Um amigo jornalista, que prepara um livro sobre as crises "fabricadas" durante os dois mandatos de Lula, procurou-me para uma entrevista. Queria saber - por escrito - minha opinião sobre a relação imprensa/governo. Fez várias perguntas. Não vou aqui, claro, repetir tudo que respondi a ele. Até porque as respostas só fazem sentido no encadeamento da entrevista... E o material pertence a ele, não a mim.
Mas reproduzo a primeira das respostas, com uma avaliação geral sobre o significado do governo Lula.
É o balanço de um governo com muitas limitações, social-democrata moderado, mas que ainda assim significou um avanço enorme para o país...
Esses avanços é que explicam o ódio que alguns setores ainda manifestam contra o "apedeuta", "ignorante", "nordestino vagabundo" etc etc etc...
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LULA - UM BALANÇO
A eleição de Lula, em 2002, deveu-se - em boa parte - à “fadiga” com as políticas neoliberais. Esse foi um movimento que se observou em toda a América do Sul. A eleição de Lula veio na mesma onda anti-liberal que levou ao poder Chavez na Venezuela, o casal Kirchner na Argentina, Tabaré (e depois Mujica) no Uruguai, Correa no Equador, Evo Moralez na Bolivia.
O curioso é que nesses outros países os liberais foram alijados do poder, saíram completamente derrotados (com excecao, talvez, do Uruguai, onde o governo da "Frente Ampla" tem características semelhantes com o de Lula).
Aqui no Brasil, a derrota dos liberais não foi completa. Lula teve que compor com os (neo) liberais, entregando o BC para um ex-tucano, e pactuando com o mercado uma política econômica conservadora (pacto expresso na famosa “Carta aos Brasileiros” de 2002; e na administração Palocci na Fazenda).
É preciso lembrar que, em 2002, Lula não sofreu ataques da chamada “grande imprensa”. A Globo estava fragilizada (com o “default” de sua dívida, herança dos anos de FHC), e os outros veículos compreenderam que – dado o fracasso do segundo mandato de FHC – a vitória de Lula seria inevitável. O que fizeram foi “domar” Lula. Engoliram a vitoria do petista, mas trataram de garantir que ela não significasse rompimentos.
Ainda assim, a eleição de Lula significou, sim, uma derrota para setores que dominaram o Estado brasileiro na década anterior.
Ao contrário do que se costuma dizer, Lula não foi “apenas” uma continuidade de FHC. Não!
Apesar de conduzir um governo muito moderado, Lula foi responsável por mudanças emblemáticas em pelo menos 4 áreas:
O curioso é que nesses outros países os liberais foram alijados do poder, saíram completamente derrotados (com excecao, talvez, do Uruguai, onde o governo da "Frente Ampla" tem características semelhantes com o de Lula).
Aqui no Brasil, a derrota dos liberais não foi completa. Lula teve que compor com os (neo) liberais, entregando o BC para um ex-tucano, e pactuando com o mercado uma política econômica conservadora (pacto expresso na famosa “Carta aos Brasileiros” de 2002; e na administração Palocci na Fazenda).
É preciso lembrar que, em 2002, Lula não sofreu ataques da chamada “grande imprensa”. A Globo estava fragilizada (com o “default” de sua dívida, herança dos anos de FHC), e os outros veículos compreenderam que – dado o fracasso do segundo mandato de FHC – a vitória de Lula seria inevitável. O que fizeram foi “domar” Lula. Engoliram a vitoria do petista, mas trataram de garantir que ela não significasse rompimentos.
Ainda assim, a eleição de Lula significou, sim, uma derrota para setores que dominaram o Estado brasileiro na década anterior.
Ao contrário do que se costuma dizer, Lula não foi “apenas” uma continuidade de FHC. Não!
Apesar de conduzir um governo muito moderado, Lula foi responsável por mudanças emblemáticas em pelo menos 4 áreas:
- Criação de um mercado consumidor de massas (propiciada por uma somatória de políticas, entre elas a recuperação do salário-mínimo, a recomposição dos vencimentos do funcionalismo, o Bolsa-Familia, e a política mais agressiva de crédito) – tudo isso teve papel fundamental no enfrentamento da crise de 2008, já que o Brasil deixou de depender só das exportações e pôde basear sua recuperação no mercado interno;
- Relação de respeito com os movimentos sociais – parceria com sindicatos, diálogo com as centrais, com o MST;
- Recuperação do papel do Estado – fim das privatizações, novos concursos públicos, recuperação do papel planejador do Estado (por exemplo, no campo da energia, em que Dilma apoiou a criação de uma estatal para planejar novos empreendimentos hidrelétricos), fortalecimento dos bancos públicos (não mais como financiadores de privatizações fajutas, mas como indutores do desenvolvimento), fortalecimento da Petrobrás, com o Pré-Sal;
- Política externa soberana – enterro da Alca, criação da UNASUL, valorização de parcerias com China, India, Irã; fim do alinhamento com os EUA.
Os três últimos pontos explicam o ódio que latifundiários, “grande imprensa” e parte da velha classe média (que não suporta o avanço de uma nova classe média, e gostaria de ver o Brasil no velho leito de dependência em relação aos EUA) sentem por Lula.
O primeiro ponto, em contraposição, explica porque parte do grande empresariado fechou com Lula: essa turma nunca vendeu tanto, nunca faturou tanto.
O primeiro ponto, em contraposição, explica porque parte do grande empresariado fechou com Lula: essa turma nunca vendeu tanto, nunca faturou tanto.
Lula ampliou as bases do capitalismo brasileiro. Lula faz um governo social-democrata moderado (e o empresário inteligente gosta disso)
A esquerda sempre pregou a “aliança da classe operária com as classes médias”. No poder, Lula produziu outra aliança: classe operária + grande massa desorganizada (e agora atendida por programas sociais) + grande empresariado.
A esquerda sempre pregou a “aliança da classe operária com as classes médias”. No poder, Lula produziu outra aliança: classe operária + grande massa desorganizada (e agora atendida por programas sociais) + grande empresariado.
De fora, ficou a classe média. Que berra na imprensa, ou em certos blogs onde corre o esgoto da direita. Esse povo é que tentou derrubar Lula em 2005 – com um discurso udenista.
Fonte do Post:
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