ministério, ele expandiu o livro em 1944, com o título Raketenantrieb für Fernbomber(“Propulsão de Foguetes para Bombardeiros de Longo Alcance”).
O Silbervogel era um avião a foguete com um corpo de ascensão. E se contarmos o número de bem-sucedidos aviões a foguete e corpos de ascensão construídos nos 70 anos seguintes, você pode imaginar onde isso vai parar.

A parte difícil era lá em cima, em sub-órbita. Em seu caminho para Nova Iorque, a aeronave começaria a cair. Contudo, seu corpo foi desenhado para gerar sustentação. A ideia era que ao atingir-se as camadas mais densas da estratosfera, o Silbervogel quicaria de volta para o espaço, como uma pedra lançada na superfície de uma lagoa. Numa série de quicadas gradualmente mais fracas, atingiria facilmente o continente norte-americano, despejando sua carga de quatro toneladas – preferencialmente nuclear – no alvo escolhido, e então planaria para pousar numa área do Pacífico controlada pelo Japão.
Embora superficialmente viável, houve um pequeno erro de cálculo nos últimos estudos do trabalho de Sänger: o fluxo de calor gerado teria sido significativamente maior do que o estipulado em seu livro, essencialmente resultando em seu glorioso pássaro queimando até virar cinzas no primeiro salto estratosférico; um Ícaro ao contrário.
O projeto foi cancelado após a Alemanha ver-se em apuros com um inimigo bem mais próximo que a distante América: a União Soviética. E enquanto as armas soviéticas estavam longe de estar no mesmo patamar dos protótipos alemães, Stalin acreditava que a quantidade era uma qualidade em si.

Quanto a Sänger, ele viveu na França por alguns anos após a guerra, e então retornou para sua nativa Alemanha para trabalhar em ramjets evelas solares até sua morte em 1964. Não era um homem para deixar uma guerra perdida acabar com sua imaginação.
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Quem tem engenheiros pode estar no século 21 mesmo estando na década de 30. É curioso ver como os EUA copiaram conceitos de engenheiros alemães e os utilizam até hoje, mais de 50 anos depois, como se pode ver no recente voo do X51A:
NASA testa nova versão de avião hipersônico
Redação do Site Inovação Tecnológica - 31/05/2010

O X-51A Waverider fez o primeiro de uma série de quatro voos para testar um motor hipersônico. Esse novo tipo de motor é projetado para surfar em sua própria onda de choque, acelerando até seis vezes a velocidade do som.[Imagem: U.S. Air Force]
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