sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A reação do Brasil à crise neoliberal de 2009 - Parte 2

Segundo Paulo Henrique Amorim em seu blog ConversaAfiada, o mundo vivia o trauma da quebra do banco Lehman Bros, nos Estados Unidos, o que precipitou uma crise só comparável à 1929.

A mídia nativa, PiG (*), por meio de seus colunistas anunciavam o fim do Brasil. Segundo ela, a crise americana e européia desabaria sobre o coitadinho do Brasil, de forma fulminante. As empresas, diante do discurso midiático, não investiam nem contratavam. Os bancos brasileiros pularam para cima de uma poça e não emprestavam, sob os olhares complacentes do Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Aí, na véspera do Natal, Lula faz seu discurso conclamando à sociedade a não parar de consumir e investir. Que o brasileiro comprasse geladeira, fogão, comprasse casa própria, não tivesse medo do futuro. No mesmo discurso, ele delineia como seria a atuação do governo em 2009 para evitar a crise. E fez esse pronunciamento memorável, assista abaixo, o da “marolinha”.

O Discurso de Lula no Natal de 2008. Fala como enfrentará a crise em 2009


No ano que se seguiu, Lula assumiu, de fato,  o Banco Central e pôs o BNDES, o BB e a Caixa para emprestar. Lula reduziu impostos e pisou no acelerador do investimento público.
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Sob pressão do presidente Lula para irrigarem o crédito no país após o congelamento do mercado na crise, os bancos públicos foram os que puxaram a expansão do crédito ocorrida no mês passado, quando as instituições financeiras privadas adotaram uma posição mais cautelosa e passaram a fazer fortes restrições à liberação de novos financiamentos.
Segundo dados do Banco Central, o volume de empréstimos oferecidos pelos bancos controlados pelo governo cresceu quase duas vezes mais do que no setor privado ao longo de outubro.
No mês passado, o tamanho das carteiras de crédito dos bancos públicos cresceu 5,2% na comparação com setembro, enquanto no mesmo período a expansão observada nas instituições privadas ficou em 1,8%.
Os bancos públicos respondem por pouco mais de um terço (35%) dos financiamentos fornecidos pelo sistema financeiro e são liderados por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES. Mesmo não tendo a maior fatia do mercado, sua atuação foi decisiva para fazer com que o volume de crédito disponível no país chegasse a um valor equivalente a 40,2% do PIB (Produto Interno Bruto), o maior nível já registrado desde o início da série estatística do BC, em 1994.

Fonte:Folha.com
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Em reunião com sindicalistas nesta quarta-feira, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) criticou o alto nível dos spreads cobrados pelos bancos públicos, segundo relato dos presentes. No mesmo encontro, representantes das principais centrais sindicais do país comemoraram a demissão do presidente do Banco do Brasil anunciada nesta tarde.
"O governo não aguenta mais negociar o spread bancário. Os presidentes dos bancos públicos pensam que o banco é deles", teria dito Dilma, de acordo com o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, presidente da Força Sindical. 
A ministra ainda comentou que "banco público não pode cobrar um spread desses. É para puxar desenvolvimento".
Antonio Francisco de Lima Neto deixou a presidência do Banco do Brasil nesta quarta-feira em meio a críticas sobre o nível de spread (diferença entre o que um banco paga na captação e o que empresta ao consumidor) cobrado pela instituição. Ele será substituído por Aldemir Bendine, um dos vice-presidentes da instituição. 


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A crise financeira mundial de 2008/ 2009


Esta crise foi a maior desde a crise de 1929  e infinitamente mais severa que as dos anos 90. inclusive a que FHC enfrentou. Em vez de aumentar impostos, o governo LULA surfou na marolinha. Abaixo tem algumas das ações feitas pelo governo Lula contra a crise de 2009:

  • desonerou setores industriais;
  • baixou o IPI dos carros, geladeiras e fogões, deixando de arrecadar cerca de R$ 6 bilhões nos primeiros três meses do tratamento.
  • Uma mudança na tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas, resolvida antes da crise, deixou cerca de R$ 5,5 bilhões na mão da sociedade.
  • Forçou seus dois bancos estatais a baixarem os juros de empréstimos ao consumidor, propiciando um maior número de empréstimos e o consequente aumento do consumo;
  • Lançou mais um plano habitacional em 2009 aquecendo ainda mais o setor da construção civil (não tem a ver com tributação, mas vale a pena citar);
  • A carga tributária caiu de 35,8% do PIB para 34,5%;
  • Em 2009 o salário mínimo teve um ganho real de 6,4% e para 2010 terá um reajuste de 8,9% passando para 507,00 Reais em fevereiro;
  • O desemprego deu um rugido, mas voltou aos níveis anteriores à crise e já criou mais de 1 milhão de novos empregos  entre janeiro e julho de 2009;
Fonte: Blog Brasil@gro, via blog
Eleição Presidencial ano 2010

Na época, Lula foi bastante criticado pela oposição e o PIG, diziam que ele estava remando contra a maré mundial, chegaram até a chamá-lo de irresponsável. Para a oposição o governo deveria reduzir gastos, inclusive os investimentos do PAC. O vídeo abaixo tem um pequeno apanhado de como se comportou a mídia nativa - ou melhor, o PIG - e a oposição. No início de 2009, criticavam  as ações do governo Lula no combate a crise e no final de 2009, com a crise afastada do Brasil graças às ações do governo Lula, eles mudam seus discursos.

Assista um pequeno arranjo que mostra como foi a postura da mídia e da oposição durante a crise de 2009.


O interessante é que quando PSDB e DEM foram governo eles agiram totalmente contrário ao que fez Lula. Na era FHC, quando chegava uma crise, eles reduziam os gastos e investimentos e aumentavam juros, tirando assim dinheiro do mercado e jogando ma bolsa de valores, ou melhor, aumentando a concentração de riqueza.
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A crise financeira internacional de 1997/1999-A era FHC
Serra era ministro do Planejamento de FHC
Entre maio de 1997 e dezembro de 1998, na era FHC, o governo remarcou, para cima, as alíquotas de sete impostos, além de passar a cobrar um novo tributo. Sempre procurando reduzir os investimentos e o consumo da população.
  • A alíquota do Imposto de Renda do andar de cima passou de 25% para 27,5%;
  • O IOF de créditos pessoais dobrou e aumentaram-se as dentadas nas aplicações;
  • O IPI das bebidas ficou 10% mais caro, e a alíquota do Cofins passou de 2% para 3%;
  • Tudo isso e mais a entrada em vigor da CPMF, que arrecadou R$ 7 bilhões em 1997;
  • A voracidade arrecadatória elevou a carga tributária de 28,6% para 31,1% do PIB;
  • O produto interno fechou 1998 com um crescimento de 0,03%;
  • a taxa de desemprego pulou de 10% para 13%;
  • Em 1999, o salário mínimo encolheu 3,5% em termos reais.
Tais medidas resultaram em o governo FHC ter que recorrer ao FMI e pedir empréstimo

Não esqueça:
primeiro, houve um empréstimo de US$ 41 bilhões, tomado ao FMI, ao Banco Mundial de ao BIS na base do Deus-nos-acuda, quando da crise da Rússia, em 1998. Em 2001, novamente o País se ajoelha desesperado no altar do FMI, e consegue mais US$ 15 bilhões. E, em 2002, mais um empréstimo de US$ 30 bilhões e, neste caso, dada à erosão da credibilidade de FHC, o FMI pediu que o empréstimo fosse avalizado pelos três principais candidatos a presidente da República de então. E FHC, constrangido, teve que aceitar essa humilhação. 

Ciro Gomes faz uma análise da "era FHC". Ele deixa claro como foi na "era FHC" e como é a "jestão" de serra em SP, ambas "jestões" neoliberais.






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Debelada a crise, pelo menos por enquanto, Lula fez justiça a quem de direito. Em seu discurso de fim de ano, agradeceu ao povo brasileiro pelo apoio e confiança depositados no governo durante a crise.

Discurso de Lula no Natal de 2009 agradecendo ao Povo por ter acreditado no governo e, atendendo aos apelos feitos por ele no discurso do Natal do ano anterior - 2008, não ter parado de consumir ajudando a fazer da crise uma "Marolinha"


PS. ESTAMOS EM 2010 E A CRISE AINDA NÃO ACABOU MUNDO À FORA... AINDA PODE VOLTAR A RONDAR O BRASIL...




Fontes: